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Commodities, bancos e fiscal sustentam 2ª alta seguida do Ibovespa

Ações ligadas ao minério de ferro fecharam em alta, na contramão de NY; Americanas cai mais de 8%

Painel de cotações da B3: (Germano Lüders/Exame)
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Guilherme Guilherme

Publicado em 18 de janeiro de 2023 às 10h25.

Última atualização em 18 de janeiro de 2023 às 18h24.

O Ibovespa teve seu segundo dia consecutivo de alta nesta quarta-feira, 18, sustentado pela alta no preço das commodities no mercado internacional. O índice avançou ainda embalado pela melhora da percepção fiscal após as falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad , no Fórum Econômico de Davos.

Na véspera, Haddad disse que pretende antecipar a apresentação de uma nova âncora fiscal para abril, além de planejar uma reforma tributária para o segundo semestre. A declaração fez o Ibovespa saltar mais de 2% no último pregão e segue impulsionando a alta de hoje.

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"As declarações foram bem recebidas pelo mercado. O clima na bolsa é de compra de [ativos de] risco", disse Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.

As atenções, nesta quarta, também estiveram no encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com líderes sindicais para debater o valor do salário mínimo. Sindicalistas defendem um aumento de R$ 1.302 para R$ 1.342, além de uma indexação às taxas de inflação e crescimento.

Lula assinou despacho nesta quarta com um prazo de 45 dias para seus ministérios apresentarem um plano conjunto de valorização do salário mínimo. O ruído fiscal diminuiu os ganhos da bolsa, que chegou a subir mais de 1%. Mas afetou principalmente o dólar, que fechou em alta contra o real.

Mercado internacional

A perda de ímpeto das bolsas e a virada do dólar também tiveram influência da virada no exterior. As principais bolsas americanas fecharam no negativo após dados do varejo americano terem saído piores que o esperado para o mês de dezembro. No mês, o núcleo das vendas teve contração anual de 1,1% ante expectativa de queda de 0,4%.

A divulgação do dado aumentou os temores de recessão na maior economia do mundo. O S&P 500 , índice mais famoso do mercado americano, caiu ao seu pior patamar em mais de um mês.

Destaques da bolsa

Os preços de commodities subiram novamente no exterior, impulsionados pela expectativa de maior demanda com a reabertura da economia chinesa. Os contratos futuros do minério de ferro avançaram até 1,8% em Singapura, ainda em reação à divulgação de dados econômicos melhores do que o esperado.

Ontem a China anunciou que o PIB do país cresceu 3% em 2022, acima da expectativa mediana de 2,7% estimada em uma pesquisa da Bloomberg junto a economistas.

A alta do minério puxou as ações da Vale (VALE3), que têm o maior peso do Ibovespa, para alta. Mas, no setor, foram os papéis da CSN Mineração (CMIN3), mais voláteis, que lideraram os ganhos. O papel chegou a subir mais de 5%.

"O reflexo das condições da China segue impulsionando o preço de metais e petróleo, o que contribui para a bolsa brasileira", afirmou Charo Alves especialista da Valor Investimentos.

No caso do petróleo, que passou a maior parte da sessão em alta, a petroleira privada 3R Petroleum (RRRP3) foi a maior beneficiada, saltando quase 5%. Já a Petrobras (PETR3/PETR4) fechou em queda, com investidores preocupados com uma possível revisão na Lei das Estatais – investidores temem um retrocesso nas regras de governança caso a lei seja alterada.

As ações do setor de construção também fecharam a quarta em firme alta, com investidores digerindo as primeiras prévias operacionais do quarto trimestre de incorporadoras. A EzTec (EZTC3) sobe mais de 4%. De fora do Ibovespa, a Tenda chegou a subir 17%.

O viés comprador na bolsa também favoreceu as ações dos bancos, que ficam entre os principais suportes para os ganhos do dia. As ações dos bancões avançaram mais de 2% na máxima do dia, com a liderança do Santander (SANB11). Vale lembrar que, na véspera, as ações do Banco do Brasil (BBAS3) saltaram quase 6% após o discurso de Haddad.

Na ponta negativa, as ações das varejistas lideraram as perdas, com investidores ainda pesando os efeitos da crise na Americanas (AMER3) após a descoberta de R$ 40 bilhões em dívidas.

Nesta quarta, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 1,2 bilhão da Americanas a pedido do BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME). O BTG é credor da Americanas, e a empresa havia entrado com pedido na Justiça para proteção contra execução de suas dívidas.

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