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Trabalho digno, biocombustíveis e nova ordem global: a expectativa em NY para o discurso de Lula

Presidente brasileiro abre a Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira, para consolidar (ou enterrar) o novo momento do país no cenário global

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Sede da ONU, em Nova York: Lula abre a Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira, 20, com ampla expectativa

Sede da ONU, em Nova York: Lula abre a Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira, 20, com ampla expectativa

Nesta terça feira, 19, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará seu primeiro discurso na Assembleia Geral da ONU, neste terceiro mandato. Nunca antes na história dessa presidência houve tamanha expectativa por essas palavras.

Lula abrirá a assembleia, como todo presidente brasileiro, tradição extraoficial que se mantém desde a criação das Nações Unidas. A expectativa é por um discurso mais voltado para fora do que para dentro, ou seja, o presidente deve falar sobre temas de geopolítica. O toque nacional virá de assuntos importantes para sua presidência, como o clima, a Amazônia e a desigualdade social.

Na quarta-feira, 20, Lula fará uma reunião bilateral com o presidente americano, Joe Biden, e logo em seguida deve anunciar a “Iniciativa Global Lula-Biden para o Avanço dos Direitos Trabalhistas na Economia do Século XXI”. A ideia é criar parâmetros para assegurar uma transição justa para a economia de baixo carbono, ou seja, garantir que os afetados pelas mudanças econômicas não sejam deixados de fora – leia-se, proteger a renda dos trabalhadores no mundo em desenvolvimento.

A iniciativa está alinhada com o tema principal da Assembleia Geral: a transição energética. Enquanto o mundo se prepara para acelerar os esforços de descarbonização, o que significa abandonar os combustíveis fósseis, líderes políticos e econômicos debatem as novas regras. O objetivo é evitar maiores problemas diplomáticos, além da guerra na Ucrânia, uma consequência indesejada desse processo.

Protagonismo ambiental

A expectativa pelas palavras de Lula une os dois lados do conflito, por sinal, ainda que por motivos diferentes. Os russos aguardam uma continuidade da postura apaziguadora e centrista do presidente em relação ao conflito, sem condenar a invasão da Ucrânia, uma clara violação da soberania de um país independente. Europeus, por sua vez, esperam que ele suba o tom contra Putin.

Para a Europa, mais do que um conflito econômico motivado por mudanças na matriz energética, a guerra representa um risco existencial. A paz no continente é considerada a base de uma Europa forte, e o objetivo principal da diplomacia. Putin, com sua agressividade ditatorial, ameaça esse equilíbrio e deve ser condenado em primeiro lugar, acima de qualquer interesse econômico individual dos países.

Apesar disso, diplomatas e empresários brasileiros não esperam que Lula gastará muito tempo falando da guerra. Seu discurso, provavelmente, forcará em temas mais propositivos, como o combate às mudanças climáticas. Nesse sentido, se espera que o presidente tome a dianteira na liderança do grupo de países emergentes, algo que Narendra Modi, o primeiro-ministro da Índia, não foi capaz de fazer na reunião do G20, realizada em seu país há duas semanas.

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Lula a seu favor o fato de o Brasil sediar a próxima reunião do G20, no ano que vem, a e COP30, em 2025. E ele deve fazer isso com foco em dois aspectos: a manutenção dos biocombustíveis como alternativa para a descarbonização, e o combate às desigualdades.

No primeiro aspecto, trata-se de um ponto crucial para o agronegócio brasileiro, especialmente o setor sucroalcooleiro, que se vê ameaçado pela eletrificação dos transportes. E para o segmento de energias renováveis, que enxerga no hidrogênio verde uma oportunidade de ouro para ganhar bilhões, com a vantagem de investir em regiões menos desenvolvidas do Brasil, especialmente o Nordeste, o que fala com o segundo aspecto, a desigualdade.

Diminuir a disparidade entre ricos e pobres é uma agenda pessoalmente importante para Lula, e uma carta forte de negociação para a diplomacia brasileira. É um fato que o mundo deve reduzir as emissões de carbono, e isso precisa ser feito coletivamente. Porém, quando se olha para as responsabilidades, o cenário é outro.

Os países desenvolvidos foram os responsáveis pela maior parte do carbono emitido, e os que mais se beneficiaram economicamente disso; enquanto os países pobres, que contribuíram muito pouco para o aquecimento do planeta e não se beneficiaram na mesma medida da industrialização, são os mais afetados pelas mudanças climáticas.

A conta, no caso, é “schumpteriana”. E nessa nova ordem mundial, armas e capacidade de destruição valem muito pouco – afinal, já estamos enfrentando uma possibilidade de destruição mútua em função das mudanças climáticas. O que conta é sua capacidade de convencimento e aglutinação. Essa será a principal tarefa de Lula nesta terça-feira.

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