As emissões de gases de efeito estufa continuam em trajetória que nos levará ao colapso (NYC Stock Photos/Getty Images)
Head da Beon - Colunista Bússola
Publicado em 21 de fevereiro de 2024 às 15h00.
A esta altura, a gravidade e urgência dos problemas ligados ao conceito de desenvolvimento sustentável já fizeram com que temas como emergência climática, desigualdade, biodiversidade, economia circular e trabalho digno estejam razoavelmente consolidados no imaginário coletivo como pautas que devem ser tratadas com prioridade por poder público, sociedade civil e setor privado.
A julgar pelos discursos políticos e corporativos, o indicativo é de que o zeitgeist capturou – ao menos parcialmente – que é necessário cuidar do futuro hoje. Também parece ter sido compreendido, por parte relevante dos tomadores de decisão, que a responsabilidade das corporações nessa agenda vai muito além de meramente cumprir suas obrigações legais e pagar impostos.
Ideias como criação de valor compartilhado, capitalismo consciente, responsabilidade social corporativa pautam a narrativa dos planejamentos estratégicos. Enquanto isso, ferramentas como indicadores ESG, relatórios de sustentabilidade são cada vez mais utilizados e (aos poucos) devidamente compreendidos.
Precisa provavelmente dizer que a atual geração é a mais engajada e consciente da história. Ao menos é esta a sensação ao perceber como os temas que compõem a agenda do desenvolvimento sustentável são debatidos em diferentes ambientes. Por outro lado, os dados indicam que não temos tido sucesso: as emissões de gases de efeito estufa continuam em trajetória que nos levará ao colapso; a concentração de riqueza se acentua; conflitos armados se perpetuam por anos; direitos humanos básicos de milhões continuam desrespeitados; a perda de biodiversidade ameaça a resiliência de ecossistemas.
O que falta então para que esta sociedade, governos e empresas tão engajados e conscientes consigam resolver ou pelo menos iniciar respostas mais efetivas a tais desafios? A resposta é complexa, mas pode ser resumida no seguinte: a consciência é apenas a primeira etapa para mudança de comportamento. Depois vem a motivação e a oportunidade para agir. Tudo isso precisa ser estimulado pelo ambiente.
Em termos mais práticos, é preciso agora agir com mais ênfase, velocidade e ambição do que nunca. Em um mundo capitalista globalizado, isso significa transformar radicalmente a forma como o capital é alocado. O financiamento para sustentabilidade precisa receber nos orçamentos a mesma relevância que já é atribuída nos discursos.
O futuro nos demanda fazer mais e melhor.
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