O Wegovy é o primeiro e único medicamento à base de semaglutida aprovado pela Anvisa (Michael Siluk/Getty Images)
Repórter colaborador
Publicado em 23 de julho de 2024 às 10h41.
Última atualização em 23 de julho de 2024 às 11h30.
Medicamentos como o Wegovy ou o Ozempic, da Novo Nordisk, ou o Mounjaro, da Eli Lilly, muito procurados nos últimos meses por causa de suas funcionalidades na questão da perda de peso, passam por processos rigorosos de aprovação por autoridades sanitárias, como o FDA, nos EUA, ou a nossa Anvisa.
Essa corrida por remédios desse tipo vem causando um problema: com os medicamentos de referência em falta, a busca por medicamentos feitos em pequenas farmácias de manipulação, sem o devido acompanhamento técnico responsável, disparou nos EUA.
Cada dose do remédio de marca custa cerca de US$ 1 mil por mês, o que leva as pessoas a buscarem alternativas mais baratas. Analistas estimam que esse mercado paralelo possa movimentar até US$ 1 bilhão por ano, mas os números podem ser ainda maiores, dada a falta de informações disponíveis.
O Wegovy começou a ser vendido nas farmácias brasileiras, com preços variando entre R$ 1.228,14 e R$ 2.366,15. A previsão inicial era de que o medicamento estivesse disponível apenas em agosto.
Especialista ouvidos pela Bloomberg avaliam que milhares de americanos estão usando medicamentos que não foram avaliados pelo FDA.
Com essa "invasão" de remédios, a Novo Nordisk e a Lilly estão preocupados com a reputação de seus marcas e vêm tentando limitar a manipulação, abrindo dezenas de ações judiciais contra farmácias e clínicas que oferecem "cópias" de sus medicamentos.
A Novo alegou em processos que alguns medicamentos manipulados apresentavam impurezas ou concentrações mais baixas do que deveriam. A Lilly disse em um comunicado à imprensa que alguns continham bactérias, altos níveis de impurezas e, em um caso, a droga “nada mais era do que álcool açucarado”.
A Organização Mundial da Saúde alertou no mês passado que lotes falsos do Ozempic têm circulado em meio à crescente demanda de pacientes para perder peso.
Três lotes falsificados foram identificados no Brasil e no Reino Unido em outubro do ano passado e um nos EUA, em dezembro.
Embora o órgão global tenha monitorado um número crescente de relatos de semaglutida falsa desde 2022, foi a primeira vez que emitiu um aviso oficial de alerta.
Os produtos falsificados podem prejudicar a saúde dos pacientes porque não contêm os ingredientes corretos e, em alguns casos, podem até conter um medicamento diferente – como a insulina – que pode ser perigoso quando tomado incorretamente, afirmou a OMS. Ozempic é um tratamento para diabetes; a semaglutida é vendida para obesidade sob a marca Wegovy.