Barsi: bilionário não está tão otimista com 2024 (Gunther de Werk/EXAME/Exame)
Repórter de finanças
Publicado em 22 de janeiro de 2024 às 15h23.
Última atualização em 23 de janeiro de 2024 às 14h35.
Com uma fortuna estimada em cerca de R$ 4 bilhões e o título de maior investidor pessoa física da bolsa brasileira, Luiz Barsi Filho e seus conselhos são acompanhados de perto pelos investidores. Aos 84 anos, Barsi segue firme na estratégia buy and hold, que consiste em comprar uma ação e mantê-la na carteira a longo prazo, visando dividendos.
Na manhã desta segunda-feira, 22, ele participou de uma live realizada pela empresa AGF (Ações Garantem Futuro), fundada por Louise Barsi, analista certificada, conselheira de empresas e filha de Barsi, em que contou sobre sua visão para 2024. Durante a entrevista, Barsi abriu sua carteira para 2024.
Em relação aos movimentos em sua carteira, Barsi conta que cinco empresas saíram em 2023, sendo elas Ultrapar (UGPA3), Eletrobras ON (ELTR3), Sabesp (SBSP3), Itaúsa (ITSA3) e BB Seguridade (BBSE3). Segundo o investidor, todas elas começaram a ter uma distribuição de dividendos "tímida".
No caso de Ultrapar, ele também já tinha outras companhias do mesmo setor na carteira e optou por seguir somente com elas, como Vibra (VBBR3) e Cosan (CSAN3). Já Eletrobras, ele ainda está posicionado na empresa, mas no papel preferencial (ELTR4), que paga melhores dividendos.
"Sabesp, eu não acredito que possa ser um bom investimento nesse preço. Eu já comprei Sabesp a R$ 8, R$ 7 e R$ 6, aí sim, e com um dividendo melhor, porque o lucro era maior. Agora o lucro diminuiu muito e o dividendo passou a ser pífio", comenta.
Na outra ponta, o bilionário conta que está comprando Caixa Seguridade (CXE3), já que com o preço do seu antigo ativo no setor, (BBSE3), é possível comprar quase três ativos do segundo (CXE3). O motivo da troca dentro do mesmo setor é que o ramo de seguros, para Barsi, é um bom segmento e a Caixa tem um potencial para se consolidar enquanto empresa, principalmente em ramos como seguro habitacional.
"Todo financiamento de casa própria, precisa de um seguro. Como tem acontecido uma série de movimentos positivos na área imobiliária, eu acredito que ela deve performar bem — e ela já está fazendo isso. Os resultados trimestrais estão evoluindo bastante", diz.
Dentro do segmento de geração de energia renovável e comercialização de energia, Barsi se posiciona em Auren (AURE3). Em 2023, AURE3 distribuiu R$ 1,5 bilhão em dividendos. "Auren é uma das minhas rendas fixas", destaca Barsi.
Como sua tese se baseia em receber dividendos, os resultados das empresas são o ponto-chave. Durante a live, Barsi explica que não está tão otimista com esse drive em 2024.
“Eu não estou otimista com o resultado das empresas para 2024, porque o nosso governo tem uma necessidade muito grande de recursos. E, lamentavelmente, ele vai buscar o recurso onde é passível de ser obtido: o tributo. Então eu vejo com alguma cautela o resultado das empresas, muito embora tenham algumas que vão continuar indo bem, mas talvez não no mesmo nível que já ocorreu em outras ocasiões”, diz Barsi.
Apesar de não estar tão otimista, Barsi enfatiza que não será um ano catastrófico, mas sim que as empresas possam ter mais dificuldades para produzir bons resultados. Para contornar uma possível diminuição de pagamento de dividendo por ação, a estratégia é aumentar a posição quando a ação estiver barata. Com o aumento do volume, o investidor manterá o valor de dividendos.
E para poder comprar mais ações, Barsi diz que suas metas dependem dos preços. Quanto mais atrativos são os preços, mais ele compra. “Para ser muito sincero, eu torço para que a bolsa não suba, porque eu sou comprador. É burro o comprador que fala que quer que suba. Eu quero que caia, mas eu não torço para catástrofe.”
Segundo o bilionário, as crises são extremamente benéficas para quem quer seguir desenvolvendo uma carteira de ações e, no caso do Brasil, em sua visão, elas são inevitáveis. Para ele, a competência e a capacidade dos administradores públicos são “limitadas”, o que colabora para janelas de oportunidade.
Nesses momentos de crise, ao ver as ações mais baratas, ele diz que não avalia mais nada. “Na hora que o preço cair — no que eu interpreto ser interessante aumentar a quantidade de ações — eu aumento, não avalio mais nada, eu aumento e acabou.”
Logo no início da live, Barsi Filho comentou sobre seu estado de saúde. No final do ano passado, o bilionário foi diagnosticado com câncer de pele — já tratado e curado. Ao todo, ele conta que encontraram 11 melanomas e carcinomas, mas que foram categorizados como “superficiais”.
“São dois tipos de câncer de pele que eclodem depois de 20, 30 anos que a pessoa tomou sol. Mas todos eles foram avaliados e diagnosticados como cânceres superficiais, que não atingiram a corrente sanguínea. Então eles são passíveis de serem extirpados, que foi o que eu fiz. A médica extirpou todos eles, mais ou menos uns 11”, relembra.
Segundo Barsi Filho, a cada três meses ele terá de fazer uma panorâmica do corpo para ver se aparece mais. “E a médica tem certeza que vai aparecer, porque eles não explodem tudo de uma vez, eles explodem uma parte, depois vem outra, até parar. Mas eu estou bem. Tranquilo, perfeitamente consciente e esperançoso de ter novos investimentos — e dividendos”, finaliza.