AstraZeneca se une à Rússia para aumentar eficácia de vacina contra a covid-19
A ideia da AstraZeneca não é desenvolver uma vacina do zero, mas sim investigar se a combinação com a Sputnik V aumentará sua eficácia
Tamires Vitorio
Publicado em 21 de dezembro de 2020 às 09h08.
Última atualização em 21 de dezembro de 2020 às 12h04.
A farmacêutica anglo-sueca AstraZeneca assinou um memorando com o Instituto Gamaleya, responsável pelo desenvolvimento da vacina Sputnik V contra o novo coronavírus , para a cooperação para uma vacina. A ideia da AstraZeneca não é desenvolver uma vacina do zero, mas sim investigar se a combinação de sua vacina desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford, junto à Sputnik V, aumentará sua eficácia.
A informação foi dada pelo Kremlin nesta segunda-feira, 21.
Para o diretor do Gamaleya, Alexandr Ginzburg, a semelhança entre as imunizações russa e britânica prometem uma compatibilidade alta. "Os testes clínicos na verdade já estão começando e acho que não vão exigir muito investimento e muito tempo", disse Ginzburg durante a cerimônia de assinatura do documento, que contou com a presença, por videoconferência, do presidente russo, Vladimir Putin.
No dia 8 deste mês, a Oxford se tornou a primeira a divulgar os resultados de fase três em uma revista científica. Os dados preliminares, o que significa que os testes ainda não acabaram, apontam que a vacina teve uma eficácia média de 70,4%. Em um grupo reduzido que tomou doses menores, a eficácia observada foi de até 90%. Aumentar esse número, então, é uma boa estratégia para os britânicos.
Como estamos?
Das 56 em fases de testes, apenas 13 estão na fase 3, a última antes de uma possível aprovação. Confira quais são abaixo:
Quem terá prioridade para tomar a vacina?
Um grupo de especialistas nos Estados Unidos , por exemplo, divulgou em setembro uma lista de recomendações que podem dar uma luz a como deve acontecer a campanha de vacinação.
Segundo o relatório dos especialistas americanos (ainda em rascunho), na primeira fase deverão ser vacinados profissionais de alto risco na área da saúde, socorristas, depois pessoas de todas as idades com problemas prévios de saúde e condições que as coloquem em alto risco e idosos que morem em locais lotados.
Na segunda fase, a vacinação deve ocorrer em trabalhadores essenciais com alto risco de exposição à doença, professores e demais profissionais da área de educação, pessoas com doenças prévias de risco médio, adultos mais velhos não inclusos na primeira fase, pessoas em situação de rua que passam as noites em abrigos, indivíduos em prisões e profissionais que atuam nas áreas.
A terceira fase deve ter como foco jovens, crianças e trabalhadores essenciais que não foram incluídos nas duas primeiras. É somente na quarta e última fase que toda a população será vacinada.
Quão eficaz uma vacina precisa ser?
Segundo uma pesquisa publicada no jornal científico American Journal of Preventive Medicine uma vacina precisa ter 80% de eficácia para colocar um ponto final à pandemia. Para evitar que outras aconteçam, a prevenção precisa ser 70% eficaz.
Uma vacina com uma taxa de eficácia menor, de 60% a 80% pode, inclusive, reduzir a necessidade por outras medidas para evitar a transmissão do vírus, como o distanciamento social. Mas não é tão simples assim.
Isso porque a eficácia de uma vacina é diretamente proporcional à quantidade de pessoas que a tomam, ou seja, se 75% da população for vacinada, a proteção precisa ser 70% capaz de prevenir uma infecção para evitar futuras pandemias e 80% eficaz para acabar com o surto de uma doença.
As perspectivas mudam se apenas 60% das pessoas receberem a vacinação, e a eficácia precisa ser de 100% para conseguir acabar com uma pandemia que já estiver acontecendo — como a da covid-19.
Isso indica que a vida pode não voltar ao “normal” assim que, finalmente, uma vacina passar por todas as fases de testes clínicos e for aprovada e pode demorar até que 75% da população mundial esteja vacinada.
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