Amazon: varejista online expande entregas para comunidades ribeirinhas e outras regiões remotas do Amazonas ( Image by Ramesh Thadani/Getty Images)
Repórter
Publicado em 16 de dezembro de 2025 às 06h00.
MANAUS (AM)* - "Antes sofríamos com muitas dificuldades para qualquer encomenda chegar aqui, mas hoje as coisas são bem diferentes", diz Elaine Moreira, moradora de Careiro da Várzea, cidade localizada às margens do Rio Amazonas, na região Metropolitana de Manaus.
O alívio no tom de voz da vendedora de 37 anos é um dos resultados almejados pela Amazon Brasil para milhares de futuros clientes nas comunidades ribeirinhas do Amazonas. Desde o lançamento de sua nova estação de entregas na capital do estado, em setembro, a companhia de Jeff Bezos tem se concentrado em expandir seus alcances. A missão principal se tornou: reduzir distâncias e conectar pessoas de áreas remotas, não importa onde estejam.
A iniciativa foi acompanhada de perto pela EXAME na últma semana, em meio a um trajeto que começou no Porto da Ceasa — próximo ao encontro das águas do Rio Negro e do Rio Solimões — para entregas de encomendas de Natal a clientes da região. Após o deslocamento de lancha até à comunidade de Careiro da Várzea, os produtos foram levados a pé por um delivery associate local aos seus destinos.
"Muitas pessoas fazem compras online por aqui, mas não têm tempo e condições para se deslocar até a Manaus. Agora com o crescimento das entregas pelos rios, ficou mais fácil receber qualquer produto em casa", conta Yan Correira, um dos deliveries associates da Amazon para as comunidades ribeirinhas.
Para o colaborador, de 18 anos, atuar nesta função com base nos conhecimentos da realidade dos vizinhos contribuiu para oferecer um atendimento mais empático e eficiente. Do lado do cliente, o maior ganho foi a velocidade da entrega.
"Os pedidos melhoraram para minha loja, especialmente cosméticos e produtos variados para cama, mesa e banho. Há cinco anos sou cliente da empresa. Mas, recentemente, as encomendas passaram a chegar tão rápido, quando imaginamos que vai levar tempo, de repente os entregadores já batem na nossa porta", conta Elaine.
A proposta da varejista online é transformar a experiência de compra das comunidades ribeirinhas, de modo que todos os moradores de regiões de difícil acesso do Amazonas sejam contemplados pelo mesmo processo tecnológico e logístico aplicado pela companhia ao redor do mundo.
Elaine Moreira, moradora de Careiro da Várzea, cidade localizada às margens do Rio Amazonas, na região Metropolitana de Manaus. Imagem: Divulgação/Amazon Brasil. (Amazon Brasil/Divulgação)
No 3º trimestre de 2025, a Amazon registrou lucro líquido de US$ 21,2 bilhões, alta de 38,5% em relação aos US$ 15,3 bilhões registrados no mesmo período do ano anterior. Enquanto a receita da empresa chegou a US$ 180,2 bilhões no período. O desempenho foi marcado principalmente pelo crescimento de 11% em vendas na América do Norte.
Embora não informe o balanço financeiro de sua operação no Brasil, a Amazon vê o país como uma das suas prioridades em investimentos globais. Em 2025, a gigante da tecnologia não apenas intensificou seu plano de expansão logística, como também aumentou sua capacidade de armazenamento e envio de produtos, acelerando os prazos de entrega em todos os estados, e colaborando com o desenvolvimento do comércio eletrônico no país.
Segundo a Amazon, foram investidos mais de R$ 55 bilhões no Brasil na última década — o equivalente a aproximadamente R$ 15 milhões por dia. Esses investimentos abrangem logística, tecnologia, nuvem, serviços de entretenimento, geração de empregos, fomento ao empreendedorismo e iniciativas voltadas às comunidades locais.
'Chuva de cupons' e IA: o segredo da Amazon para lucrar na Black FridayPara superar os desafios geográficos e acelerar os prazos de entrega, a Amazon aprimorou toda a jornada de distribuição em vários cantos do Amazonas, com investimento de mais de R$ 15,2 milhões na última década. Agora, a companhia conta com 20 centros logísticos, localizados em Manaus, Parintins, Manacapuru e Itacoatiara e outros municípios do estado.
