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Gestão Sustentável: o que esperar da COP28?

Esta semana, Danilo Maeda faz previsões para a próxima Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas

"A urgência do tema é inegável: em 2023, o planeta teve o trimestre mais quente já registrado" (Arte/Bússola)

"A urgência do tema é inegável: em 2023, o planeta teve o trimestre mais quente já registrado" (Arte/Bússola)

Danilo Maeda
Danilo Maeda

Head da Beon - Colunista Bússola

Publicado em 10 de outubro de 2023 às 16h23.

Estamos há pouco mais de um mês da próxima Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas (COP28), que este ano acontecerá de 30 de novembro a 12 de dezembro, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Como em anos anteriores, as expectativas são grandes, dada a relevância do debate para a geopolítica global e seus impactos sociais e econômicos.

A urgência do tema é inegável: em 2023, o planeta teve o trimestre mais quente já registrado, segundo estudo da Organização Meteorológica Mundial. O mês de agosto foi cerca de 1,5°C mais quente do que a média pré-industrial entre 1850 e 1900. Além disso, a ONU apontou que, considerando o progresso insuficiente registrado até o momento nos cortes de emissões, a temperatura mundial pode aumentar até 2,6°C, muito acima dos limites estabelecidos no Acordo de Paris.

Mas o que se espera para Dubai?

Apesar de um certo tom de descrença das organizações da sociedade civil, ainda espero que tenhamos discussões e avanços em dois temas fundamentais ao atual estágio do combate à emergência climática: ambição e transição justa e inclusiva.

O aspecto da ambição climática é relevante porque os níveis e a atual tendência de emissões de gases de efeito estufa indicam um futuro no qual não conseguiríamos cumprir os parâmetros previstos no Acordo de Paris, o que significa um futuro com eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes e de maior proporção, escassez de recursos e uma série de impactos sistêmicos no meio ambiente com graves desdobramentos sociais e econômicos.

O tema da transição justa é fundamental para acelerarmos o processo sem deixar ninguém para trás, como preconiza a agenda do desenvolvimento sustentável. Isso é especialmente crítico porque a emergência climática tem um aspecto cruel: as pessoas mais pobres, que têm menor contribuição proporcional para a causa do problema, são também as mais expostas às suas consequências. Por isso, mecanismos de compensação, mitigação e adaptação são fundamentais.

Oportunidade para o Brasil

Para o Brasil, o evento é uma oportunidade única: estamos expostos tanto nas estratégias de mitigação quanto de adaptação e resiliência. O País tem especial interesse na questão da transição justa e inclusiva. Ano passado, na COP27, foi aprovada a “criação de novos mecanismos de financiamento para ajudar países em desenvolvimento que são particularmente vulneráveis para os efeitos adversos das mudanças climáticas”, mas ficou para este ano a definição de como será o financiamento: o acordo previu a criação de uma “comissão de transição” para operacionalizar o mecanismo, identificar as fontes de financiamento e definir os termos de acesso aos recursos. Esse debate estará particularmente "aquecido" em novembro, com o perdão pelo trocadilho.

Além disso, o Brasil tem características que o posicionam para ser um dos principais protagonistas da geopolítica global, tendo a agenda da economia verde como um de seus trunfos. Temos uma matriz elétrica predominantemente limpa, desenvolvemos tecnologias de transição que já se provaram viáveis, como os biocombustíveis, temos organizações no setor privado que estão verdadeiramente engajadas em promover o desenvolvimento sustentável, uma sociedade civil diversa e criativa, muito riqueza cultural e ativos ambientais que são fundamentais para a saúde do planeta. Temos uma oportunidade única de nos tornarmos líderes globais relevantes e um exemplo para o mundo. Os requisitos para isso estão à mão e precisamos trabalhar duro, em todas as esferas, para tornar essa perspectiva uma realidade.

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