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Donos de carteiras misteriosas com R$ 2,5 bilhões de ether são descobertos

Atualização Shanghai liberou a realização de saques de criptomoedas bloqueadas no blockchain, permitindo rastrear movimentações

Ethereum concluiu a atualização Shanghai em 12 de abril (Reprodução/Reprodução)

Ethereum concluiu a atualização Shanghai em 12 de abril (Reprodução/Reprodução)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 18 de abril de 2023 às 15h32.

Última atualização em 18 de abril de 2023 às 15h43.

A atualização Shanghai, implementada na Ethereum no último dia 12 de abril, permitiu que os validadores do blockchain passassem a sacar os ethers bloqueados na rede, envolvendo tanto os depósitos para exercer a atividade quanto as recompensas por ela. E, agora, essas movimentações estão dando pistas sobre donos de grandes carteiras na rede.

A plataforma de inteligência de mercado Nansen identificou na última segunda-feira, 17, os donos das duas maiores carteiras digitais com ether que estavam entre os validadores da rede que realizaram saques e cujos donos eram, até então, desconhecidos. Juntos, elas receberam cerca de US$ 535 milhões (R$ 2,65 bilhões, na cotação atual) em recompensas sacadas após a Shanghai.

A primeira carteira recebeu 205,249 ethers que foram sacados da Ethereum depois da atualização, totalizando mais de US$ 420 milhões. Segundo a Nansen, ela pertence à corretora de criptomoedas Kraken. A exchange oferecia um serviço de staking em que permitia que investidores depositassem ethers em troca de rendimentos mensais.

Após o depósito, a Kraken depositava esses ethers no blockchain, se tornando com isso uma validadora. Entretanto, a empresa decidiu encerrar o serviço após acusações da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC, na sigla em inglês) e a imposição de uma multa milionária.

A Nansen destacou que a carteira segue recebendo recompensas de ethers sacados na Ethereum, indicando que a Kraken está realmente encerrando sua operação. Para a SEC, o serviço se configurou como um valor mobiliário, e portanto foi oferecido de forma irregular.

Já a segunda carteira pertence a outra corretora de criptomoedas, a Huobi. De acordo com os dados da plataforma, ela recebeu cerca de 51 mil ethers de recompensas sacadas, somando US$ 801 mil. Desse total, uma parte foi depositada novamente, mas a maior parte foi enviada para outro endereço de carteira da exchange.

Staking na Ethereum

Os dados da Nansen mostram ainda que, até o momento, quase um quarto dos saques foi realizado pela Lido DAO, uma organização descentralizada que reúne validadores da Ethereum. A carteira da Kraken está em segunda lugar, e da Huobi, em quarto, com a terceira posição ficando com a Binance.

Os dados até o momento indicam que os saques se concentraram nos ethers recebidos como recompensa pela atividade de validação de transações e movimentações no blockchain. O fato está em linha com o indicado por especialistas e pesquisas, que projetavam uma falta de interesse dos validadores de sacar todos os seus ethers e abandonar a função.

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