De acordo com Maria Bezerra, Líder de Operações na estação de entregas da Amazon em Manaus, a unidade recém inaugurada iniciou suas atividades em meio às crescentes demandas da capital e região metropolitana, se preparando principalmente para a Black Friday. Só no mês de novembro, foram distribuídos mais de 700 mil pacotes na estação de entregas em razão do evento, chegando ao pico de 10 mil pacotes em um dia.
"É um esforço para trazer os modelos de operação que a Amazon tem pelo mundo para nosso estado. Queremos que o cliente faça a compra online hoje e amanhã o produto já chegue à casa dele. Em São Paulo, isso já acontece, com operações que ocorrem em até 2 horas. E a nossa meta, é trazer essa mesma agilidade para cá", declara.
Para garantir que clientes de áreas de difícil acesso também recebam seus pedidos com rapidez e segurança, a Amazon adotou soluções como transporte fluvial e tecnologias avançadas de geolocalização, ampliando o alcance da operação até as comunidades ribeirinhas.
Clientes de Manaus recebem pedidos em até dois dias. Enquanto em Parintins, por exemplo, o prazo que podia chegar a 18 dias caiu para cinco dias.
"Saímos de um cenário em que o consumidor de Manaus levava entre 15 e 20 dias para receber um produto. Agora, realizamos entregas em até dois dias. O cliente compra na segunda-feira e recebe na quarta", destaca Maria Bezerra.
A líder de operações enfatiza que a adaptação das entregas às condições geográficas e o trabalho com parceiros locais para o transporte fluvial foram essenciais para inserir as comunidades remotas na cadeia logística. "Antes os produtos levavam de 20 a 30 dias para chegar às cidades ribeirinhas. Atualmente, encurtamos o prazo para até cinco dias. Muitas vezes, as encomendas se perdiam e os clientes não recebiam, mas com a integração das entregas por lancha à nossa tecnologia e aos nossos polos de distribuição, a segurança se tornou realidade".
A inauguração recente em Manaus fortaleceu a conexão do Amazonas com a malha logística nacional — especialmente com o Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo — reduzindo prazos de entrega em todo o estado. Segundo a varejista online, parcerias estratégicas com companhias aéreas como Azul Linhas Aéreas e LATAM Cargo aceleraram entregas em diversos estados do Norte — entre eles Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia e Roraima —, alcançando tanto centros urbanos quanto destinos longínquos.
"Se o pedido for feito até as 22h no e-commerce, o produto viaja no dia seguinte e chega à nossa base em São Paulo durante a madrugada. Assim, podemos processá-lo logo e, na quarta-feira de manhã, já está pronto para entrega. Conseguimos reduzir o prazo de entrega de vários dias para apenas dois, o que nos permite oferecer preços mais competitivos e, ao mesmo tempo, educar o mercado sobre como nossa operação funciona", detalha Maria.
Além dos centros de distribuição (CDs) paulistas, a base de Manaus também está conectada a polos de Brasília, e a outros mais próximos como os do Recife e de Fortaleza.
Maria Bezerra, líder de operação na estação de entregas da Amazon em Manaus. Imagem: Divulgação/Amazon Brasil. (Amazon Brasil/Divulgação)
Ao olhar para os avanços de seu trabalho na região, Maria não esconde o orgulho nas mudanças que vê na vida dos vizinhos.
"Trazer a operação da Amazon para cá representou também oferecer maiores oportunidades de compra para o cliente. Algo que ele não tinha até então", diz a executiva manaura.
Segundo ela, a expansão do alcance das entregas estimulou também maior inclusão digital em diversos grupos. "Muitas pessoas, inclusive idosos, deixaram de ir pessoalmente ao supermercado e passaram a comprar produtos essenciais pela internet. A tecnologia está cada vez mais presente na vida dos amazonenses".
O momento marca o aquecimento do e-commerce, com os amazonenses dando mais preferência à experiência online. Essa mudança de hábito não apenas atraiu grandes empresas do setor e deu um empurrão no desenvolvimento das condições de logística do estado, segundo Augusto Cesar Rocha, professor da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e coordenador da comissão de logística do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam).
"As pessoas agora têm maior acesso a itens que não estariam disponíveis no mercado local. Inicialmente, essas mudanças começaram com varejistas amazonenses mirando clientes no interior, e a estratégia usada por eles foi combinar vendas online e físicas. E, assim, desempenham um importante papel nesta evolução até a chegada de gigantes brasileiras do setor e multinacionais", avalia o especialista, em entrevista à EXAME.
