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Por Danilo Maeda*

Como consequência do aquecimento global, eventos climáticos extremos irão se tornar mais comuns e graves. Os relatórios do IPCC indicam que um futuro como este seria uma consequência indesejada e evitável, em diversos documentos que funcionaram como alertas – ignorados por alguns e aceitos por outros, mesmo com ações corretivas que resolvem apenas uma parte do problema.

Os avisos (na verdade uma série gigantesca deles) foram dados claramente pela ciência, com tempo para decisões e ações práticas que evitassem um futuro com consequências negativas de um modelo de crescimento econômico baseado na exploração de recursos. Ao emitir gases de efeito estufa e esgotar a capacidade de regeneração do planeta, teríamos consequências graves ambiental, social e economicamente. Como diria a cobra celeste de Castelo Rá-tim-bum, “depois não diga que não avisei”.

Aumento na frequência de catástrofes

Nas últimas semanas, temos acompanhado notícias sobre incidentes sem precedentes, como as inundações na Líbia, que provocaram mais de 10 mil mortes. Com diferença de poucos dias, no Rio Grande do Sul outro evento climático originou enchentes que levaram a dezenas de mortes e mais de 100 mil pessoas afetadas. Esta semana, quase todo o País está sob uma onda de calor que pode levar a temperaturas tão altas que devem bater recordes históricos e oferecer risco à saúde e à vida, segundo a MetSul.

A frequência e gravidade crescente dos eventos torna evidente: o futuro previsto pela ciência do clima chegou – e o cenário que vivemos corresponde a algumas das previsões mais pessimistas feitas no passado. Se você quiser continuar com as notícias ruins, a coisa ainda pode piorar. Mas se preferir algum otimismo, elas também podem ficar melhores. Tudo depende da nossa capacidade de mobilização e ação hoje, que como já deveríamos ter aprendido, são definidoras dos impactos futuros.

É preciso ação imediata

Segundo o próprio IPCC, para evitar que seja ultrapassado o limite de 1,5ºC estabelecido no Acordo de Paris (e apontado como o limiar de impactos ainda maiores nos sistemas climáticos globais), as emissões de gases de efeito estufa devem ser reduzidas de forma profunda, rápida e sustentável em todos os setores. Isso significa cortar as emissões globais pela metade até 2030 [48%] e em 99% até 2050. O desafio é ainda maior se considerarmos que a tendência atual é de crescimento das emissões totais.

Por um lado, o problema é grande, grave e as respostas dadas até o momento são insuficientes. Por outro, existem opções viáveis e eficazes para adaptação às mudanças climáticas e redução das emissões de GEE no ritmo necessário para conter o aquecimento global. É preciso acelerar a transição para conseguirmos viabilizar um futuro sustentável para nós e para as próximas gerações. Precisamos rever os compromissos assumidos e torná-los mais ambiciosos, acelerar os mecanismos de implementação, ampliar o financiamento para transição, gerir impactos sociais em temas como segurança alimentar e migração, fornecer acesso a água e outros recursos naturais. Tudo isso para ontem.

O futuro do passado chegou como evidência de nossa incapacidade histórica de agir à altura do desafio. Mas o futuro do presente é definido agora. Temos uma última chance de reverter a tendência de catástrofes ambientais e sociais cada vez maiores e mais frequentes. Somos capazes desta transformação?

*Danilo Maeda é head da Beon, consultoria de ESG da FSB Holding

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