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Publicidade afeta o mercado de streaming e Netflix cede às mudanças

A Netflix perdeu 200 mil assinantes no primeiro trimestre deste ano, nos Estados Unidos, uma queda significativa da gigante dominante do setor

Escutar e enxergar o consumidor e todas as suas idiossincrasias é a forma mais assertiva para qualquer negócio. (Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)

Escutar e enxergar o consumidor e todas as suas idiossincrasias é a forma mais assertiva para qualquer negócio. (Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)

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Publicado em 27 de abril de 2022 às 15h22.

Por Alexandre Loures e Flávio Castro*

A Netflix perdeu 200 mil assinantes no primeiro trimestre deste ano, nos Estados Unidos, uma queda significativa da gigante dominante do setor, apesar de ainda permanecer em um nível de retenção muito saudável.

Em mais de uma década, é a primeira vez que a plataforma registrou um resultado negativo que já causou impacto na Bolsa de Valores de NY. As ações da Nasdaq sofreram um colapso vertical: -27,5% no after Market.

Podemos atribuir esse declínio a inúmeros fatores como a concorrência, a crise financeira e o compartilhamento de senhas, mas a oferta do streaming aumentou muito desde quando a plataforma começou a disponibilizar seus títulos.

Ao longo dos anos, a Netflix assistiu a ascensão de seus concorrentes que estão acelerando seus crescimentos, caso da Disney+, Apple TV, Amazon, Google Play, entre outras, além de oferecerem preços competitivos e pacotes convidativos.

Mais ofertas, menos fidelidade. Prever o comportamento dos assinantes ficou mais difícil e o trânsito entre uma plataforma e outra só tende a crescer.

Cada cliente conquistado, neste turbilhão de novos nomes do mercado de streaming, faz parte de uma estratégia muito mais elaborada do que era quando da fundação da Netflix.

As principais empresas de tecnologia de streaming já começaram a mudar a forma como veem a publicidade e a oposição ferrenha de veiculação de anúncios, na Netflix, está por um fio.

O sinal mais evidente dessa transição foi quando as plataformas de streaming começaram a aparecer na Madison Avenue, em Nova Iorque, endereço da maioria das maiores agências de publicidade do mundo.

Não dá para negar que anúncios sustentam a TV aberta há muitos anos e esse é o maior segredo de sua longevidade.

Demorou alguns anos, mas esse formato de sucesso se apresenta na era do streaming contemporâneo, levando ao setor novas maneiras de monetização.

A Amazon já reforçou sua aposta no seu serviço de streaming gratuito bancado por publicidade e o rebatizou como Freevee.

Definitivamente TV gratuita sem anúncios não é mais uma opção.

Hulu, Warner Bros, HBO Max, Paramount+, entre outras, já oferecem assinaturas com preços mais baixos que incluem anúncios. A Disney+ afirmou que irá oferecer uma versão desse formato ainda neste ano.

Netflix será uma das últimas plataformas de vídeo por assinatura, senão a última, a oferecer um plano mais barato suportado por anúncios.

Há anos o YouTube tem seus vídeos sustentados por publicidade e a fórmula é de sucesso.

Atualmente o consumidor tem, em suas mãos, muito mais poder de escolha. Permitir que ele tenha mais opções é entender que a entrega deve atender à demanda.

Essa transformação é necessária para todos os atores: marcas, agências, canais de assinatura e consumidores.

As implicações financeiras são inúmeras e oferecer preços mais baixos significa ter abertura em relação à participação do público nas inúmeras transições que o setor terá.

Cada vez mais todos temos que estar atentos às tantas e tão rápidas mudanças que o mundo vive. Toda e qualquer informação não pode ser descartada e deve ser levada em conta em cada ação a ser tomada.

Escutar e enxergar o consumidor e todas as suas idiossincrasias é a forma mais assertiva para qualquer negócio.

É fundamental se adequar ao cenário.

A gigante Netflix, lá atrás, conseguiu desbancar a maior locadora de vídeos do mundo criando tecnologia inovadora que revolucionou a forma de produzir conteúdo.

O público a apoiou e seguiu. Agora sinaliza que é hora de mudar.

Formatos são mutáveis e, se não atenderem às reviravoltas do mundo, provavelmente não sobreviverão.

A boa nova é que essa marca de sucesso tem uma trajetória de mudanças de perspectivas e acompanhamento da contemporaneidade do mundo.

Provavelmente novas configurações estarão disponíveis em pouco tempo.

Certamente iremos acompanhar.

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*Alexandre Loures e Flávio Castro são sócios da FSB Comunicação

Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.

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