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Da oferta de frango à hiperinflação na Turquia: o que fez a BRF (BRFS3) reverter prejuízo no 4T23?

As expectativas do mercado com a BRF no 4T23 eram boas e o frigorífico entregou o que prometia — e ainda foi além

Com números fortes no 4T23, ações BRFS3 operam com alta de 7,57% no Ibovespa hoje (Leandro Fonseca/Exame)

Com números fortes no 4T23, ações BRFS3 operam com alta de 7,57% no Ibovespa hoje (Leandro Fonseca/Exame)

Janize Colaço
Janize Colaço

Repórter de Invest

Publicado em 27 de fevereiro de 2024 às 12h42.

Última atualização em 27 de fevereiro de 2024 às 12h58.

A expectativa do mercado para os resultados da BRF (BRFS3) no quarto trimestre de 2023 era positiva. E o frigorífico entregou o que prometia — e ainda foi além. O lucro líquido de R$ 823 milhões ficou acima do consenso de R$ 339,5 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 956 milhões de um ano antes. Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 1,9 bilhão, ante projeções de R$ 1,7 bilhão. Diante de números fortes, as ações BRFS3 operam com alta de 7,57% no Ibovespa hoje. Mas o que impulsionou os resultados da companhia?

A Guide Investimentos destaca que a BRF divulgou bons números no 4T23 devido à queda no preço dos grãos, que ajudou o frigorífico a reduzir seus custos. Junto a isso, pesou a favor a melhora nas operações no exterior. “Os custos vêm caindo bastante em função da queda nos preços do milho e da soja, o que contribuiu para a melhora nos resultados da BRF e indicam que os próximos devem continuar melhorando em 2024.”

Sobreoferta global do frango

Além da queda no preço dos grãos, a Genial Investimentos frisa que os resultados do 4T23 da BRF também foram viabilizados por maiores preços de in natura. “Uma vez que o cenário de sobreoferta global do frango está se normalizando”, dizem os analistas da casa em relatório. O frigorífico sofria com preços mais baixos devido ao excedente de oferta da carne frente à sua demanda desde 2022.

No último trimestre, porém, houve uma recuperação nos preços de venda, em virtude da melhora de alguns mercados em que a companhia opera, como é o caso do segmento halal — que são alimentos com consumo permitido pela lei Islâmica. Vale lembrar que em agosto do ano passado a BRF concluiu uma joint venture com a Halal Products Development Company (HPDC), da Arábia Saudita, justamente de olho nesse mercado. “O segmento entregou ainda uma expressiva expansão de margem Ebitda, a qual atingiu 11,1% (+6,9 p.p. t/t e +8,4 p.p. a/a) e nos surpreendeu positivamente.”

Hiperinflação na Turquia ajudou a BRF?

Enquanto isso, o BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME) lembra que o lucro de R$ 751 milhões, o primeiro em oito trimestres, ficou bem acima das expectativas. E um dos catalisadores para esse resultado, segundo os analistas, foi a hiperinflação na Turquia. Por lá, o percentual ficou na casa dos 65% na base anual de dezembro, com uma taxa de juros acima de 40%. “[Isso gerou] um ganho monetário de R$ 311 milhões associado ao impacto da hiperinflação nas operações do país.”

Outro ponto que os analistas frisam é a geração de caixa da BRF, a primeira positiva em 13 trimestres, foi de R$ 613 milhões. “É certamente motivo de comemoração, mas achamos que a BRF precisa de mais antes de poder considerar isso uma vitória”, dizem. Apesar disso, eles alertam que a dedução de R$ 5,1 bilhões de prejuízos acumulados no trimestre de suas reservas de capital sugere que alguns dividendos poderão estar a caminho. Aguardemos.

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