Inteligência Artificial

Setor de IA assumiu dívidas de US$ 100 bi sem garantia de retorno, diz CEO da Anthropic

Sem citar concorrentes diretamente, Dario Amodei alerta para desequilíbrio entre custos bilionários e retorno incerto

Dario Amodei: CEO da Anthropic (Kimberly White/Getty Images)

Dario Amodei: CEO da Anthropic (Kimberly White/Getty Images)

Publicado em 4 de dezembro de 2025 às 14h53.

Última atualização em 4 de dezembro de 2025 às 14h54.

Dario Amodei, CEO da Anthropic, sugeriu que algumas empresas de inteligência artificial estão assumindo riscos excessivos ao comprometerem centenas de bilhões de dólares – ou mais – em projetos ligados à tecnologia, em um contexto no qual o retorno econômico gerado pela IA ainda é incerto.

Durante o evento DealBook Summit, promovido pelo New York Times, Amodei descreveu o cenário como um “dilema real”: por um lado, há a necessidade de investir em data centers que levam anos para ficarem prontos; por outro, ainda não está claro quando – e quanto – a IA vai gerar de valor econômico.

Sem citar concorrentes diretamente, Amodei classificou esse comportamento como “YOLO-ing”, sigla em inglês para “you only live once” (só se vive uma vez), usada para descrever decisões impulsivas e de alto risco.

Principal rival e pioneira da inteligência artificial generativa, a OpenAI e suas parcerias têm frequentemente sido questionadas, seja pelos acordos circulares ou pela incerteza sobre sua capacidade de honrar os compromissos assumidos.

Em 2023, o New York Times moveu uma ação judicial contra a criadora do ChatGPT por violação de direitos autorais.

Dilema real

A crítica ocorre em um momento no qual gigantes como OpenAI, Meta, Google, Microsoft e Amazon ampliam ainda mais os já bilionários gastos com chips e data centers para suportar sistemas cada vez mais avançados de IA.

Acordos ligados à OpenAI, por exemplo, já somam US$ 1,4 trilhão em compromissos ao longo dos próximos oito anos. Enquanto isso, suas parceiras acumulam dívidas de US$ 100 bilhões para financiar os investimentos necessários para honrar esses contratos.

Fundada em 2021 por ex-funcionários da OpenAI, a própria Anthropic também elevou seus investimentos, embora em escala mais moderada. A empresa planeja gastar US$ 50 bilhões na construção de seus primeiros data centers próprios nos EUA.

Com uma estratégia mais voltada ao mercado corporativo do que ao consumidor final, a criadora do Claude tenta se posicionar como uma desenvolvedora de IA mais cautelosa. Em setembro, a empresa captou US$ 13 bilhões em rodadas de investimento, alcançando um valor de mercado estimado em US$ 183 bilhões.

Ao mesmo tempo que projeta lucratividade já em 2028 e começa a se preparar formalmente para uma possível abertura de capital (IPO, na sigla em inglês), a Anthropic negocia uma nova rodada privada, a qual deve incluir investimentos de duas grandes parceiras da OpenAI – Microsoft e Nvidia – e elevar sua avaliação para mais de US$ 300 bilhões. A criadora do ChatGPT está avaliada em US$ 500 bilhões.

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