Entrega de encomendas de Natal para comunidades ribeirinhas de Careiro da Várzea (AM) (Amazon Brasil/Divulgação)
Levando em conta as dificuldade de acesso às comunidades ribeirinhas, a companhia desenvolveu soluções logísticas adaptadas com o apoio de Inteligência Artificial (IA) para mapear territórios com potencial comercial, dinamizar o planejamento e a execução. Segundo Ayrison Trevisan, gerente de operações da Amazon para as comunidades ribeirinhas, esse esforço também conta com parceiros locais para tornar as entregas viáveis e regulares.
"Geralmente os delivery associates são pessoas das comunidades. Como muitos deles já se conhecem, essa interação ocorre de maneira mais expontânea e confiável entre pessoas que são locais. Muitas vezes, essas relações se transformam em amizade, a ponto de o entregador deixar o vizinho do cliente avisado sobre a entrega quando ele está ausente, ou o delivery associate se desloca até onde o cliente está no momento", contou Trevisan, em entrevista à EXAME durante as entregas por lancha.
No entanto, o executivo ressalta que a dinâmica das comunidades ribeirinhas também influenciam no plano logístico para os clientes, principalmente quando os entregadores atendem cidades muito pequenas que possuem apenas o CEP geral.
"Isso é muito comum em cidades ribeirinhas. Os CEPs mais específicos ficam restritos ao uso interno dos Correios, associados a caixas postais numeradas. Não faz parte do modelo da Amazon deixar encomendas nos Correios para que a retirada seja feito pelo próprio cliente. Por isso, buscamos pessoas que conheçam bem a comunidade e o território local, justamente para fazer essa ponte e agilizar a comunicação e o processo de entrega. A operação foi construída a partir de contatos e negociações com os moradores, o que hoje nos permite alcançar bons indicadores de desempenho", detalha.
As entregas de encomendas em várias cidades ribeirinhas ainda dependem do serviço dos Correios, que enfrenta uma crise econômico-financeira desde 2022. Há 12 semestres, a empresa pública tem apresentado prejuízos seguidos e alcançou um déficit de R$ 4,36 bilhões no primeiro semestre de 2025.
Embora a situação afete a continuidade do trabalho dos Correios em todo território amazônico, ela abe brechas para que empresas privadas encontrem espaços para fisgar clientes.
"No Amazonas, essa crise impacta diretamente a vida de vários cidadãos. Mas, isso também traz oportunidades para várias entregadoras. A Amazon e várias concorrentes tem contado com o apoio de terceiros para avançar. Até prestadores de serviços autônomos têm se beneficiado", salienta Marcelo Salum, CEO e fundador do Instituto Brasileiro de Vendas e Varejo (IBVV), sediado na capital do Amazonas.
E reforça: "Embora os Correios tivessem um papel significativo, eles perderam market share devido à ineficiência. Hoje, empresas de logística locais, regionais e até internacionais conseguiram preencher essa lacuna, oferecendo maior capilaridade e eficiência operacional".
Segundo o gerente de operações da Amazon, em regiões como Careiro da Várzea, por exemplo, os níveis de satisfação dos moradores são elevados, principalmente pelo baixo índice de extravio ou avaria dos produtos e pelo rápido retorno para qualquer demanda.
"A obsessão pelo cliente e o entendimento profundo da operação fazem com que, mesmo quando o volume preocupa ao longo do dia, as entregas sejam concluídas com sucesso até o fim do expediente. À medida que a demanda cresce, ampliamos também o número de pessoas envolvidas para sustentar a operação logística", explica o gerente de operações.
Para garantir que as encomendas cheguem aos seus destinos em curto prazo, a Amazon trabalha com antecipação e concentação dos volumes de pacotes, até que a quantidade atinja um nível considerado adequado e o delivery associate realize todas as entregas em um único dia. A proposta é que esse processo funcione com a agilidade semelhante às grandes cidades.
"Normalmente, o maior fluxo ocorre às quartas-feiras, e os pacotes começam a ser despachados com dois ou três dias de antecedência. Em média, são cerca de 12 pacotes por dia. Atualmente, o prazo operacional para Careiro da Várzea é de três dias, mas trabalhamos com uma margem de cinco dias por conta dos atrasos logísticos. Esse prazo adicional permite a preparação, a separação dos pacotes e a garantia da entrega. Mas, nosso objetivo é reduzir esse prazo e operar com três dias até o fim do ano. A estratégia é priorizar velocidade, avaliando quais municípios já podem ser atendidos com prazos menores e manter cinco dias apenas para regiões mais distantes e complexas. Quanto menor o prazo de entrega, melhor a experiência para o cliente".
