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Ibovespa fecha em alta, mas não se recupera de 'efeito Flávio'; dólar cai

Principal referência acionária subiu 0,52% e marcou 158.187 pontos, enquanto o dólar teve leve queda de 0,22%, cotado a R$ 5,42

. (Germano Lüders/Exame)

. (Germano Lüders/Exame)

Publicado em 8 de dezembro de 2025 às 18h39.

Última atualização em 8 de dezembro de 2025 às 19h11.

O Ibovespa fechou em alta nesta segunda-feira, 8, em um movimento de correção após o tombo de sexta-feira, 5, mas ainda longe de recuperar os níveis observados antes da pré-candidatura de Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

A principal referência acionária subiu 0,52% e alcançou os 158.187 pontos, distante dos 164.455 pontos alcançados na quinta, 4. Já o dólar recuou 0,22% e ficou cotado a R$ 5,421, também longe dos R$ 5,31.

Na sessão anterior, a bolsa recuou 4,25% e foi para os 157.369 pontos, enquanto a moeda americana avançou 2,31% e foi a R$ 5,44.

O ajuste refletiu, segundo analistas, a percepção de que o mercado reagiu de forma exagerada ao anúncio da candidatura de Flávio na semana passada, e agora avalia com mais cautela os desdobramentos políticos.

João Daronco, analista da Suno Research, destaca que o movimento de sexta foi marcado por "exagero"."Começa-se o rumor, as pessoas vendem no medo. Depois, um pouco mais racionais, percebem que foi um exagero", afirma.

A correção de hoje, portanto, seria uma volta parcial à normalidade, ainda que insuficiente para devolver o patamar pré-Flávio.

Parte do ajuste veio principalmente após o senador e primogênito do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmar, neste domingo, 7, que desistiria do pleito em troca da anistia do pai, o que reforçou entre os investidores a percepção de que o anúncio na sexta pode ter sido apenas de uma estratégia para recolocar o bolsonarismo no jogo. 

A declaração foi vista como a reabertura da possibilidade de negociações políticas e redução de parte do prêmio de risco adicionado aos ativos. Para Daronco, essa sinalização mostra que a candidatura não é definitiva e pode ter sido usada como barganha, inclusive em torno da pauta da anistia ao ex-presidente.

"[Essa fala de Flávio] mostra que ele está aberto para negociações, então não é algo irredutível, imutável, e foi isso que o mercado entendeu, que pode sim ter algum tipo de mudança e que pode ser até um possível blefe do Flávio em busca da anistia do pai. Ele dá uma sinalização que a candidatura não é definitiva", disse Daronco.

Esse movimento também impacta o xadrez eleitoral dentro da direita. A leitura de mercado, segundo  Alison Correia, analista de investimentos e co-fundador da Dom Investimentos, é que o avanço de Flávio fragiliza a posição de Tarcísio de Freitas, nome até então visto como favorito entre agentes econômicos por sua capacidade de atrair o centro.

No câmbio, o dólar fechou em queda, devolvendo parte da disparada da última sessão.

Para Bruno Shahini, da Nomad, a moeda reflete correção técnica, mas também um ambiente externo mais favorável, impulsionado pela expectativa de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) nesta quarta, 10. Com menor atratividade dos títulos americanos, o dólar se enfraqueceu globalmente.

Ainda assim, o ambiente não é de euforia. A leve alta da Bolsa e a leve queda do dólar mostram que as incógnitas sobre a possível candidatura do senador continuam no ar. Diante disso, o investidor prefere não assumir risco desnecessário para não ser pego de surpresa, explica o operador.

"É um compasso de espera. O investidor aguarda os desdobramentos dos acontecimentos de sexta relacionados ao candidato da direita para as eleições para depois assumir uma tomada de posição mais sólida", afirmou Correia.

“A candidatura fragmentou o poder de organização da direita num momento em que o mercado já esperava uma correção”, afirma.

Do lado dos juros, a leitura é semelhante. A curva embute manutenção da Selic em 15% e corte de 0,25 ponto pelo Fed, movimentos já amplamente antecipados. O foco está nos comunicados dos bancos centrais, que podem antecipar o ciclo de cortes no Brasil.

O Boletim Focus trouxe algum alívio adicional, com queda da inflação pela quarta semana consecutiva. A projeção do IPCA para 2025 foi reduzida de 4,43% para 4,40%. Para o próximo ano, o índice diminuiu de 4,17% para 4,16%. Em 2027, a expectativa ficou estável em comparação à última semana, em 3,80%.

Analistas de mercado consultados pelo BC aumentaram as projeções do PIB para até 2027. A expectativa do PIB para este ano cresceu de 2,16% para 2,25%, enquanto que para o próximo aumentou de 1,78% para 1,80%. Já a 2027 subiu de 1,83% para 1,84%.

Entre os destaques corporativos, Petrobras (PETR3 e PETR4) avançou acompanhando o petróleo, enquanto mineradoras recuaram após o minério fechar negativo, pressionando Vale (VALE3), Gerdau (GGBR4) e CSN (CSNA3).

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