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Por Danilo Vicente*

Triângulo da Tristeza passou quase despercebido no Oscar deste ano. Indicado nas categorias Filme, Roteiro Original e Direção, levou zero estatueta para casa. Li críticas elogiando e depreciando. Para mim, o melhor filme da temporada, então, trago aqui a indicação. Por isso e por ser daqueles filmes que apontam o dedo à sociedade, mostrando como convivem ricos e pobres, empresários e empregados, celebridades e anônimos... e muitas vezes não percebem comportamentos surreais.

Uma das primeiras cenas do longa é com o casal principal. São os modelos Yaya (Charlbi Dean) e Carl (Harris Dickinson) discutindo quem paga a conta em um restaurante. Ela havia prometido pagar, mas dá uma de sonsa. Logo depois, eles são premiados com uma espécie de cruzeiro, em um iate, repleto de ricos.

A discussão sobre a conta no restaurante, aberta pelo diretor Ruben Östlund, ganha companhia. Um russo anticomunista vendedor de fertilizantes com sua amante e esposa, um simpático casal de ingleses comerciantes de explosivos, um bilionário solitário. Como se percebe, personagens caricatos. E é essa a intenção do diretor Östlund. Ele quer mostrar que a sociedade está repleta de caricaturas.

Os ricos do iate são mostrados com sutileza e rapidez admiráveis. Os diálogos dão ao espectador a dimensão de seus pensamentos absurdos. Até que a situação passa ao descontrole total. A esposa do russo capitalista resolve que toda a tripulação precisa atender a um pedido seu.

E o barco afunda! Daí em diante o que já estava bom... melhora. Quem estava por baixo, sobe. Empresários viram empregados. Empregados viram chefes. E é interessante ver como o momento define relações e comportamentos. É também uma boa análise para patrões repensarem a forma como tratam subordinados ou como ricos tratam os pobres. E como seria se esses papéis se invertessem.

O único nome famoso no elenco é Woody Harrelson, o capitão do iate. Charlbi Dean, a protagonista, infelizmente não acompanhou o sucesso da obra: morreu aos 32 anos com uma sepse causada por uma bactéria chamada Capnocytophaga.

Não pense que a crítica de Triângulo da Tristeza é apenas para os ricos. É, sim, para todos, ainda mais para os que têm poder.

Depois de gostar de Triângulo da Tristeza, fui atrás de outros filmes do diretor. Seu mais famoso é Força Maior, de 2014, que traz uma cena constantemente vista nas redes sociais: um pai abandona a família ao ver uma avalanche se aproximar, deixando que a mãe proteja sozinha os filhos. Ele salva apenas o telefone celular.

Ruben Östlund mostra que gosta e sabe como cutucar a sociedade.

*Danilo Vicente é sócio-diretor da Loures Comunicação

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