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Omarson Costa: equação de Musk no Twitter faz sentido?

Entenda porque o Twitter é fundamental na sustentação dos regimes democráticos

Quais os impactos do Twitter de Musk para a sociedade? (AFP/AFP Photo)
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Bússola

Publicado em 28 de dezembro de 2022 às 16h21.

Última atualização em 28 de dezembro de 2022 às 17h10.

Por Omarson Costa*

E = m.c2, ou energia equivale à massa multiplicada pela velocidade da luz ao quadrado. Essa proposição aparentemente simples de Albert Einstein se tornou a equação mais célebre do século 20 ao explicar como a matéria se transforma em energia. Nem toda situação complexa pode ser tão bem resumida em quatro caracteres. Elon Musk tem sonhos de grandeza, quer deixar um legado à humanidade. Mas parece ter exagerado ao tentar simplificar uma equação complexa chamada Twitter.

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Primeiro ia comprar, depois teria desistido, para enfim fazer uma compra agressiva (take over) da plataforma de microblog mais bem-sucedida da internet em 27 de outubro. Chegou em seu primeiro dia na sede da empresa carregando uma pia, um trocadilho em inglês (let it sink in) parecido com o nosso “aceita que dói menos”.

Musk é conhecido como um executivo que executa, no sentido literal da palavra. Assumiu o Twitter com um roadmap de que tipo de mudanças fazer na plataforma para torná-la rentável. Os resultados contundentes do empresário à frente de Tesla e SpaceX parecem cartões de visita suficientes para acreditar que ele estava fazendo certo quando executou (em sentido figurado) todo o alto escalão do Twitter dando a entender que todos eram meio preguiçosos e que, dali em diante, quem quisesse trabalhar na empresa teria de pegar firme.

A equação dele era: Empresa perdendo dinheiro equivale a funcionários preguiçosos multiplicado por ideias mal executadas ao quadrado. Mas será que é tão simples assim? Mesmo comandando uma empresa de viagens espaciais, será que a equação de Musk faz sentido ?

O professor Scott Galloway criou há cerca de um ano um índice bastante divertido batizado com o acrônimo em inglês DBB (Daily Benjamin Burn — Benjamin Franklin é o personagem que estampa a nota de US$ 100), ou seja, a taxa de “queima” de dólares diária causada por executivos com gestões pouco memoráveis. O correspondente no Brasil seria algo como QDG (Queima diária de “garoupas”, o peixe no verso da nota de R$ 100). São citados desde o sujeito do esquema de pirâmide criminoso Bernie Madoff até casos como o de Steve Ballmer na Microsoft, que gastou US$ 22 milhões por dia com decisões ruins como a compra da Nokia.

Even Shapiro, que é um especialista em mídia, fez uma atualização do gráfico de Galloway, incluindo o CEO da Warner Bros. Discovery e Musk como o provável campeão absoluto, torrando US$ 733 milhões por dia, o que faria desse o caso mais desastroso de gestão de um CEO na história — ainda que Shapiro lhe conceda o benefício da dúvida porque o jogo apenas começou.

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Para entender o cálculo de Shapiro vale voltar no tempo. Em 2006, Jack Dorsey lançou o Twitter.com, uma plataforma de mensagens para SMS (Daí o limite de 140 caracteres de então). Ao entender que a internet ia ganhar importância, sobretudo com os smartphones, Dorsey comprou o domínio twitter.com por US$ 7,5 mil. No final de 2010, o serviço agora com nova categoria, a de microblog, captou US$ 200 milhões, projetando um valor de mercado de US$ 3,7 bilhões! Impressionante para uma empresa que tinha recusado uma oferta de compra do Facebook dois anos antes por pouco mais de um décimo desse valor.

Desde a circulação de informações a respeito de um terremoto em São Francisco em 2007, passando pelo papel desempenhado por simpatizantes de Barack Obama, nas eleições de 2008, a ponto de o próprio virar usuário da rede, ou a cobertura de uma revolta no Irã e subsequentes tumultos no mundo muçulmano que ficaram conhecidos como Primavera Árabe, ficou claro que o Twitter tinha uma função importante no ecossistema da internet e no crescimento das rede sociais.

Acontece que, apesar do enorme sucesso conceitual, o Twitter demorou a fazer dinheiro. Essa foi a razão pela qual os dois fundadores deixaram de ser CEOs da companhia. O modelo de monetização foi implementado em 2010, mas a plataforma só começou mesmo a fazer dinheiro em 2017-18. Tanto é que o seu valor de mercado mais alto na história só ocorreu em 2021, com valuation em US$ 53,1 bi.

