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Mulheres empreendedoras têm menos acesso a investimentos

Esse é um dos resultados do estudo inédito sobre a relação feminina com o ecossistema empreendedor no país, realizado pela Liga Ventures e com a PWN

Empreender não significa sinal de sucesso, diz pesquisa (diego_cervo/Thinkstock)

Empreender não significa sinal de sucesso, diz pesquisa (diego_cervo/Thinkstock)

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Publicado em 19 de agosto de 2022 às 18h00.

Última atualização em 19 de agosto de 2022 às 18h05.

Por Bússola

Com o objetivo de entender o presente e o futuro da relação das mulheres com o ambiente de negócios, a Liga Ventures, maior rede de inovação da América Latina, uniu esforços para elaborar uma pesquisa inédita com a PWN São Paulo, associação global que atua para fortalecer a rede profissional de mulheres e alcançar a liderança balanceada de gênero. A ação também teve o apoio da ElaVence, plataforma para o desenvolvimento de lideranças femininas fundada pela presidente da G2 Capital e investidora Camila Farani.

Perfil das empreendedoras e de seus negócios

Para compreender a relação das mulheres com o ecossistema atual foi necessário, antes, mapear quem são essas donas de negócios e algumas características dos seus empreendimentos. "Uma das nossas preocupações era não cair em um estereótipo de gênero, resumindo a mulher a um único perfil. Por isso, elaboramos o questionário de modo a considerar as particularidades das empreendedoras e o contexto no qual estão inseridas e como tais diversidades impactam a experiência no ambiente de negócios", declara Anna Oliveira, líder do Liga Insights, área de inteligência de mercado da Liga Ventures.

Origem socioeconômica, questões étnico-raciais, orientação sexual, deficiência, maternidade, local de atuação, nível de escolaridade e idade foram alguns fatores considerados no levantamento, que demonstraram uma influência na quantidade e no tipo de barreira presente na jornada empreendedora. Um exemplo é o acesso à tecnologia.

Apesar de só 21% do total de respondentes afirmarem que todas as soluções oferecidas têm base tecnológica, essa porcentagem fica menor quando considerado o marcador racial: apenas 14,8% das empreendedoras negras aplicam tecnologia no seu negócio. "Acho que isso tem um impacto ruim em relação ao próprio desenvolvimento de tecnologias, que poderiam ser muito mais diversas", diz Silvana Bahia, codiretora executiva da Olabi.

Com relação ao perfil do negócio, 27% das respondentes estão à frente de uma startup e 70% têm uma micro pequena empresa e os 3% restantes lideram um empreendimento de médio porte. Quanto ao ano de início na jornada empreendedora, a maioria começou na pandemia.

Outras informações que valem destaque são: 57,7% estão empreendendo pela primeira vez; 49,4% não tem sócio/a; e 66,5% nunca tiveram a oportunidade de estabelecer uma parceria com grandes empresas. Analisando os dados, foi possível notar uma relação com o desempenho, conforme detalhado a seguir.

O que impacta o resultado das empreendedoras

Apesar de a experiência ser importante, a pesquisa revela que empreender várias vezes não significa, necessariamente, sinal de sucesso. Ainda que a percepção positiva de desempenho sobre o negócio cresça à medida que a respondente já empreendeu uma ou duas vezes — 27,5% e 31,7%, respectivamente —, esta tendência não se aplica àquelas que empreenderam três ou mais vezes e falharam, visto que estas registraram o percentual positivo mais baixo dentre os grupos analisados.

Já as mulheres que têm mais de um negócio atualmente relataram o melhor desempenho dentre todas as participantes, com 35,7%. “Entendemos que os erros fazem parte do aprendizado, por isso, na média, os empreendedores costumam ter sucesso na terceira tentativa, de forma geral.

No entanto, o desempenho não é tão positivo quando alguém empreende mais de três vezes porque deve haver outro motivo, como a falta de investimentos financeiros, não ter um perfil empreendedor ou aptidão para os negócios, às vezes pode ser até a falta de um sócio que realmente consiga ser um complemento importante de competências", declara Lina Nakata, co-presidente da PWN São Paulo e professora da FIA Business School.

Outra descoberta interessante e que se aplica a todos os perfis de empreendimento é que parcerias com grandes empresas podem auxiliar no sucesso do negócio. Quando considerado apenas o grupo das empreendedoras que disseram ter parcerias de negócio com grandes empresas e clientes com esse perfil, 50,4% delas sinalizaram que o desempenho do seu negócio atual é bom, ótimo ou excelente — o dobro do percentual obtido entre as participantes que nunca tiveram oportunidade de estabelecer uma relação com grandes corporações (24,0%).

Com base na pesquisa, foi possível notar também que a percepção de desempenho muda conforme o negócio possui tecnologia: 14,3% das fundadoras de startups growth com soluções tecnológicas avaliaram o resultado como positivo. Já entre as que não desenvolveram produtos e/ou serviços assim, a percepção satisfatória foi de 1,0%.

Essa relação se repetiu para as startups early stage. “A baixa presença de mulheres nas áreas de tecnologia passa pela falta de incentivo para que meninas e adolescentes ocupem esses espaços que, culturalmente, são mais ocupados por homens. Essa situação pode ter um efeito dominó, impactando na criação de soluções tecnológicas, na contratação de profissionais, na escalabilidade do negócio e também no investimento recebido”, afirma Luiza Vieira, editora-chefe do Liga Insights.

Ao todo, o estudo ouviu 1.180 empreendedoras de todas as 27 unidades federativas do país. Além disso, o estudo houve entrevistas exclusivas com 27 agentes no ecossistema empreendedor feminino, dentre elas Camila Achutti, fundadora e CEO da Mastertech; Carolina Ignarra, CEO do Grupo Talento Incluir; Cíntia Mano, sócia e diretora da COREangels; Danilca Galdin, head de pesquisa na Cia de Talentos; Karen Santos, CEO da UX para Minas Pretas; Mariana Juer, coordenadora do programa Mulheres Inovadoras da Finep.

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