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M&As surgem como alternativa para expansão das startups brasileiras

Momento é de racionalidade, mas aumento das fusões mostra que startups estão dispostas a aprimorar seus negócios, afirma especialista

Parceria pode ser solução diante de cenário de investimentos conservador (RossHelen/Getty Images)

Parceria pode ser solução diante de cenário de investimentos conservador (RossHelen/Getty Images)

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Publicado em 26 de setembro de 2022 às 14h30.

Última atualização em 26 de setembro de 2022 às 14h47.

Com mais desafios na captação de recursos, startups brasileiras passaram a ter na união com outras startups uma alternativa para continuar em expansão. De acordo com o último estudo da plataforma de inovação Distrito, no primeiro semestre de 2022, enquanto aportes em startups maiores e M&As entre empresas e startups diminuíram, investimentos em empreendimentos de estágio inicial cresceram 21,5% e metade das 110 transações de fusões e aquisições realizadas no período tiveram outra startup como compradora.

Alguns exemplos dessa tendência são os negócios fechados entre Nvoip e Mais.im, Woof e Toup, Vuxx e Box Delivery. Segundo o fundador e CEO da BR Angels, Orlando Cintra, isso indica que os negócios souberam lidar com os desafios do cenário econômico atual e aproveitar novas oportunidades para continuar expandindo.

“O BR Angels não acredita no alarmismo da falta de recursos para as startups brasileiras, que muitos pregam no ecossistema. É sim um momento de mais racionalidade, mais análise e escolhas ainda mais assertivas dos negócios aptos a receberem aportes, mas isso acarreta também em mais qualidade dos negócios selecionados. O aumento nas fusões e aquisições entre startups mostram que elas estão dispostas a aprimorar seus negócios e investir o que for preciso para continuar atendendo as dores dos consumidores”, afirma Cintra.

M&As entre startups na prática

Mais do que auxiliar em um cenário de investimentos conservador, o M&A entre startups pode fortalecer o desenvolvimento tecnológico dos serviços e soluções oferecidos. Segundo pesquisa da consultoria focada em processos de transformação organizacional Olivia, dentre as principais razões para realizar um M&A estão a entrada em novos mercados (42%), a ampliação da base de clientes (19%) e a incorporação de nova tecnologia (8%), know-how (8%) e talentos (2%).

Um bom exemplo é o caso da Nvoip, startup mineira do ramo de telecomunicações, que adquiriu a plataforma de comunicação corporativa Mais.im, para oferecer melhorias na comunicação externa e interna dos clientes. Agora, o SaaS baseado em comunicação por voz e APIs de inteligência de dados também vai contar com recursos de chat e mensagens via WhatsApp.

O marketplace de produtos pet Woof é mais um exemplo de startup que uniu forças com outra startup para ampliar o roadmap tecnológico. Recentemente, a Woof adquiriu a Toup, um negócio focado no desenvolvimento de softwares. O objetivo da aquisição era otimizar a jornada de compras para tutores de animais, assim como auxiliar pequenos pet shops em busca de digitalização no ecossistema da Woof. A produção de inteligência para a indústria pet com base nos dados gerados no ambiente online e nos pontos de venda físicos foi outro fator decisivo para a operação.

“A Toup acumula cases de sucesso em estruturação de produtos digitais desde a sua fundação, em 2015. Para nós, essa absorção fez muito sentido, tanto pelo fit cultural das empresas, quanto pela possibilidade da Woof ter um time de tecnologia ainda mais robusto. O nosso foco inicial é o aprimoramento da solução Woof para Pet Shops, que entrega transformação digital e upgrade estrutural para os varejistas. Assim, esperamos contribuir com os negócios locais, que representam quase 50% da indústria pet e precisam estar cada vez mais preparados para competir com as grandes redes”, diz o CEO da Woof, Caetano Altafin.

Outro caso recente de startup que passou por um M&A para se tornar uma solução mais completa foi a Vuxx, logtech que conecta motoristas de carga profissionais com empresas que necessitam deste serviço. Ao ser adquirida pela Box Delivery, plataforma online de intermediação de entregas, o negócio passou a compor um serviço especializado no segmento last mile de entregas.

"A fusão com a Box representa um novo passo para nossa logística, uma vez que abraçaremos um novo segmento e os grandes pontos fortes da empresa, que são complementares aos nossos. Inauguramos uma nova fase rumo a descomplicação do cenário do transporte nas cidades, que sempre foi a premissa da Vuxx e que só se intensifica com essa nova equipe de peso”, afirma o CEO da Vuxx, Felipe Trevisan.

"Desde o início estávamos à procura de um negócio que pudesse resolver a dor das entregas same day e next day. E a Vuxx tinha características fundamentais para isso: propósito alinhado com os nossos valores, time extremamente técnico e sinergia complementar dos serviços que precisávamos entregar para alguns de nossos clientes.", declara o CEO da Box Delivery, Felipe Criniti.

Fantasma das demissões

No cenário atual, uma preocupação para empreendedores e colaboradores de startups são as demissões em massa. Conforme apontado pelo site de recolocação de profissionais de tecnologia Layoffs Brasil, as dispensas no setor ultrapassam a marca de 2 mil pessoas, apenas neste ano. O movimento atinge principalmente os unicórnios startups avaliadas a partir de US$ 1 bilhão —, como Loft, Mercado Bitcoin, QuintoAndar e Vtex.

Também na lista de startups mitológicas do país, a Frete.com é um unicórnio que nada contra a corrente. Após anunciar R$ 300 milhões disponíveis para investir em fusões e aquisições de negócios tecnológicos, escolheu a InterSite, um dos maiores softwares para gestão de transportes do agronegócio, para estrear as ações e melhorar as operações e o atendimento da empresa. Além disso, um dos braços do grupo, a Fretebras, encontra-se com mais de 60 vagas em aberto.

“Sabemos que o momento é de liquidez mais restrita para as empresas de tecnologia, que passam a ver a oportunidade para acelerar o crescimento em uma transação de M&A. Acreditamos que existem muitas empresas realmente interessantes e que terão sinergias conosco, gerando valor para o setor como um todo. Quando a união de forças é maior do que as forças separadas, existem oportunidades de investimento a serem exploradas e, justamente por isso, acreditamos que o momento é oportuno para essas ações”, afirma o CEO e fundador da Frete.com, Federico Vega.

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