Shapiro acha que os US$ 44 bilhões pagos pelo Twitter foram um exagero e diz, com certo exagero dele próprio, que seu valor deve ter despencado pela metade, o que equivaleria a Musk torrar US$ 22 bi em um mês, daí a “torra diária” tão alta. Como a empresa não é mais listada na Nasdaq, o valuation atual é só estimado.

Vale analisar aqui alguns dos erros cometidos pelo bilionário em sua chegada ao Twitter, tão exitosa quanto a clássica entrada de mastodontes em lojas de cristal.

Funcionários

Sua abordagem como líder de pessoas não poderia ser mais desastrosa, na contramão de tudo o que se prega hoje como boas práticas, ESG, etc. No dia 1º de novembro, começou destituindo todo o conselho de administração, num recado claro de que “quem manda aqui sou eu”.

Demitiu diretores via Twitter, por mais metalinguístico que pareça, e anunciou um corte de 25% na força de trabalho da empresa, que já está em 50%. Mandou ainda um ultimato aos remanescentes que se preparassem para trabalho "hardcore”, sem as mordomias típicas do Vale do Silício.

Resultado: houve uma demissão em massa de funcionários, além daqueles que o empresário demitiu por conta própria. A ideia de Musk era “reduzindo a força de trabalho o lucro aumenta”. E=mc2? Not so fast!

A força de trabalho no setor de Tecnologia da Informação tem alto índice de empregabilidade, já que bons programadores vivem em falta no mercado. Sem contar que a maioria é, pelo menos, da geração Millenium. Logo, não suporta a ideia de que seu lugar de trabalho pareça um canavial do século 17 ou uma montadora da Ford no início do século passado. Qualidade de vida é importante para esse pessoal. A não ser em um quadro de recessão extrema, cenas como as que viralizaram recentemente de uma funcionária que havia trazido saco de dormir para o trabalho tem pouco apelo entre essa elite da força de trabalho atual.

Chegou a um ponto em que ele teve de chamar funcionários de volta, porque as demissões parecem ter sido pouco criteriosas e setores inteiros da plataforma simplesmente pararam de funcionar por falta de pessoal com expertise para tal.

Quem ficou, ao menos nas primeiras semanas não sabia a quem respondia, qual a reformulação de departamentos e em que trabalhar. Envolvidos com o produto, a menina dos olhos de Musk trabalhavam 20 horas por dia enquanto os demais ficaram sem fazer nada.

Produto

Quando li que Musk já tinha um roadmap completo de produto para tornar a ferramenta rentável, confesso que achei sensacional. Afinal, qual o caso de aquisição recente em que o comprador chega no momento zero pronto para trazer mudanças? Não basta demitir o conselho de administração ou consultivo para poder fazer o que bem entende.

Primeiro, porque não levou em conta a reação do mercado ao modo como os funcionários foram tratados. Diversos especialistas foram duros com Musk, sobretudo pela incerteza e falta de critério, mas outros se deram ao trabalho de tentar entender se o sujeito tem um plano ou se realmente está gastando feito um bilionário de porre.

A grosso modo parece que Elon Musk ambiciona tornar o Twitter uma plataforma típica da Web 3.0. Seu uso constante de termos como transparência, liberdade de expressão, verificável e de código aberto não são conversa jogada fora. São características dos projetos de Web3 que circulam por aí.

Mais do que isso, Musk parece querer que o Twitter se transforme num superapp. O melhor exemplo hoje é o WeChat chinês. O cidadão praticamente usa o app o dia todo por causa de suas N funções úteis, desde pagamento até a tradicional interação social. Imagine um TwitterX, onde a pessoa pede um carro da Tesla para levá-lo a algum lugar, paga suas contas e troca mensagens… Tudo isso com protocolos de segurança baseados em blockchain.

Selo de Verificação

A grande obsessão de Musk nesses primeiros dias tem sido o Twitter Blue, uma versão paga da plataforma. Todo e qualquer detalhe a respeito do produto precisa ser aprovado por Elon Musk pessoalmente. Só que quem tem participado das reuniões garante que o Blue não faz sentido do ponto de vista econômico. Isso porque a assinatura seria mais light em termos de anúncio e quem tem acesso aos números disse ao site The Verge que as contas não fecham.

A grande vantagem do Twitter Blue seria conferir ao assinante um selo de verificação, o ícone azul ao lado de contas verificadas. Isso faz parte do princípio “verificável” dos planos de Musk. A maneira atual de conferir o selo foi descrita pelo novo dono do Twitter como “bullshit”.

