Fogo de Chão expande no Brasil: meta é abrir novas lojas e alcançar US$ 1 bilhão de receita
Criada no sul do Brasil em 1979 pelos irmãos Arri e Jair Coser, a Fogo de Chão tem a maior parte do negócio fora do país, com 68 lojas nos Estados Unidos
Repórter de Lifestyle
Publicado em 7 de junho de 2024 às 18h53.
Última atualização em 7 de junho de 2024 às 18h57.
DE BRASÍLIA - Quando falamos em churrasco e churrascaria, um dos nomes que vêm à mente certamente é a Fogo de Chão . Mesmo que você nunca tenha pisado em um dos restaurantes da marca, ela certamente está no imaginário brasileiro, especialmente para aqueles que moram nos Estados Unidos.
Criada no sul do Brasil em 1979 pelos irmãos Arri e Jair Coser, a Fogo de Chão tem a maior parte do negócio fora do país, com 68 lojas nos Estados Unidos. Aqui no Brasil, são apenas oito. Tudo fruto de um processo de expansão iniciado em 1997, pelo Texas. No ano passado, a marca foi adquirida pela gestora americana Bain Capital.
Segundo Barry McGowan, CEO da Fogo de Chão, nos próximos anos a marca está empenhada em abrir mais restaurantes por aqui – a meta é até três novas lojas por ano, com um investimento na casa dos 10 milhões de dólares. Já está nos planos a abertura de uma loja em São Paulo, no segundo semestre. Tudo com o objetivo de atingir o primeiro bilhão de dólares de receita em três anos, sem perder a essência brasileira, garante o executivo.
Atenta às mudanças de comportamento da sociedade (pesquisas mostram que há uma tendência de redução do consumo de carne no mundo), a Fogo de Chão implementou diversas mudanças no cardápio e conta com opções veganas e vegetarianas. A cara física também mudou. Não se parece mais com uma churrascaria convencional, mas sim com um restaurante sofisticado e, ao mesmo tempo, descontraído.
Essa atualização de design já começou em diversas lojas pelo mundo, incluindo o Brasil. O mais recente foi o novo restaurante em Brasília, no Distrito Federal, aberto ao público nesta sexta-feira, 7. "Continuamos focados na autenticidade dos cortes brasileiros, como picanha e fraldinha, que são os favoritos", disse Barry McGowan em entrevista exclusiva à Casual EXAME. Veja a seguir os principais trechos da conversa.
A Fogo de Chão é uma marca brasileira muito conhecida. Como você relaciona a cultura brasileira com a marca Fogo de Chão e como essa cultura é transmitida globalmente?
O que me atraiu para a Fogo de Chão 11 anos atrás foi sua autenticidade e sua arte culinária centenária chamada churrasco. A alma do Fogo de Chão é a forma de arte de como assar e servir carnes. Isso se traduz ao redor do mundo com autenticidade. A marca Brasil já é conhecida globalmente e não precisamos fazer isso. Levamos a forma de arte culinária brasileira para lugares como Brooklyn, Nova York, e outros. O Brasil é um país culturalmente diverso e único, e isso se traduz para qualquer lugar no mundo, seja na Ásia, no Oriente Médio, na Europa ou nos Estados Unidos. Criamos design e espaço que dão aos nossos convidados a experiência do Brasil onde quer que estejam.
Como você se sente pessoalmente ao liderar uma marca que carrega uma tradição brasileira tão forte?
É uma enorme responsabilidade e levo isso muito a sério. Sou o defensor da cultura. Quando comecei, a marca tinha 35 anos e não estava inovando nem crescendo. Ajudei a equipe a entender a estratégia necessária e a focar na autenticidade e na qualidade. Após 45 anos, temos 87 restaurantes globalmente, sempre focando nas pessoas primeiro, na qualidade e na autenticidade. Investimos muito em treinamento e promovemos um ambiente autêntico para nossos convidados.
Quais são os planos de expansão da Fogo de Chão no Brasil e ao redor do mundo?
Estamos focados em crescer onde já estamos presentes. Investimos 25 milhões de dólares para renovar e realocar restaurantes no Brasil. Vamos crescer de 10% a 15% ao ano no país, principalmente em São Paulo, Rio e outras grandes cidades. Nos Estados Unidos, estamos crescendo a 15% ao ano. Temos parceiros no México e outros lugares, expandindo de forma orgânica. Nossa estratégia é focar nas Américas, onde a marca tem alto reconhecimento. No Brasil, vamos abrir de um a dois restaurantes por ano. Este ano vamos chegar a 100 restaurantes globalmente. Será um investimento de 50 a 70 milhões de dólares por ano, sendo que de 8 a 10 milhões serão no Brasil. Em três anos queremos atingir nosso primeiro bilhão de dólares em receita.
Recentemente, a Fogo de Chão introduziu cortes americanos no menu. Isso é uma mudança na essência do restaurante?
Não, é uma adição ao nosso menu, proporcionando mais opções aos nossos clientes. Continuamos focados na autenticidade dos cortes brasileiros, como picanha e fraldinha, que são os favoritos. A introdução de novos cortes e inovações é para atender às demandas dos consumidores, especialmente millennials e geração Z, que buscam novas experiências. Nosso público é diversificado e queremos proporcionar uma experiência completa e autêntica, independentemente das preferências alimentares. Agora, temos menus veganos e vegetarianos sazonais. Queremos ser um lugar de encontro social, onde todos, independentemente de suas preferências alimentares, possam desfrutar.
Você mencionou a expansão internacional da Fogo de Chão. A marca vai se tornar mais internacional e menos brasileira?
Sempre seremos uma marca brasileira em primeiro lugar. Nossa alma é brasileira, e isso nunca vai mudar. Somos uma marca global, mas agimos localmente, com operadores apaixonados pela autenticidade e pela arte culinária brasileira. O maior crescimento será nos Estados Unidos onde temos um grande potencial de expansão. Estamos construindo a marca de forma estratégica, garantindo que mais pessoas experimentem e tenha acesso à Fogo de Chão.
*O jornalista viajou a convite da Fogo de Chão.