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Ibovespa cai com temores de Haddad na Fazenda e recua 3% na semana

Bolsa brasileira tem segunda semana seguida de queda; investidores seguem atentos às negociações da PEC da Transição

Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 18 de novembro de 2022 às 10h43.

Última atualização em 18 de novembro de 2022 às 18h27.

O Ibovespa fechou esta sexta-feira, 18, em queda na contramão das bolsas no exterior. O principal índice da B3 apagou a firme alta do início do pregão e não conseguiu se recuperar das perdas recentes, registrando a segunda queda semanal consecutiva. No acumulado da semana, o Ibovespa caiu 3,01%.

O dia começou positivo, com o Ibovespa se recuperando das baixas de mais de 2% nos últimos dois dias. O que dava força ao índice era a declaração do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), de que não há motivo para "estresse" e que o governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) buscaria formas de cortar gastos.

Porém, a bolsa virou para o negativo após a coluna de Lauro Jardim, de O Globo, ter noticiado o favoritismo de Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo, para assumir o Ministério da Fazenda. Segundo Jardim, a nomeação de Haddad para a Fazenda já é consenso na comitiva que acompanhou Lula durante a COP27, no Egito.

"A notícia não agradou o mercado. A reação negativa mostra o mau humor do mercado, com os possíveis nomes da equipe econômica", afirmou Piter Carvalho economista chefe da Valor Investimentos.

Leia também - Alckmin: governo Lula vai fechar contas no azul e reduzir dívida mas não em 24h

No radar dos investidores ainda seguem as preocupações fiscais associadas à PEC da Transição. A proposta que chegou ao Congresso é vista com grande desconfiança pelo mercado, já que deve viabilizar cerca de R$ 200 bilhões fora do teto para programas sociais e não estabelece um prazo de validade para os gastos extra-teto.

Além das ameaças à sustentabilidade fiscal já previstas na minuta da PEC da Transição entregue ao governo, um novo risco surge no radar: o de a proposta passar a incorporar regra que obriga o novo governo a pagar emendas do orçamento secreto. A medida é defendida por membros do centrão, segundo o jornal Estado de S. Paulo.

"A volatilidade segue muito elevada. As incertezas, que não estão sendo cobertas pelo novo governo, prometem mais oscilações para a próxima semana. Alguns ativos ficaram bem baratos, mas a política pode atrapalhar", disse Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos.

As incertezas, aliás, podem impactar os juros. Investidores têm precificado nos últimos dias uma nova alta da Selic no próximo ano diante da projeção de novos gastos, e a preocupação ganhou novos contornos nesta sexta-feira após declaração de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central.  

Campos Neto afirmou que ainda é cedo para estimar os impactos da política fiscal do novo governo, mas reforçou, no entanto, que o BC estará atento e “fará o que for preciso" para acomodar as expectativas e cumprir o mandato de inflação.

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Ações em destaque

Tecnicamente, a maior pressão negativa do Ibovespa veio das ações da Petrobras, que afundaram perto de 2%. A queda, seguida de ações de outras petrolíferas, têm como pano de fundo a forte desvalorização do petróleo no exterior em meio a preocupações sobre o aumento de casos de covid-19 na China.

  • Petrobras (PETR3): - 1,84%
  • Petrobras (PETR4): - 1,69%

Foram as varejistas, no entanto, que lideraram as quedas do índice, com Magazine Luiza e Via. Os papéis mais associados aos juros continuaram sendo penalizados pelo cenário político incerto.

  • IRB (IRBR3): - 8,64%
  • Via (VIIA3): - 8,30%
  • Magazine Luiza (MGLU3): - 7,08%
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