Entre as cidades ribeirinhas atendidas pela Amazon, Parintins se destaca pelo maior volume de pacotes e por ser o ponto de mais rápida entrega, dependendo das condições de navegação pelo Rio Amazonas e seus afluentes. No entanto, de acordo com Ayri Trevisan, o município em breve será superado por Tefé (cidade apelidada de "Coração da Amazônia"). "Assim como Parintins, Tefé também tem o mesmo tempo de viagem do pacote, mas é o ponto que escalou mais rápido".
Por outro lado, a Amazon ainda depende das opções de transporte e recursos da região para fazer as entregas, como balsas e lanchas disponíveis em portos. O executivo sinalizou que, por enquanto, a operação no Amazonas não pretende adquirir seus próprios barcos. Segundo ele, a companhia está satisfeita com os resultados já alcançados com a atual malha logística, ainda não há um volume elevado de entregas para justificar a compra de uma frota inteira e, por questões de segurança, evitar grande visibilidade em razão da ação de piratas que atacam embarcações no Rio Amazonas.
Além de Careiro da Várzea, Parintins e Tefé, a Amazon já realiza entregas por lancha em outras cidades como Itacoatiara, Manacapuru, Careiro da Castanha, Presidente Figueiredo, Autazes e Urucará.
Trevisan explica que a expansão para uma cidade nova depende de uma decisão conjunta com os parceiros logísticos, que também definem alguns critérios para viabilizar a operação, como condições de deslocamento e infraestutura.
Ele adianta que até o final de dezembro, a Amazon pretende atender mais 28 municípios no Amazonas. E para 2026, as perspectivas são bastante otimistas.
"Neste mês, ampliamos bastante nosso alcance. Estamos abrindo a operação para três cidades por semana. E vamos crescer bastante nas semanas do Natal e Ano Novo para garantir mais entregas", explica. "Até o final do próximo ano, nossa meta é fechar em 62 municípios, para chegar em todo o Amazonas".
Apesar da projeção, Trevisan esclarece que ainda há desafios a serem superados, principalmente em relação aos munícipios ribeirinhos de difícil acesso, como Tabatinga, Boca do Acre e São Gabriel da Cachoeira.
"Em municípios mais distantes, é preciso pensar fora do padrão. Avaliamos alternativas como o uso de transporte aéreo em vez de barco, especialmente em locais com aeroporto, para garantir velocidade na entrega. Nesses casos, a tendência é operar por avião, já que o transporte fluvial seria inviável pelo tempo".
A fragilidade da infraestrutura é considerada o "calcanhar de aquiles" da cadeia logística do Amazonas, segundo Augusto Cesar Rocha. Embora Manaus tenha o terceiro maior aeroporto de cargas do país — atrás apenas de Guarulhos e Viracopos, ambos em São Paulo — e relevância econômica pela Zona Franca de Manaus, ainda há muito a ser feito.
"A falta de investimentos em infraestrutura ao longo dos anos fez com que a cidade se adaptasse à seca, às cheias e ao isolamento, com a indústria local aprendendo a lidar com essas adversidades", explica o professor da UFAM. "Mesmo com a importância do Porto de Manaus, o comércio na capital ainda depende muito do modal aéreo. Nos últimos anos, a seca afetou severamente a operação logística, gerando um sobrecusto de R$ 1,5 bilhões para empresas do setor".
O especialista ressalta que, apesar das limitações que as cidades riberinhas enfrentam, a presença de varejistas como a Amazon também trouxe mais confiança tanto para quem investe quando para quem depende dos serviços.
"O interior do Amazonas, com sua vasta extensão e cidades isoladas, sofre com a falta de conexão. A expansão da Amazon em Manaus tem ajudado a reduzir a perda e extravio de produtos, melhorando a eficiência da operação. A abertura de novos centros de distribuição tem contribuído para uma logística mais segura e eficiente na região".
Para contornar as barreiras culturais no atendimento, a Amazon também considera investir cada vez mais em colaboradores indígenas para atuar em comunidades remotas.
