A obra apresenta 11 contos (Bússola/Divulgação)
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Publicado em 12 de junho de 2023 às 14h32.
Última atualização em 12 de junho de 2023 às 14h44.
Por Danilo Vicente*
Terminei de ler "A Cidade de Vapor", livro póstumo de Carlos Ruiz Zafón. Depois de Miguel de Cervantes, Zafón é o escritor espanhol mais lido no mundo. Nesta última obra estão 11 contos do autor. Curiosamente, um deles dedicado ao lendário Cervantes. O derradeiro trabalho de Zafón é uma publicação que honra o autor.
Os contos reunidos em "A Cidade de Vapor" seguem a linha do mais famoso livro de Zafón, "A Sombra do Vento", que inicia a tetralogia chamada de "O Cemitério dos Livros Esquecidos". São todos incríveis!
O que se lê nos quatro volumes – narrativas que percorrem os labirintos de uma Barcelona antiga, que poucos olhos enxergam – aparece também em "A Cidade de Vapor", ainda que em situações distantes entre si.
No livro, surgem ancestrais da família Sempere (central nos livros anteriores) e personagens já conhecidos de quem leu a série, como um David Martín jovem vivendo a primeira paixão, além de figuras sombrias, escritores atormentados e personagens reais como o arquiteto Gaudí e o próprio Cervantes, que aparece no conto "O Príncipe do Parnasso", o mais extenso e importante do livro, que (fãs, atenção) traz a origem do "Cemitério dos Livros Esquecidos".
Como sempre com Zafón, é uma ficção onírica, muito calcada na realidade. No fim das contas, é uma homenagem aos livros e à literatura. A maioria dos textos foi escrita por Zafón para publicações avulsas, em revistas e jornais, mas há três contos inéditos.
Zafón morreu de câncer em 2020, em meio ao sucesso. Morava em Los Angeles, cidade que escolheu para viver recluso – depois de tentativas infrutíferas de se aproximar do cinema. É daqueles autores que precisam ser lidos. "A Cidade de Vapor" não é para ser o livro de estreia para quem não conhece seus textos. Porém, é um complemento cinco estrelas para os zafonianos.
*Danilo Vicente é sócio-diretor da Loures Comunicação
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