Acelerar para competir
Em artigo, Rafael Sapata discute o desenvolvimento de tecnologias com agilidade, que se tornou-se uma necessidade para todas as companhias
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Publicado em 9 de agosto de 2023 às 16h21.
Por Rafael Sapata*
O termo “ velocidade ” deixou há algum tempo de ser apenas uma palavra citada pelas empresas como um diferencial. Hoje, com o mundo em constante transformação, as companhias precisam ter agilidade para se adaptarem a essas mudanças, serem capazes de inovar com agilidade e, com isso, garantirem a sua competitividade no mercado.
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Esse cenário pode ser observado com maior facilidade dentro do setor financeiro. Desde o surgimento do Pix, em 2020, houve uma sequência muito rápida de transformações, como a regulamentação e implementação do Open Banking, que já está consolidado no país, até o anúncio das próximas mudanças, com a chegada do Real Digital e do Super App do Banco Central.
Nesse contexto, os bancos precisam de uma agilidade cada vez maior para suprir essas necessidades. Quem possui aplicativos de instituições financeiras sabe que é cada vez mais comum acessar esses apps e se deparar com alguma mudança ou ferramenta nova. E a tendência é que isso ocorra ainda mais. Por isso, essas organizações precisam estar preparadas.
Observei uma vez o caso de uma grande rede varejista que oferecia cartões para seus clientes consumirem produtos nas lojas, mas não disponibilizava algumas comodidades, como a possibilidade de acompanhar o saldo do cartão, extrato, pagamento de faturas e ações de cunho financeiro em relação à empresa. Com isso, a companhia foi atrás de uma solução digital. Em apenas 42 dias, conseguiram disponibilizar um aplicativo de cartão private-label, que reduziu em 35% o tempo para pagamento de parcelas, aumentou em 28% a “vida útil” do cliente e gerou diversas outras oportunidades para relacionamento digital com o seu público. Assim, conseguiram mais de 5 milhões de pessoas cadastradas no app. Ou seja, é preciso agir cada vez mais rápido.
Cultura de agilidade
Quando falamos em rapidez no desenvolvimento de produtos digitais, é preciso estabelecer uma cultura de agilidade dentro das empresas, que determina a adesão aos princípios e valores da velocidade em todas as estruturas da companhia. É possível implementá-la por meio de dois modos:
- Orgânico: ocorre por meio da união entre os profissionais de uma empresa de tecnologia especializada em metodologia ágil e uma companhia que deseja usufruir de um produto novo em pouco tempo, no qual essa organização observa as vantagens da adesão à metodologia e, naturalmente, começa a adotar os mesmos princípios de trabalho e colher os benefícios;
- Estruturado: acontece por meio de cerimônias focadas especificamente em aprendizado e transferência de conhecimento, como seminários, workshops, retrospectivas, estudos de caso, debriefings, handovers e outras práticas que uma empresa de TI especializada pode adotar para gerar aprendizados para seus clientes.
A estrutura interna das organizações também favorece o desenvolvimento dessa cultura. Companhias de TI detentoras de células autônomas, que têm alto potencial de entrega de projetos digitais, conseguem desenvolver softwares com rapidez e em escala. Por isso, além de estarem aptas para produzir tecnologias em alta velocidade, também possuem toda a expertise para alocar profissionais, que ajudam na transmissão da metodologia.
Além disso, independente da velocidade, a preocupação com a segurança dos aplicativos deve estar lado a lado com o seu desenvolvimento. É preciso garantir que as melhores práticas de segurança sejam estritamente seguidas em cada etapa da produção de um software. Seguir esse processo é um requisito fundamental para que uma empresa de TI esteja apta a desenvolver plataformas para bancos, fintechs e outras instituições que lidem com transações financeiras sensíveis.
Vantagens do ágil
Cada caso é um caso. Quando uma empresa busca uma solução própria para ser entregue com agilidade, é porque precisa resolver um problema específico, que varia muito entre as diversas companhias e segmentos. Mas, de modo geral, as dores que essas organizações visam sanar são:
- Aproveitar oportunidades de mercado mais rápido que a concorrência;
- Melhorar a experiência dos clientes utilizando softwares web ou aplicativos e gerar mais faturamento;
- Aumentar a eficiência de processos operacionais visando evitar erros, reduzir a burocracia e retrabalhos, assim como coletar e tratar dados visando gerar indicadores para melhoria contínua;
- Crescimento do volume de usuários em grande escala com segurança e estabilidade, devido à robustez do software produzido;
- Personalização da oferta de produtos e serviços com facilidades tecnológicas, por ser algo feito sob medida para o cliente;
- A conquista da independência tecnológica e o aumento do equity da companhia, por possuir tecnologia proprietária;
- Garantir que a empresa seja responsável por toda a jornada de relacionamento com seu cliente, pois o software é planejado de acordo com a visão da organização;
- Ganho de flexibilidade para evoluir seu software da forma que desejar e atender às necessidades do negócio, respondendo às mudanças do mercado com velocidade, uma vez que essas atualizações dependem somente da própria empresa e não de terceiros.
Já testemunhei o desenvolvimento de uma plataforma de streaming de vídeos para uma empresa líder no setor de infoprodutos para emagrecimento, em um período de 38 dias. Para isso, foi criado um aplicativo para substituir a antiga solução da companhia. Foi produzida uma plataforma com design totalmente personalizado, com infraestrutura de ponta para streaming VoD e Live, upload, conversão automática e armazenamento inteligente de vídeos, players de alta qualidade com recursos interativos, possibilidade de veiculação de anúncios e analytics de comportamento dos usuários. Com esse trabalho, a organização hoje soma cerca de 90 mil alunos, que transacionam mais de R$ 85 milhões de reais na plataforma.
*Rafael Sapata é fundador e CEO da UDS
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