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Fazer as pessoas pagarem pelo selo de verificação é uma fonte de renda, sem dúvida, mas não elimina o problema que o ícone tenta resolver que é a ação de gente à toa ou criminosa que tenta se passar por outras famosas para obter alguma vantagem. E não só do ponto de vista individual. Recentemente ganhou o noticiário o caso de que foi vítima o Laboratório Eli Lily.

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Uma conta falsa, que se faz passar pela verdadeira (usando o selo azul de verificação), fez um tuíte garantindo que, a partir de agora, iria oferecer insulina de graça. Imagina a confusão causada. No dia seguinte, as ações do laboratório tinham despencado quase 5%, o que correspondia a uma perda de valor de mercado acima de US$ 15 bilhões.

Mas como uma conta falsa conseguiu se passar por uma grande corporação? Ele era um assinante da primeira versão do Twitter Blue e ganhou a verificação! Até o próprio Musk foi alvo de engraçadinhos tentando se passar por ele.

Resultado: apesar de ter chamado o sistema anterior de algo como feudal, "de lordes e camponeses”, ele teve de admitir que haverá checagem humana das contas - como já era feito. Agora, o check azul será reservado às pessoas físicas. Os governos receberão um ícone de verificação cinza e as empresas um dourado.

A insistência nesse programa se explica pela tentativa de Musk de deixar o Twitter menos dependente do ganho publicitário, responsável por 90% do faturamento da empresa.

Segurança

Além da questão das contas falsas, os sistemas de segurança do Twitter foram sendo aperfeiçoados ao longo dos anos para tentar frear todo tipo de conta falsa e atividade ilegal que se utilizava da ferramenta para aplicar desde golpes a ameaças e distribuição de conteúdo criminoso, como pornografia infantil, ou tentativa de manipulação eleitoral.

Yoel Roth era o chefe do departamento que fazia o que a maioria das pessoas chama de moderação. Foi de seu time que saiu a decisão de banir da plataforma o ex-presidente Donald Trump, depois dos eventos de invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021. Ele fez um longo artigo no The New York Times logo depois que pediu demissão da empresa.

Nele, Roth afirma que a ideia de Elon Musk sobre liberdade de expressão ilimitada tem um limite na verdade, que são os anunciantes - e isso explicaria, em parte, a determinação dele de depender cada vez menos da receita de grandes empresas.

Na minha opinião, o diagnóstico de Musk é verdadeiro: a democracia supõe liberdade de expressão e o Twitter é uma espécie de grande praça. Foi a primeira rede a criar uma conta institucional do presidente dos EUA. O endereço @potus pertence ao ocupante da Casa Branca e não à pessoa física de Obama, Trump ou Biden dentro do site do Twitter. Hoje, o Facebook também funciona assim.

Na opinião de Musk, os algoritmos que regulam a plataforma não são transparentes, agindo de forma desequilibrada no sentido de permitir a liberdade de opinião, porque estariam punindo com maior frequência o discurso de direita que o de esquerda. A conclusão veio após a liberação de documentos internos da empresa que a mídia apelidou de Twitter Files.

O ex-diretor do Twitter afirma que reduzir a moderação criaria um problema para a ferramenta, que precisa respeitar as regras locais dos países. Musk já garantiu que o serviço se ajustará às exigências regulatórias feitas recentemente pela Comissão Europeia. Mas e os demais países? Como fica o Twitter em países como Síria, Egito e Tunísia, palcos da Primavera Árabe? Ou A Rússia? Existe uma questão adicional. O conceito libertário de “free speech” de Musk pode desagradar as lojas de aplicativos, no limite, fazendo com que Google e Apple decidam até retirar o Twitter de suas lojas, o que seria um golpe duríssimo.

Os anunciantes, aliás, discordam da visão de Musk. Até um pouco antes das negociações começarem, o Twitter estava perdendo anunciantes e teve uma ligeira melhora numa época em que as conversas pareciam ter dado errado, por volta de setembro. Pior: a plataforma não parece ter conseguido atrair novos anunciantes para substituir os que estão saindo.

Depois que Musk assumiu pelo menos metade dos 100 maiores anunciantes que gastaram US$ 1 bilhão desde 2020 anunciaram que iriam suspender contratos e deixar de anunciar lá. No fundo, são os anunciantes o verdadeiro poder moderador de conteúdo. Eles não querem ver suas marcas associadas com debates controversos.

Vendo o perigo que esse movimento representava, Musk pediu ao time de Roth que fosse mais rigoroso com discurso de ódio e fake news. O ex-diretor afirmou em seu artigo que, quando ele saiu, o Twitter estava até mais seguro do que antes. Com mais moderação e não menos. O gráfico feito por Galloway mostra que existe uma relação direta entre grau de moderação e o volume de crescimento de receita.

