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"João Fonseca pode chegar muito mais longe do que eu”, diz Guga Kuerten

Tenista ex-número 1 do mundo fala sobre sua parceria com os relógios Lacoste da Movado, o alcance do Instituto Guga Kuerten e as perspectivas para o esporte no Brasil

Gustavo Kuerten: parceria com a Lacoste, agora com relógios (Lu Prezia/Divulgação)

Gustavo Kuerten: parceria com a Lacoste, agora com relógios (Lu Prezia/Divulgação)

Ivan Padilla
Ivan Padilla

Editor de Casual e Especiais

Publicado em 14 de dezembro de 2024 às 07h00.

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Gustavo Kuerten, o Guga, foi o melhor jogador brasileiro da era moderna do tênis. Entre outras conquistas, ele foi campeão três vezes de Roland Garros, venceu uma vez o Masters Cup e foi número um do mundo. Com tantas vitórias na currículo, ele acha que o jovem João Fonseca, de 18 anos, atual número 145 do mundo, pode chegar mais longe ainda.

Guga participou nesta semana do Watch Day no Brasil. O evento aconteceu em São Paulo e reuniu marcas importantes do portfólio do grupo Movado, incluindo Lacoste, BOSS Watches, Calvin Klein Watches, Tommy Hilfiger WatchesOlivia Burton London e a própria Movado. Guga falou com a EXAME Casual no dia do evento.

Como é sua parceria com a Lacoste?

A parceria com a Lacoste já existe há muito tempo na parte de vestuário, e há cerca de cinco anos se estendeu para relógios e acessórios. Temos uma conexão muito forte com a cultura e a filosofia da marca, que está alinhada com nossos sonhos. Isso explica a longevidade da parceria. Para mim, a Lacoste acabou se tornando uma extensão do meu dia a dia. Em qualquer evento, seja profissional ou pessoal, ela funciona muito bem. E é muito fácil ficar elegante com as roupas da marca (risos).

O Instituto Guga Kuerten completa 25 anos. Qual o alcance atual do projeto?

Estamos com cerca de 400 crianças e jovens que atendemos diretamente, incluindo pessoas com deficiência. Anualmente, nossos projetos pontuais atingem de 5 a 10 mil pessoas. Já atuamos em mais de 180 municípios de Santa Catarina. O instituto se tornou uma referência em trabalho social, trazendo inspiração, educação e oportunidades. Já impactamos diretamente mais de 100 mil pessoas ao longo desses anos.

Como você vê as mudanças no tênis atual em comparação com 20 anos atrás?

É um universo completamente diferente. A principal mudança está na inteligência e na capacidade de utilizar a informação disponível. Isso permitiu que as carreiras se estendessem de 10 para 20 anos. A medicina esportiva evoluiu muito, e hoje um jogador top viaja com uma equipe completa de profissionais. Antes, vivíamos mais do esforço e do treinamento intenso, o que trazia resultados a curto prazo, mas também levava a um desgaste imenso. Eles vão ser jogadores melhores, porém em termos de títulos eu não sei se eles terão tempo para ser tão vitoriosos.

A nova geração e os Big Three

Você diz em comparação aos Big Three?

É sempre complicado fazer comparações entre gerações, mas o tênis atual está em um nível impressionante. Sinner e Alcaraz têm mostrado um tênis de altíssima qualidade, com uma combinação de potência, velocidade e habilidade técnica que é realmente notável. Eles estão levando o jogo a novos patamares em alguns aspectos. No entanto, é importante lembrar que Federer, Nadal e Djokovic dominaram o esporte por quase duas décadas, algo sem precedentes. Eles não apenas ganharam um número incrível de títulos, mas também elevaram constantemente o nível do jogo e se adaptaram ao longo do tempo. O que podemos dizer é que Sinner e Alcaraz têm o potencial para formar uma rivalidade histórica. Eles já dividiram os quatro Grand Slams em 2024, o que é um feito notável. Mas ainda é cedo para compará-los diretamente com os Big Three. O que torna essa nova geração especialmente empolgante é que eles parecem estar construindo sobre o legado dos Big Three, incorporando elementos do jogo de cada um deles e adicionando suas próprias inovações. É um momento muito emocionante para o tênis, e será fascinante ver como essa história se desenrola nos próximos anos.

O que acha de João Fonseca, a nova promessa do tênis brasileiro?

O João é um menino que chama a atenção do mundo, não apenas do Brasil. Isso pode ser algo favorável a ele. Nossa história já está feita, e o João precisa construir a própria trajetória. Ele tem um potencial gigantesco e vem numa curva de crescimento impressionante. Seria lindo ter um brasileiro novamente com essas pretensões, como está acontecendo com a Bia Haddad Maia.

Você acredita que ele pode superar suas conquistas?

Tem total potencial para fazer muito mais história e chegar ainda mais longe. Claro que no esporte nada é garantido, mas o nível que o João está atingindo é comparável ao dos ícones mundiais. Isso é superpositivo. Tomara que seja assim, porque temos no tênis brasileiro hoje um momento bem mais saudável de conhecimento e capacidade. Quanto antes vier um novo ícone para nos ajudar a cultivar essas pretensões, melhor.

Como foi a experiência de participar da série sobre sua vida na Netflix?

É uma experiência sempre agradável poder revisitar a história e relembrar os passos e as pessoas que estiveram envolvidas. Em especial, a audácia e a visão do meu pai de enxergar o tênis como uma possibilidade para nós. Isso é uma grande novidade para todo mundo. Quando olhamos as peças montadas nessa aventura, fica evidente que meu pai já tinha tudo escrito na cabeça dele. As chances eram tão pequenas que, de fato, o principal protagonista dessa história é ele. É muito gostoso relembrar, porque emociona. Com a idade que tenho hoje, é fácil olhar e se distanciar da história, mas é importante reverenciar o esforço de todos que estiveram juntos nessa jornada.

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