Ibovespa: destaque do dia é novamente o mercado chinês (Germano Lüders/Exame)
Repórter de finanças
Publicado em 30 de setembro de 2024 às 10h45.
Última atualização em 30 de setembro de 2024 às 17h43.
Na última sessão do mês, nesta segunda-feira, 30, o Ibovespa fechou em queda de 0,69% aos 131.816 pontos, com investidores repercutindo dados sobre as contas públicas. No mês, a queda foi de 3%. Foi o primeiro mês negativo da bolsa brasileira desde maio.
Pela manhã, o Banco Central (BC) divulgou que as contas do setor público consolidado apresentaram um déficit primário de R$ 21,4 bilhões em agosto, em linha com o esperado. O valor é maior que o resultado negativo de R$ 21,3 bilhões registrado em julho.
O resultado primário mede as receitas com impostos em relação às despesas, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Em agosto do ano passado, o Tesouro registrou um resultado negativo de R$ 22,8 bilhões.
Apesar do número ter vindo conforme as expectativas, o mercado segue com receios sobre a sustentabilidade das contas do governo, o que ajuda a perpetuar um clima de ceticismo sobre o cumprimento das metas fiscais.
Segundo o BC, nos oito primeiros meses deste ano, o setor público consolidado está com déficit primário de R$ 86,2 bilhões. Em 2023, as contas públicas fecharam o ano com déficit primário de R$ 249,124 bilhões, 2,29% do Produto Interno Bruto (PIB).
Mesmo com o recuo do Ibov, pela manhã, a bolsa se manteve no azul com o otimismo gerado pelo pacote de estímulos do governo da China, o mais agressivo desde a pandemia de Covid-19.
Na semana passada, o mercado acionário da China teve a maior alta semanal em 16 anos. Os índices chineses CSI 300 e Shangai Composite, de Xangai, avançaram cerca de 16% e 13%, respectivamente. O índice Hang Seng, de Hong Kong, subiu 13%.
Hoje, o movimento ainda se repete: o índice CSI 300 fechou o pregão com forte alta de 8,48%, seu melhor desempenho diário desde a crise de 2008. Já o índice Hang Seng encerrou as negociações com alta de 2,43%, enquanto o índice Shangai Composite avançou 8,06%.
O movimento impulsiona o minério de ferro, o que puxa Vale (VALE3) para cima – apesar de uma leve queda de 0,70% nesta sessão. Os contratos futuros para janeiro de 2025, os mais negociados na bolsa de Dalian, fecharam em alta de 10,71%, a US$ 117,17 a tonelada.
Na esteira do governo federal, três das maiores cidades da China também afrouxaram as regras para compradores de imóveis, enquanto o Banco Popular da China (PBoc) reduziu as taxas de hipoteca.
Essas últimas medidas fazem parte de um amplo pacote de estímulo divulgado na última terça-feira, 24, que também incluiu cortes nas taxas de juros, liberação de dinheiro para bancos, bem como suporte de liquidez para ações.
Segundo Paulo Gala, economista-chefe do banco Master, as ações dos últimos dias são uma reversão das medidas que seguraram o mercado imobiliário há cerca de três anos, como o próprio aumento dos juros da hipoteca pelo governo.
“Mas vale lembrar que os 100 milhões de apartamentos vazios estão lá. Claro que isso tudo ajuda a digerir o estoque de dívida que tem no mercado chinês, mas não resolve o problema desses imóveis parados. Não acho que a China vai voltar a crescer como antigamente, mas ajuda os ativos”, disse Gala.
O dólar comercial fechou em alta de 0,19%, sendo negociado a R$ 5,447. Na última sessão, a moeda recuou 0,12%, cotada a R$ 5,437.
O principal índice de ações da bolsa brasileira, a B3, é o Ibovespa, calculado em tempo real com base na média ponderada de uma carteira teórica de ativos. Cada ativo possui um peso na composição do índice.
O Ibovespa funciona como um termômetro do desempenho consolidado das principais ações no mercado, onde cada ponto do Ibovespa equivale a 1 real. Portanto, se o Ibov está em 100 mil pontos, significa que o preço da carteira teórica das ações mais negociadas é de R$ 100 mil.
O horário de negociação na B3 vai das 10h às 17h. A pré-abertura ocorre entre 9h45 e 10h, enquanto o aftermarket acontece entre 17h25 e 17h45. Já as negociações com o Ibovespa futuro ocorrem entre 9h e 16h55.