"Em cidades como São Gabriel da Cachoeira, um dos municípios com maior população indígena do país, a operação exige adaptação à realidade local, inclusive em relação ao idioma e à dinâmica das comunidades. Essas decisões ficam, em grande parte, a cargo do parceiro logístico. O requisito central é que o operador seja da região, conheça o território e compreenda o impacto social do nosso trabalho. A partir daí, acompanhamos de perto o desempenho", reforça.
Os planos da Amazon para competir com Mercado Livre e Shopee no e-commerce brasileiroAo reduzir barreiras logísticas, até no atendimento às comunidades ribeirinhas, a Amazon também impulsionou a inclusão digital e comercial de milhões de clientes e empreendedores no Norte. Segundo a varejista, houve crescimento de pequenas e médias empresas (PMEs) na região, em função da oferta de infraestrutura, tecnologia e serviços do marketplace, além de programas nacionais de capacitação, aceleração e redução nas tarifas logísticas para vendedores parceiros expandirem seus negócios.
Em 2024, o Norte do Brasil foi a região que mais cresceu em número de vendedores parceiros da Amazon, com destaque para Roraima (+68%), Pará (+67%) e Amazonas (+59%)No Amazonas, por exemplo, são mais de 500 PMEs ativas na Amazon, o que expande o leque de oportunidades de geração de renda e negócios para empreendedores. A operação abre portas para novos vendedores parceiros, que passam a se conectar com clientes em todo o Amazonas, incluindo áreas historicamente pouco atendidas pelo e-commerce.
A geração de postos de trabalho na operação brasileira dobrou nos últimos anos, passando de 18 mil para 36 mil empregos diretos e indiretos. Somente no primeiro semestre de 2025, já foram contratados mais de 1.000 profissionais para áreas corporativas e de tecnologia.
Apenas em 2024, foram R$ 13,6 bilhões — 23% do total na década —, contribuindo com mais de R$ 12 bilhões para o PIB nacional e gerando R$ 7,9 bilhões em salários e remunerações para trabalhadores diretos e indiretos, como mostram dados fornecidos pela varejista online.
Apenas em 2025, a empresa inaugurou mais de 100 centros logísticos e ultrapassou a marca de 250 centros logísticos em todos os estados do Brasil, sendo 17 centros de distribuição.Esse background ilustra as vantagens competitivas que Manaus ganhou ao longo dos anos e sua capacidade de contornar suas vulnerabilidades para decolar, impactando também os munípios da região metropolitana e capitais de outros estados do Norte, de acordo com Marcelo Salum, CEO do IBVV.
"Manaus se tornou uma das quatro maiores capitais do Brasil e seu varejo é altamente competitivo", avalia o representante do setor. "O crescimento do varejo por aqui é estimado em 2,5% a 3% ao ano, apesar das dificuldades econômicas causadas pela taxa de juros e pelo encarecimento da operação de logística. Mas, os níveis de consumo e empregos se encontram em um patamar muito diferente em comparação com o passado".
Essa evolução também é uma resposta à forte disputa com o Mercado Livre pelo protagonismo do e-commerce no Brasil, além do avanço de concorrentes gigantes chineses de entrega rápida como a Meituan (proprietária da Keeta) e a Didi (dona da 99).
"A briga entre as empresas pela liderança do mercado exigiu modernização em toda a cadeia de produção e distribuição que se tornou mais eficiente a todos, inclusive às comunidades ribeirinhas", destaca Salum.
Para sair na frente nessa corrida, a Amazon passou a oferecer mais de 180 milhões de produtos em 50 categorias, além das compras internacionais. De acordo com a empresa, esse crescimento expressivo se intensificou especialmente neste ano, quando foram adicionados 30 milhões de itens à seleção, ampliando o seu portfólio em mais de 20% desde janeiro. Essa movimentação inclui também produtos internacionais a preços ainda mais competitivos, com o propósito de fortalecer sua posição em compras online.
Como o mercado já está atento ao seu compromisso com o aprimoramento da infraestutura na região, o especialista reforça que outra prioridade é a qualificação da mão de obra. "As empresas encaram uma corrida contra o tempo para conseguir os melhores colaboradores, então a profissionalização é um fator que não pode mais ficar em segundo plano".
Para ele, as perspectivas para os proximos anos são bastante animadoras: "Os marketplaces, como a Amazon, entenderam a importância de estar presente em Manaus. Com o alto potencial de consumo e agilidade das entregas, a cidade se tornou uma terra de oportunidades, onde qualquer negócio tem chance de sucesso".
*O jornalista viajou a Manaus a convite da Amazon Brasil.