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X e xAI: para Musk a mesma coisa, para o mercado uma diferença de US$ 30 bi

O bilionário trabalha para que o antigo Twitter e a sua empresa de inteligência artificial sejam praticamente inseparáveis, apesar da diferença bilionária em valor de mercado

Elon Musk: empresas do bilionário são praticamente inseparáveis (CARINA JOHANSEN/Getty Images)
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 11 de janeiro de 2025 às 15h15.

Última atualização em 11 de janeiro de 2025 às 15h48.

Desde que o bilionário Elon Musk comprou o Twitter, rebatizado como X, a rede social nunca mais foi a mesma. Além das mudanças na plataforma, o dono da Tesla tem usado o X — inicialmente vendido como um símbolo da liberdade de expressão — como um grande laboratório para testar sua startup de inteligência artificial, a xAI.

É um movimento ousado, mas longe de surpreendente. O executivo quer pegar sua fatia do mercado de inteligência artificial e fala abertamente contra a gigante do setor, a OpenAI. Musk foi um dos fundadores da dona do ChatGPT em 2015 e afirma ter doado US$ 44 milhões para a companhia. Hoje, processa a gigante por tentar "monopolizar o mercado" enquanto cresce oferecendo ferramentas de IA para os usuários do antigo Twitter.

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"IA em tudo"

Quando o bilionário lançou a xAI, ele prometeu uma vantagem competitiva única: acesso exclusivo ao mar de dados gerados diariamente no X. Para garantir essa exclusividade, Musk implementou tarifas altíssimas no uso da API da plataforma, bloqueando outras empresas de usarem os dados.

Assim, enquanto rivais ficaram de fora, a xAI teve um passe livre para testar os recursos diretamente com milhões de usuários. Foram lançados o chatbot Grok, resumos de notícias, perguntas geradas por IA em postagens e até uma ferramenta para editar tuítes automaticamente. Novos recursos estão no forno, como as interações baseadas em localização (é possível perguntar sobre mercados ou serviços próximos, por exemplo).

Tudo isso, claro, coloca a marca xAI em destaque no X. O logotipo da startup já aparece em ferramentas do aplicativo, como se fosse um lembrete constante de que a inteligência artificial — e o homem por trás dela—agora domina a rede social.

Dois negócios, uma relação complicada

Na prática, a xAI e o X são praticamente inseparáveis.Todos os funcionários da xAI são formalmente registrados como empregados do X, usam laptops da empresa e estão integrados ao sistema de RH da plataforma. Mas o contrário não é verdade: funcionários do X não têm envolvimento direto com a xAI, segundo o site americano The Verge .

Além disso, a empresa de IA opera com um orçamento separado e tem crescido a um ritmo impressionante, alcançando uma avaliação de US$ 50 bilhões em questão de meses. Em dezembro, a empresa levantou US$ 6 bilhões em sua mais recente rodada de investimentos.

Enquanto isso, o X, adquirido por Musk por US$ 44 bilhões em 2022, agora vale menos da metade. Esse desequilíbrio só acirrou tensões entre os dois grupos de empregados, especialmente porque Musk prometeu que os investidores do X teriam participação na xAI — algo que ainda não se concretizou.

Promessas ousadas, resultados desastrosos

Apesar do potencial tecnológico, os primeiros testes do chatbot Grok no X geraram mais confusão do que resultados úteis. Não demorou para que a ferramenta publicasse manchetes absurdas, como uma notícia falsa alegando que a ex-vice Kamala Harris havia sido baleada após um suposto atentado contra o presidente Donald Trump.

Essas alucinações são comuns em inteligências artificiais, mas podem ser evitadas com moderação por parte das empresas. Porém, cuidado nunca foi uma grande preocupação para Musk, conhecido por acelerar processos para obter resultados em empresas como a Tesla , de carros elétricos, e a Neuralink , do "chip no cérebro". (Foi essa atitude, inclusive, que o rendeu o cargo de chefe no novo Departamento de Eficiência do governo Donald Trump ).

Então, o antigo Twitter parece ter virado mais um campo de testes para os sonhos ambiciosos de Musk. Essa situação pode ser boa para ele, mas, para os usuários do X, a sensação é de que o que antes era uma rede social virou um experimento sem muitas garantias.

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