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M&As surgem como alternativas para startups brasileiras em busca de unicórnios

Ao mesmo tempo, a Frete.com, um dos unicórnios do país, contornou a desaceleração e anunciou R$ 300 milhões para investir em fusões e aquisições

Parceria chega diante de um cenário de investimentos conservador (Thinkstock/Reprodução)

Parceria chega diante de um cenário de investimentos conservador (Thinkstock/Reprodução)

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Publicado em 22 de setembro de 2022 às 10h30.

Última atualização em 22 de setembro de 2022 às 10h38.

Por Bússola

Com mais desafios na captação de recursos, startups brasileiras passaram a ter na união com outras startups uma alternativa para continuar em expansão. De acordo com o último estudo da plataforma de inovação Distrito, no primeiro semestre de 2022, enquanto aportes em startups maiores e M&As entre empresas e startups diminuíram, investimentos em empreendimentos de estágio inicial cresceram 21,5% e metade das 110 transações de fusões e aquisições realizadas no período tiveram outra startup como compradora.

Alguns exemplos dessa tendência são os negócios fechados entre Nvoip e Mais.im, Woof e Toup, Vuxx e Box Delivery. Além de terem realizado fusões e aquisições nos últimos meses, as startups Nvoip, Woof e Vuxx têm em comum o fato de fazerem parte do portfólio de investidas da associação de investimento-anjo BR Angels. Segundo o fundador e CEO do grupo, Orlando Cintra, isso indica que os negócios souberam lidar com os desafios do cenário econômico atual e aproveitar novas oportunidades para continuar expandindo.

“O BR Angels não acredita no alarmismo da falta de recursos para as startups brasileiras, que muitos pregam no ecossistema. É sim um momento de mais racionalidade, mais análise e escolhas ainda mais assertivas dos negócios aptos a receberem aportes, mas isso acarreta também em mais qualidade dos negócios selecionados. O aumento nas fusões e aquisições entre startups mostram que elas estão dispostas a aprimorar seus negócios e investir o que for preciso para continuar atendendo as dores dos consumidores. No portfólio do BR Angels, temos três que já passaram pelo processo, o que apoiamos e acreditamos ser benéfico para todas as partes envolvidas no final”, afirma Cintra.

M&As entre startups na prática

Mais que auxiliar em um cenário de investimentos conservador, o M&A entre startups pode fortalecer o desenvolvimento tecnológico dos serviços e soluções oferecidos. Segundo pesquisa da consultoria focada em processos de transformação organizacional Olivia, dentre as principais razões para realizar um M&A estão a entrada em novos mercados (42%), a ampliação da base de clientes (19%) e a incorporação de nova tecnologia (8%), know-how (8%) e talentos (2%).

Um bom exemplo é o caso da Nvoip, startup mineira do ramo de telecomunicações, que adquiriu a plataforma de comunicação corporativa Mais.im, para oferecer melhorias na comunicação externa e interna dos clientes. Agora, o SaaS baseado em comunicação por voz e APIs de inteligência de dados também vai contar com recursos de chat e mensagens via WhatsApp.

O marketplace de produtos pet Woof é mais um exemplo de startup que uniu forças com outra startup para ampliar o roadmap tecnológico. Recentemente, a Woof adquiriu a Toup, um negócio focado no desenvolvimento de softwares. O objetivo da aquisição era otimizar a jornada de compras para tutores de animais, assim como auxiliar pequenos pet shops em busca de digitalização no ecossistema da Woof. A produção de inteligência para a indústria pet com base nos dados gerados no ambiente online e nos pontos de venda físicos foi outro fator decisivo para a operação.

“A Toup acumula cases de sucesso em estruturação de produtos digitais desde a sua fundação, em 2015. Para nós, essa absorção fez muito sentido, tanto pelo fit cultural das empresas, quanto pela possibilidade da Woof ter um time de tecnologia ainda mais robusto. O nosso foco inicial é o aprimoramento da solução Woof para Pet Shops, que entrega transformação digital e upgrade estrutural para os varejistas. Assim, esperamos contribuir com os negócios locais, que representam quase 50% da indústria pet e precisam estar cada vez mais preparados para competir com as grandes redes”, diz o CEO da Woof, Caetano Altafin.

Outro caso recente de startup que passou por um M&A para se tornar uma solução mais completa foi a Vuxx, logtech que conecta motoristas de carga profissionais com empresas que necessitam deste serviço. Ao ser adquirida pela Box Delivery, plataforma online de intermediação de entregas, o negócio passou a compor um serviço especializado no segmento last mile de entregas.

"A fusão com a Box representa um novo passo para nossa logística, uma vez que abraçaremos um novo segmento e os grandes pontos fortes da empresa, que são complementares aos nossos. Inauguramos uma nova fase rumo a descomplicação do cenário do transporte nas cidades, que sempre foi a premissa da Vuxx e que só se intensifica com essa nova equipe de peso”, afirma o CEO da Vuxx, Felipe Trevisan.

"Desde o início estávamos à procura de um negócio que pudesse resolver a dor das entregas same day e next day. E a Vuxx tinha características fundamentais para isso: propósito alinhado com os nossos valores, time extremamente técnico e sinergia complementar dos serviços que precisávamos entregar para alguns de nossos clientes.", declara o CEO da Box Delivery, Felipe Criniti.

M&As e o fantasma das demissões em massa nas startups

No cenário atual, uma preocupação para empreendedores e colaboradores de startups são as demissões em massa. Conforme apontado pelo site de recolocação de profissionais de tecnologia Layoffs Brasil, as dispensas no setor ultrapassam a marca de 2 mil pessoas, apenas neste ano. O movimento atinge principalmente os unicórnios — startups avaliadas a partir de US$ 1 bilhão —, como Loft, Mercado Bitcoin, QuintoAndar e Vtex.

Também na lista de startups mitológicas do país, a Frete.com é um unicórnio que nada contra a corrente. Após anunciar R$ 300 milhões disponíveis para investir em fusões e aquisições de negócios tecnológicos, escolheu a InterSite, um dos maiores softwares para gestão de transportes do agronegócio, para estrear as ações e melhorar as operações e o atendimento da empresa. Além disso, um dos braços do grupo, a Fretebras, encontra-se com mais de 60 vagas em aberto.

“Sabemos que o momento é de liquidez mais restrita para as empresas de tecnologia, que passam a ver a oportunidade para acelerar o crescimento em uma transação de M&A. Acreditamos que existem muitas empresas realmente interessantes e que terão sinergias conosco, gerando valor para o setor como um todo. Quando a união de forças é maior do que as forças separadas, existem oportunidades de investimento a serem exploradas e, justamente por isso, acreditamos que o momento é oportuno para essas ações”, afirma o CEO e fundador da Frete.com, Federico Vega.

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