Brasil precisa acima de tudo de paz (Globo/ João Miguel Júnior/Divulgação)
Bússola
Publicado em 27 de outubro de 2022 às 13h30.
Estamos perto do dia 30 de outubro e, ainda agora, não há nenhuma certeza sobre quem será o Presidente da República a partir de 1º de janeiro, uma vez que os principais institutos de pesquisa indicam percentuais muito próximos, considerando a margem de erro.
A única certeza é que o Brasil que sairá depois das eleições está longe de um consenso, a levar-se em conta que a diferença de votos entre os dois candidatos não deverá ser muito expressiva.
Isso é preocupante, dada a temperatura elevada registrada nessa campanha eleitoral, com ataques agressivos inflados pelas redes sociais e que, em alguns casos, descambaram até mesmo para cenas injustificáveis de violência.
Seja quem for o eleito, pelo bem da democracia, é fundamental uma atitude equilibrada de vencedores e derrotados.
Do lado do vencedor, é preciso não incendiar mais o ambiente, estando ciente que o resultado da apuração reflete sobretudo um Brasil extremamente dividido, com visões bastante opostas. É imperativo, portanto, pacificar os ânimos. Do lado derrotado, é importantíssimo que se reconheça o resultado e que se faça uma oposição responsável, dentro dos melhores interesses nacionais.
Infelizmente, o que tem predominado na campanha presidencial é a inexistência de discussões mais consistentes. Definitivamente, faltou um debate mais fundamentado sobre políticas de governo – e não apenas baseado em criticar o oponente ou fazer promessas que ninguém disse como será capaz de concretizar. Não por acaso, as últimas semanas de debate me fizeram recordar uma frase antiga que certa vez escutei de um então prefeito: “A gente promete tudo. Depois, entrega e cumpre aquilo que dá!"
Evidentemente, imaginava-se que os ataques mútuos dariam o tom da campanha, mas é preciso reconhecer que havia uma expectativa de um debate programático mais a fundo sobre os planos de governo de cada lado, considerando-se que o cenário impõe muitas preocupações. E a maior delas está na agenda econômica.
O fato é que é impossível saber de que forma serão atendidas tantas promessas feitas pelas duas candidaturas – ainda que muitas delas sejam absolutamente necessárias e até prioritárias. Ninguém disse claramente, preto no branco, como fazer – certamente para não dar munição ao adversário. E o ponto central, nessa discussão, deveria ser como fazer e onde encontrar os recursos orçamentários necessários – vale lembrar que o Brasil continua impactado pela Guerra na Ucrânia, entre outros fatores.
Outro ponto essencial que praticamente não foi tratado nos debates: a reforma tributária. É indispensável que o governo eleito perceba a necessidade de simplificação, bem como em promover uma redução adequada da carga tributária que estimule investimentos, de modo a fomentar a competitividade -- inclusive na exportação de seus produtos.
Quem vencer, seja quem for, não deve entender o resultado como vitória. Deve, sim, buscar arrefecer os ânimos e arregaçar as mangas, ciente de que terá um grande desafio pela frente.
O momento pede sabedoria. Mais do que tudo, o Brasil precisa de paz. Que o vencedor possa montar um time de primeira linha, com boa capacidade de diálogo, e que estabeleça pontes com investidores estrangeiros, para que o Brasil saia mais fortalecido desta crise e possa gerar renda e emprego, em benefício de todos os brasileiros.
*Rogério Nery de Siqueira Silva é CEO do Grupo Integração. afiliada da TV Globo em Minas Gerais
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