Tesla: IA e robotáxis estão no radar dos investidores (Tesla/Divulgação)
Repórter
Publicado em 15 de dezembro de 2025 às 08h40.
A Tesla (TSLA) deve chegar a um valor de mercado de US$ 2 trilhões no ano que vem — ou, em um cenário mais otimista, de US$ 3 trilhões até o fim de 2026. Para Dan Ives, analista da Wedbush, o movimento será impulsionado pela consolidação de uma nova fase da companhia, centrada em inteligência artificial, robótica e veículos autônomos.
“Estamos entrando em um ano monstruoso para a Tesla e para o Musk”, escreveu Ives em seu perfil no X (antigo twitter). Às 8h37, no horário de Brasília, a empresa de Elon Musk, o homem mais rico do mundo, era avaliada em US$ 1,5 trilhão.
Enquanto o mercado projeta novos patamares de valuation, os ganhos de membros do conselho da Tesla chamaram atenção de investidores e especialistas em governança.
Segundo análise da consultoria Equilar, feita exclusivamente à Reuters, os diretores da Tesla já acumularam mais de US$ 3 bilhões em ações e opções de ações desde 2004 — cifra que supera, com larga margem, a remuneração dos conselhos de outras gigantes tecnológicas como Apple, Microsoft, Meta e Alphabet.
Entre os casos destacados:
Kimbal Musk, irmão de Elon, já embolsou quase US$ 1 bilhão desde 2004.
Ira Ehrenpreis, membro desde 2007, acumulou US$ 869 milhões.
Robyn Denholm, atual presidente do conselho, somou US$ 650 milhões desde 2014.
Entre 2018 e 2020, a Tesla pagou, em média, US$ 12 milhões por diretor, o que representa oito vezes a média do conselho do Google, por exemplo. Após um acordo judicial com acionistas em 2021, a empresa suspendeu novos pagamentos, mas os ganhos acumulados continuam a render debates no mercado.
A crítica mais recorrente está no fato de que os conselheiros receberam opções de ações, e não ações diretamente, mecanismo que potencializa o lucro sem oferecer riscos de perdas.
Ainda assim, a empresa defendeu o modelo: “A compensação dos diretores está diretamente ligada ao desempenho da ação e à criação de valor para os acionistas”, disse um porta-voz da Tesla à Reuters, ressaltando que os conselheiros participaram de 58 reuniões em 2024, número acima da média do setor.
A valorização do papel da Tesla em 2026 depende não apenas da entrega dos projetos de IA e robótica, mas da sustentação da tese de que a empresa não é mais apenas uma montadora, e sim uma plataforma tecnológica com múltiplas frentes de receita.
Dan Ives aposta que os investidores continuarão a precificar essa “narrativa expandida”, especialmente com a maturação da Full Self Driving, o uso de IA em gestão de frota e a possibilidade de monetização do robô Optimus.
Entre os riscos no radar estão:
Concorrência da BYD e de montadoras tradicionais no mercado global de elétricos;
Desafios de regulação para veículos autônomos;
Sustentação da margem em meio à queda global dos preços médios dos EVs.
A Tesla reporta resultados do quarto trimestre em janeiro, e analistas esperam detalhes sobre capex, margem operacional e novas entregas para ajustar os modelos de valuation. Até lá, o mercado segue ancorado em projeções — e promessas.