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3 perguntas de ESG para Robson Braga de Andrade, da CNI

Presidente da Confederação Nacional da Indústria conta o que está sendo feito pelo setor para atingir as metas do Acordo de Paris

Entenda as necessidades e estágios para a COP27 (Bússola/Reprodução)

Entenda as necessidades e estágios para a COP27 (Bússola/Reprodução)

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Publicado em 12 de agosto de 2022 às 09h00.

Última atualização em 12 de agosto de 2022 às 12h17.

Por Renato Kraus 

Na próxima semana acontecerá em São Paulo uma espécie de “esquenta” da COP27 (27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), promovido pela indústria brasileira. A COP27 será em novembro, no Egito. 

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) reunirá especialistas nacionais e internacionais, empresários, federações e associações do setor industrial para debater a agenda climática e os avanços do Brasil em direção a uma economia de baixo carbono. A ideia é discutir a contribuição do país para atingir as metas de redução de emissões de gases de efeito estufa estabelecidas no Acordo de Paris e as oportunidades de negócios para a descarbonização da indústria brasileira. O encontro será nos dias 16 e 17 de agosto, no Palácio Tangará, com transmissão pelo canal da CNI no YouTube. 

Para falar dos avanços e dos desafios da indústria na agenda climática, a coluna Bússola/ESG conversou com o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade. Confira.

Como a indústria brasileira está empenhada na transição para uma economia de baixo carbono?

Robson Braga de Andrade: A indústria é uma grande aliada no desafio de promover investimentos verdes e se apresenta como parte da solução nas questões climáticas. Para a CNI, a consolidação de uma economia de baixo carbono dinâmica e próspera, capaz de fazer o Brasil avançar em direção às metas estabelecidas no Acordo de Paris, deve se basear em quatro pilares: transição energética, mercado de carbono, economia circular e conservação das florestas.   

Já temos diversas iniciativas empresariais neste campo. Entre elas, está o recente lançamento do Instituto Amazônia+21, articulado pelas federações das indústrias dos nove estados que integram a Amazônia Legal, com apoio da CNI. O objetivo é promover reflexões e apresentar soluções para o desenvolvimento sustentável na região, considerando o seu potencial e as oportunidades para implementação de negócios no campo da bioeconomia, que combinem a conservação da floresta com o crescimento econômico e a geração de emprego e renda, sobretudo para os 24 milhões de brasileiros que vivem naquela região. 

A indústria também vem fazendo investimentos expressivos na descarbonização dos processos de produção. Atualmente, as emissões de gases de efeito estufa dos fabricantes de cimento instalados no país são 11% menores do que a média mundial. O setor de papel e celulose, que destina 9 milhões de hectares ao cultivo de árvores para fins industriais, preserva outros 5,9 milhões de hectares de florestas nativas. E, entre 2006 e 2016, as indústrias químicas reduziram em 44% as emissões de gases de efeito estufa. O setor industrial brasileiro também tem investido bastante em economia circular. Pesquisa realizada em 2019 pela CNI revelou que 77% das empresas desenvolvem alguma iniciativa sobre o tema. Esse é um dos principais caminhos para a consolidação de uma economia de baixo carbono. 

O que o Brasil precisa aprimorar em suas políticas públicas relacionadas à sustentabilidade?

Robson Braga de Andrade: É preciso definir, com urgência, uma estratégia nacional sólida que contribua para o enfrentamento dos desafios climáticos e estimule os investimentos em pesquisa, inovação e desenvolvimento de tecnologias sustentáveis. Com uma ação governamental articulada, associada ao trabalho que vem sendo feito pela indústria, o país pode liderar a mobilização global pela economia de baixo carbono. É essencial, ainda, acelerar o ritmo dos aprimoramentos regulatórios e estruturais para fortalecer a indústria nacional e, claro, atrair investidores. São vários desafios a serem enfrentados, como a redução do Custo Brasil e a melhoria da segurança jurídica, determinantes para que o investidor atue no país com foco nas agendas internacionais, como a produção de energia eólica offshore, de hidrogênio verde e de hidrogênio azul. 

Em que estágio estamos na produção de hidrogênio verde?

Robson Braga de Andrade: O hidrogênio é uma das principais apostas globais para o futuro da energia e representa uma grande oportunidade para a indústria brasileira manter sua relevância frente à transição energética. O Brasil tem grande potencial para se inserir de forma competitiva e se tornar líder nesse mercado, cujo desenvolvimento tem se acelerado nos últimos anos. O setor de energia e logística brasileiro estão à frente nos preparativos para aproveitar as oportunidades de negócios envolvendo a oferta de hidrogênio verde. Alguns governos estaduais, em parceria com complexos industriais portuários e empresas de energia, começaram a desenvolver hubs de hidrogênio verde – estratégia de negócio que busca contemplar toda a cadeia de valor do hidrogênio: desde a produção, passando pelo armazenamento e uso e chegando à distribuição.   

A indústria está trilhando o seu caminho, mas é importante pontuar que a consolidação desse mercado depende ainda de medidas estruturantes, como a elaboração de metas e estratégias para o Programa Nacional do Hidrogênio, de estudos relacionados à demanda e à oferta e de uma política industrial para estruturação de uma cadeia de fornecedores de hidrogênio no país. 

 

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