Painel de cotação da B3 (Germano Lüders/Exame)
Guilherme Guilherme
Publicado em 5 de setembro de 2022 às 10h33.
Última atualização em 5 de setembro de 2022 às 17h30.
O Ibovespa foi, mais uma vez, na contramão do sentimento negativo dos mercados internacionais e abriu a semana em alta. O principal índice da B3 fechou esta segunda-feira, 5, em alta, apoiado pela valorização de empresas de commodities em dia de baixa liquidez com as bolsas fechadas nos Estados Unidos por causa do feriado da Independência.
Sem negociação nos EUA, hoje o foco das preocupações globais se voltou para a Europa. As principais bolsas do continente caíram até 2% em meio aos temores sobre a crise de energia no continente, após a Rússia ter cortado o fornecimento de gás do principal gasoduto que abastece o continente, o Nord Stream 1, por tempo indefinido.
A interrupção do gasoduto foi anunciada na tarde de sexta-feira, 2, mas os principais efeitos foram sentidos nesta segunda. Preocupações sobre escassez de gás natural levam a commodity a disparar cerca de 16% na bolsa de Amsterdã. A alta, mais cedo, chegou a 30%.
O governo russo afirmou que o fornecimento de gás pelo Nord Stream 1 só será retomado após a queda de sanções. "Não há outros motivos que possam ter causado esse problema de bombeamento", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, à agência de notícias Interfax.
Outras commodities também foram afetadas. Em Londres, o petróleo Brent salta mais de 2%, pavimentando os fortes ganhos do setor no mercado brasileiro. Além da falta de energia no Velho Continente, investidores digerem o corte de produção para outubro de 100.000 barris por dia anunciado pela OPEP+ nesta manhã.
Acompanhando a valorização do petróleo, a PetroRio (PRIO3), principal petrolífera privada do país, subiu mais de 6% e ficou entre os maiores ganhos do Ibovespa. A Petrobras (PETR3/PETR4), que já havia subido forte na última semana, não conseguiu seguir a valorização da commodity e fechou o dia em leve baixa.
Mineradoras e siderúrgicas também foram destaque de alta nesta segunda, em linha com a valorização do minério de ferro na China. A commodity, que perdeu a marca dos US$ 100 por tonelada na última semana, recuperou parte das quedas nesta madrugada, fechando com mais de 3% de alta. A mineradora Vale (VALE3) subiu cerca de 3,6%, enquanto as siderúrgicas Gerdau (GGBR4) e CSN (CSNA3) perto de 2%.
Além do movimento das commodities, seguiu no radar de investidores a melhora das perspectivas para os principais indicadores da economia local. O consenso para o PIB de 2022 voltou a ser revisado para cima no boletim Focus desta segunda, passando de 2,10% para 2,26%.
Este Focus é o primeiro desde a divulgação do PIB do segundo trimestre, que saiu acima das expectativas do mercado na última semana. A nova projeção é de quase 30 pontos base acima da de 4 semanas atrás. Já o consenso para o IPCA deste ano caiu de 6,70% para 6,61%.
"Devemos ver por mais algumas semanas a melhora das estimativas de PIB e IPCA à medida que os economistas incorporam nos seus modelos as informações recentes. Mas, como não devemos ter nenhuma grande alteração até as eleições, é provável que as projeções se estabilizem", disse André Perfeito, economista-chefe da Necton, em nota.
A liderança do Ibovespa ficou com os papéis do Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), que saltaram 9% e subiram ao maior patamar em quase cinco meses. Os papéis estendem os ganhos da última sexta, quando já haviam saltado 5% em reação a uma possível mudança no comando da empresa.
As especulações começaram na quinta-feira, com notícia de que o grupo francês Casino, controlador da empresa, estaria planejando sair da companhia em até dois anos. Segundo o Estado de S. Paulo, o antigo dono, Abilio Diniz, estaria se movimentando para voltar ao comando da companhia com a saída do Casino.
A informação, no entanto, foi negada pela empresa. Na última sexta-feira, após o fechamento do mercado, o GPA comunico, via fato relevante, que “que não tem conhecimento de informações acerca de decisão de venda da Companhia pelo Casino e nem da possibilidade de uma oferta de um terceiro pela Companhia e que tais informações se tratam de meras especulações de mercado”.
Na ponta negativa, a liderança das baixas ficou com a Positivo (POSI3), que passou por um momento de correção após disparar 76% em agosto.
Já as ações do IRB (IRBR3) deram continuidade ao movimento de queda das últimas semanas, recuando mais 4% na mínima do dia. Os papéis fecharam o último pregão na lanterna do Ibovespa, com desvalorização de 12%, após terem sido precificados abaixo da mínima histórica em follow-on realizado para cumprir requisitos de capital mínimo da Susep. As perdas acumuladas nos últimos sete pregões superam 40%.
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