Temer segue com táticas para sair da berlinda
O presidente quer garantir que haja votação sem depender dos deputados da oposição
EXAME Hoje
Publicado em 1 de agosto de 2017 às 06h43.
Última atualização em 1 de agosto de 2017 às 08h09.
Se houver quórum, deve acontecer na tarde desta terça-feira no plenário da Câmara a leitura do parecer do deputado Abi-Ackel (PSDB-MG), que pede que a denúncia por corrupção passiva contra o presidente Michel Temer não seja aceita. Esse é o primeiro passo para que a votação da denúncia ocorra na sessão de amanhã, quarta-feira.
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Até aqui, o fato mais concreto é que a Câmara não deve autorizar que o Supremo Tribunal Federal aprecie se torna o presidente réu e, por consequência, o afasta do cargo. Mas número de votos e as táticas políticas governo e oposição estão em aberto.
Nas contas dos governistas mais otimistas, Temer deve ter cerca de 250 votos a seu favor – a conta já foi de 280 -, mas o número mais concreto, até aqui, é de pouco mais de 200. Para barrar a denúncia, são necessários 172 votos. De acordo com o placar montado pelo jornal O Estado de S. Paulo, 110 parlamentares se declararam contrários à investigação do presidente, enquanto 190 são a favor, 54 estão indecisos e 156 não quiseram responder.
É esse incrível número de deputados em cima do muro que preocupa os dois lados. Apoiar Temer pode ter um custo eleitoral para os deputados às vésperas das eleições do ano que vem. O governo, vale lembrar, tem apenas 5% de aprovação e, segundo o Ibope divulgou ontem, 81% dos brasileiros querem que os deputados aceitem as denúncias contra o presidente. Mas, no vale-tudo que domina Brasília, fica difícil recusar parte dos 4 bilhões de reais em emendas liberados nos últimos dois meses, segundo o jornal Folha de S. Paulo.
Temer deve almoçar hoje com os integrantes da bancada ruralista para pedir apoio. Além disso, a conversa deve girar em torno da estratégia para quarta-feira. É preciso que 342 deputados estejam presentes na sessão para que a votação comece e a oposição ainda não decidiu se quer travar a discussão.
O presidente quer garantir que haja votação sem depender dos deputados da oposição, então pretende que mesmo deputados que não estão dispostos a votar pela sua salvação confirmem presença no plenário. É uma tática para travar a tática de parte da oposição, que não quer dar o quórum suficiente na sessão para que a votação seja adiada. Legendas como PSOL, PT, Rede e PC do B também têm um almoço marcado para hoje para decidir suas táticas.
Por enquanto, um dia antes da sessão que decide o futuro de Temer, ainda é difícil prever o que acontecerá no plenário amanhã.