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Como equilibrar trabalho e paternidade

Em artigo, CEO da MSD Brasil fala sobre paternidade, equidade de gênero e alternativas para tornar os pais trabalhadores mais presentes

“Continuaremos a trabalhar juntos para que os pais possam deixar a melhor herança: tempo compartilhado com os filhos e filhas” (MoMo Productions/Getty Images)
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Publicado em 14 de novembro de 2023 às 09h00.

Última atualização em 14 de novembro de 2023 às 14h52.

Por Hugo Nisenbom*

Em novembro olhamos com mais atenção para a saúde masculina. E, uma vez que Paternidade e Cuidado são um dos eixos temáticos da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH), fui instigado a refletir a compartilhar a importância da paternidade ativa e presente em nossas vidas. Como pai e presidente de uma grande empresa farmacêutica , tenho a oportunidade de testemunhar a evolução contínua da relação entre trabalho e família. Nesse sentido remarco uma palavra que gosto muito em minha vida pessoal e profissional: BALANÇO. É fundamental reconhecermos a influência positiva que essa transformação tem sobre nossas vidas pessoais e profissionais.

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Ainda que vivamos em países  diferentes, mantenho uma rotina de ligações diárias para meus pais e meus três amados filhos: Nicolas, Tomas e Cecilia. Todas as relações se cultivam e necessitam de tempo compartilhado. A melhor coisa que podemos dar aos nossos filhos, independentemente da idade é tempo de qualidade, já nós, os pais nos enriquecemos e necessitamos desse tempo especialmente quando os filhos e filhas crescem. Famílias que compartilham tempo juntos desde crianças permanecem com vínculos mais unidos. É um prazer imenso compartilhar momentos com eles e ver como a presença ativa do pai é essencial para o desenvolvimento e bem-estar de nossos filhos. Mais do que apenas fornecer um suporte financeiro, a presença constante e participativa é um presente inestimável para a família. Mas, nossa cultura, nem sempre permitiu que fosse de tal forma.

Paternidade, maternidade da sociedade

É inegável a maior carga existente, ainda, sobre as mulheres no processo de criação dos filhos. Levantamento da PUC-RS Data Social, utilizando dados do PNAD e IBGE, aponta que o índice de mães fora do mercado de trabalho, por ter de se dedicar aos afazeres domésticos, é indiscutivelmente superior ao dos pais. Segundo a pesquisa, 40,69% das mulheres com três ou mais filhos estavam fora da força de trabalho, 28,83% para dois filhos e 21,89% para o recorte de filho único. A realidade para os pais que se retiraram do mercado para cuidar dos afazeres domésticos, por sua vez, foi de, respectivamente, 0,62%, 0,45% e 0,55%. Entretanto, está cada vez mais clara a importância de uma criação compartilhada por ambos progenitores.

Trago estes dados para, de alguma forma, expor o abismo que ainda existe, assim como trazer a reflexão que paira: qual o outro lado da moeda, ou seja, o efeito dessa cultura na paternidade? Novamente tratando do tema como pai, acredito que o efeito negativo também recai sobre aqueles que, por algo socialmente imposto, não buscam dedicar seu tempo aos filhos e a serem mais ativos na sua criação e cuidados.

E trago mais uma estatística alarmante para corroborar com minha afirmação. Segundo relatório Situação da Paternidade no Brasil, elaborado pela organização Promundo, menos de um terço dos pais entrevistados para a pesquisa haviam tirado os 5 dias previstos pela lei. Somente 21% afirmaram saber sobre os dias previstos no programa Empresa Cidadã, que pode chegar a 20 dias.

Como mudamos esta questão estrutural e enraizada nos lares?

Um pequeno, mas importante passo para um caminho de maior equidade de gênero nas famílias, é o incentivo das organizações para a maior participação paterna. Assim, tenho orgulho em ser líder de uma organização que adota a licença paternal estendida de 12 semanas, e que pode dizer que 100% dos seus colaboradores elegíveis utilizaram do benefício.

Essa licença estendida permite contribuir com os primeiros dias do bebê em casa, ajuda na divisão de tarefas, além da vontade de estar mais presente no início da vida de nossos filhos, garantindo a oportunidade de construir vínculos afetivos mais profundos e de apoiar suas famílias durante momentos tão desafiadores como os primeiros meses de vida de uma criança. Acreditamos que a paternidade não deve ser um obstáculo para o desenvolvimento profissional, mas sim um aspecto valioso que enriquece nossa abordagem como líderes e colaboradores.

Flexibilização do trabalho

O trabalho remoto, horários adaptáveis e políticas de apoio à família estão se tornando práticas comuns em muitas empresas, incluindo a nossa. Essa mudança tem possibilitado que pais e mães equilibrem suas responsabilidades familiares e profissionais com mais facilidade, permitindo uma harmonia saudável entre esses dois pilares essenciais da vida.

Ao celebrarmos esta evolução na paternidade, é importante lembrar que ser pai é um presente e uma responsabilidade extraordinária. A construção de uma sociedade onde pais possam ser mais presentes e participativos é benéfica para todos – para os pais, que fortalecem seus laços familiares, para as mães, que podem ter sua carga diminuída, para as crianças, que crescem em um ambiente mais amoroso e saudável, e para as empresas, que se beneficiam de colaboradores mais comprometidos e engajados.

Convido, enfim, que todos reflitam sobre o impacto positivo que podemos ter ao priorizar a paternidade ativa e participativa em nossas vidas. Devemos celebrar as conquistas alcançadas até o momento, entendendo que são passos importantes para a criação de um ambiente no qual a família e o trabalho possam coexistir em harmonia, e nos comprometer a continuar avançando neste caminho. Continuaremos a trabalhar juntos para que os pais possam deixar a melhor herança: tempo compartilhado com os filhos e filhas, encontrando o balanço entre trabalho e família.

*Hugo Nisenbom é CEO da MSD Brasil

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