Ciência

Lançamento da SpaceX é adiado para domingo. Saiba por que missão é crucial

Missão pode abrir o caminho para viagens espaciais cada vez mais frequentes e até para um futuro onde qualquer possa viajar ao espaço

Crew-1: astronautas estão prontos para o lançamento deste sábado (SpaceX/Divulgação)

Crew-1: astronautas estão prontos para o lançamento deste sábado (SpaceX/Divulgação)

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Rodrigo Loureiro

Publicado em 14 de novembro de 2020 às 09h00.

Última atualização em 14 de novembro de 2020 às 11h24.

Nasa e SpaceX estão juntas novamente em mais uma missão espacial. O foguete da empresa de Elon Musk que vai transportar uma nova equipe de astronautas até a Estação Espacial Internacional (ISS) deve decolar neste domingo, 15 de novembro, às 21h27 (horário de Brasília). O lançamento estava programado para a noite deste sábado, mas foi adiado pela Nasa por causa do mau tempo. Jim Bridenstine, diretor da agência espacial americana, escreveu no Twitter que os ventos fortes atrapalharam a missão de recurperação do foguete que levará a cápsula até o espaço. Se tudo ocorrer como planejado, o lançamento deste domingo pode marcar um grande passo no avanço da humanidade no campo da exploração espacial.

Ao contrário da primeira missão entre a empresa e a agência espacial americana, esta não será uma missão de teste. Os próprios nomes das missões já indicam isso. A decolagem em maio, que levou os astronautas Douglas Hurley e Robert Behnken para o espaço foi chamada de Crew Dragon Demo-2 – a palavra demo significa demonstração. Tudo ocorreu como planejado. Agora, a missão está sendo chamada de Crew-1. Ou seja, o jogo agora é para valer.

O número de viajantes espaciais aumentou. Quatro astronautas foram selecionados para a nova missão: Michael Hopkins, Victor Glover, Shannon Walker, além de Soichi Noguchi (da agência japonesa Jaxa). Hopkins, que será o comandante a bordo, terá que dormir fora da ISS já que a estação espacial estará lotada no momento da chegada da nova equipe espacial (outros três astronautas já estão “hospedados” no complexo).

Lá, os astronautas – que não são apenas pilotos de teste, mas cientistas de áreas como engenharia e robótica – vão realizar reparos preventivos e de manutenção na ISS, bem como pesquisas acadêmicas. Glover, por exemplo, nunca esteve no espaço. Ele é, contudo, considerado um engenheiro renomado dentro da agência espacial americana e conta com três mestrados na área.

Anunciada em 2012, a missão Crew-1 tem o objetivo de avaliar se existe uma possibilidade de transportar astronautas de forma regular ao espaço, com decolagens de foguetes cada vez mais rotineiras. A expectativa é de que um novo lançamento ocorra a cada seis meses. Este aumento no número de decolagens será determinante para enviar mais pessoas ao espaço e, assim, explorar o que há fora da Terra.

“A parceria da NASA com a indústria privada americana está mudando o arco da história dos voos espaciais humanos, ao abrir o acesso à órbita terrestre baixa e à Estação Espacial Internacional para mais pessoas, mais ciência e mais oportunidades comerciais”, disse Phil McAlister, diretor de desenvolvimento de voos espaciais comerciais da NASA. “Estamos verdadeiramente no início de uma nova era de voos espaciais humanos.”

Esta missão também marca um ponto importante para o governo americano, que deixa de necessitar da Rússia para o lançamento de astronautas. Quando o programa americano de decolagem foi encerrado, em 2011, astronautas da Nasa precisavam decolar ao espaço pela espaçonave russa Soyuz. Com a SpaceX na jogada, os Estados Unidos voltam a decolar com suas “próprias forças”, acirrando ainda mais a corrida espacial entre os dois países.

A chegada de mais astronautas ao espaço facilitaria o caminho para um futuro onde qualquer pessoa possa deixar a Terra (ou pelo menos as mais endinheiradas, já que a passagem não deve custar barato). Musk já afirmou ter planos para criar uma colônia em Marte no futuro com mais de 1 milhão de pessoas. A Rússia, do outro lado desta corrida espacial, já informou ter a intenção de gravar um filme no espaço.

“Estou extremamente orgulhoso de dizer que estamos devolvendo os lançamentos regulares de voos espaciais humanos ao solo americano em um foguete e nave espacial americana”, disse o administrador da NASA Jim Bridenstine – que deve deixar o cargo em breve. “Este marco de certificação é uma conquista incrível da NASA e SpaceX que destaca o progresso que podemos fazer trabalhando em conjunto com a indústria comercial.”

Atenção presidencial

Joe Biden também estará de olho nos acontecimentos a partir deste domingo. O novo presidente dos Estados Unidos – ainda que Donald Trump não tenha aceitado a derrota nas eleições – já deu a entender que quer que a Nasa foque esforços no combate às mudanças climáticas e não tanto no avanço de tecnologias para a exploração espacial, como foi o foco do governo americano durante o mandato de Trump.

Isso afeta diretamente nos negócios da SpaceX. A companhia já trabalha com a desenvolvimento de foguetes e naves que podem transportar astronautas até a Lua. Outra empresa afetada seria a Blue Origin, de Jeff Bezos, que também trabalha com a criação de meios de transporte espaciais.

Se não for adiado novamente por condições climáticas, o lançamento do foguete da SpaceX com a nova equipe de astronautas ocorre neste domingo, às 21h27 (horário de Brasília). A decolagem será transmitida ao vivo pela internet nos canais da Nasa e da SpaceX no YouTube.

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