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O caso brasileiro e o Twitter

É verdade que a polarização política não é uma particularidade do ecossistema digital brasileiro em geral e, em particular, no Twitter. Embora o presidente Bolsonaro não tenha sido banido da plataforma como Trump, ele chegou a ter tuítes marcados como “fake news” durante a última campanha eleitoral.

Musk disse recentemente que teria provas de que o sistema de moderação do Twitter e o próprio algoritmo da rede privilegiaria o discurso de esquerda sobre o de direita, inclusive por aqui. Mais uma vez me valho do professor Galloway, que concluiu exatamente o contrário. Pesquisas verificáveis teriam demonstrado que os algoritmos amplificam com maior vigor os conteúdos de direita aos de esquerda.

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Os psicólogos Amos Tversky e Daniel Kahneman ganharam um Nobel pela pesquisa sobre como nós criamos realidades subjetivas, a partir de padrões inconscientes de pensamento, batizados por eles de viés cognitivo, que nos leva a tomar decisões irracionais. O filho desse padrão de pensar é o viés de confirmação, quando a gente passa a procurar ou interpretar apenas as informações que sejam consistentes com aquilo que a gente acredita, o que tornaria a realidade cada vez mais subjetiva e explicaria basicamente todo e qualquer adesão a fake news.

Musk se referiu ao Brasil ao responder a um apelo feito no Twitter pelo jornalista Roberto Motta sobre a polarização política, criticando as providências tomadas pelo Tribunal Superior Eleitoral durante a campanha de suspender contas de deputados em exercício ou recém-eleitos que levantavam dúvidas sobre o processo eleitoral e a eficácia das urnas eletrônicas brasileiras.

Setores do Congresso Nacional têm reagido com certa veemência contra a atuação do ministro Alexandre de Moraes que supostamente ordenaria a suspensão de contas como medida preventiva, sem um inquérito ou denúncia formal. Na verdade, as decisões do ministro estão no âmbito dos inquéritos das fake news e também das milícias digitais antidemocráticas, instalados ainda em 2020 e distribuídos a Moraes.

Polêmicas à parte, essas reações tornam ainda mais clara a característica do Twitter como a grande Praça Pública do debate político nas redes sociais, ainda que tenha muito menos usuários que o Facebook. O papel de mediação do debate deve ser feito por anunciantes, equipes internas das empresas prestadoras de serviço ou pelo Judiciário? A fronteira tríplice entre censura prévia, agitação política indevida, manifestação livre de opinião ainda não está clara. Nem sei se o será tão cedo.

As variáveis de Musk

Como se vê, as variáveis à disposição de Elon Musk não eram tão simples quando ele achava quando resolveu comprar a plataforma. Alguns dos planos que continuam em curso são aumentar a quantidade de caracteres permitidos, bem longe dos 141 iniciais, vídeos mais longos, bem como facilitar a liberdade de expressão.

Apresentou recentemente dados segundo os quais atualmente o Twitter ganha 2 milhões de contas por dia, os usuários gastam 8 bilhões de minutos por dia na plataforma, o discurso de ódio diminuiu e os trolls, depois de um episódio de crescimento, voltaram a níveis inferiores ao registrado anteriormente. Isso parece indicar que o pássaro azul ainda está longe da morte como imaginavam os milhares e milhares de brasileiros que abriram conta na versão indiana da plataforma chamada de Koo (também o som de um pássaro local), em parte para se ver livre da batalha campal no Twitter, em parte pela interminável série de trocadilhos com o nome da rede.

Para dar certo, Musk terá de encontrar o equilíbrio ótimo entre as variáveis “liberdade de expressão”, “ambiente seguro para anunciantes”, “garantia de leis nacionais” e manutenção do Twitter como a plataforma de vocalização global da cidadania que é a base de sistemas democráticos que são, por definição, tão transparentes quanto possível. Ainda estamos esperando uma equação mais bem pensada.

Musk, aliás, publicou uma enquete recentemente perguntando se ele deveria permanecer como presidente do Twitter e suspendeu as contas de jornalistas do The New York Times. Acabou restabelecendo as contas poucos dias depois. Até o dia 19 de dezembro a enquete apontava que 57,5% dos usuários queriam que Musk deixasse a presidência da rede social.

Concordando ou discordando de Musk no aspecto de gestão, é inegável que o Twitter é fundamental na sustentação dos regimes democráticos.

Vida longa ao Twitter!

*Omarson Costa é diretor de Negócios na Accenture e conselheiro de administração para empresas dos setores de telecomunicações, serviços, publicidade e educação

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