Brasil é o segundo país que concentra mais casos de burnout (Westend61/Getty Images)
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Publicado em 4 de julho de 2023 às 12h20.
De acordo com um levantamento de 2022 da International Stress Management Association (ISMA), o Brasil é o segundo país que concentra mais casos de burnout, estando apenas atrás do Japão, onde cerca de 70% da população sofre com a condição.
Diversos fatores colaboram para essa e outras doenças relacionadas ao trabalho se tornarem mais presentes nos últimos anos, como maior pressão, extensão do horário de trabalho por meios eletrônicos, falta de apoio para a saúde mental, entre outros, no entanto, uma nova grande mudança está prestes a alterar completamente o mercado de trabalho e tem gerado debate sobre seus impactos sobre a saúde mental dos trabalhadores: a inteligência artificial (IA).
Ferramentas de IA se popularizaram nos últimos meses e já fizeram com que bilionários da tecnologia, como Elon Musk, assinassem uma carta que pedia uma pausa nos estudos sobre inteligência artificial e países discutem formas de regulamentá-la, mas um dos campos onde haverá mais impacto é, sem dúvidas, as relações de trabalho, enquanto alguns cargos tendem a serem extintos, outros devem aumentar a demanda e elevar padrão de qualidade, além exigir mais qualificações para os mesmos cargos.
De acordo com o pós-PhD em neurociências e mestre em psicologia, Fabiano de Abreu Agrela, se usada indiscriminadamente, as ferramentas de inteligência artificial podem ser um fator a mais para o surgimento de doenças do trabalho.
“A inteligência artificial é uma das maiores revoluções dos últimos tempos e está apenas no início, ou seja, as reais mudanças que ela provocará na sociedade e na forma de se trabalhar ainda serão bem maiores, por isso, deve-se aprender a conviver com essas novas tecnologias para tirar delas o seu melhor.”
“Por exemplo, a implementação de ferramentas de IA em empresas eleva naturalmente a demanda por mais produtividade e qualidade nos produtos ou serviços, pois os funcionários contam agora com uma ferramenta poderosa, mas ela ainda depende da ação humana, ou seja, mais qualificações serão exigidas, mudanças na forma de trabalhar, na quantidade de equipes, na rotina, e diversos outros fatores podem gerar estresse e pressão excessiva nos trabalhadores e mais ainda em quem está buscando se recolocar no mercado de trabalho”, afirma.
Segundo ele, a implementação dessas tecnologias deve ser feita gradualmente e com cuidado, pois se bem utilizada, a inteligência artificial pode reduzir jornadas de trabalho, poupar esforços repetitivos, automatizar e otimizar tarefas, se tornar mais natural, o que pode tornar o dia a dia profissional bem mais saudável.
Segundo um levantamento realizado pela Deloitte, sete em cada dez empresas investiram em inteligência artificial em 2023 e, hoje, cerca de 20% já utiliza IA no seu dia a dia.
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