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Coronavírus: RS é teste para o risco de reabrir com casos em alta no país

O Brasil anunciou mais 449 mortes e um recorde de 6.276 novos casos de coronavírus nas últimas 24 horas

EDUARDO LEITE (PSDB): Rio Grande do Sul tem um dos mais amplos programas de testagem do país -- mas será suficiente? (Antonio Cruz/Agência Brasil)

EDUARDO LEITE (PSDB): Rio Grande do Sul tem um dos mais amplos programas de testagem do país -- mas será suficiente? (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Felipe Giacomelli

Felipe Giacomelli

Publicado em 30 de abril de 2020 às 06h56.

Última atualização em 30 de abril de 2020 às 10h57.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), apresenta nesta quinta-feira um plano para reabrir a economia do estado que deve ser acompanhado de perto pelo restante do país. O estado não é um dos mais afetados pela pandemia do coronavírus, e fez um dos mais amplos levantamentos do país sobre o contágio — ainda assim, com amostragem muito mais restrita do que países que tiveram sucesso contra a doença, como Taiwan, Coreia do Sul ou Nova Zelândia.

Projeções da Universidade de Pelotas mostram que para cada contaminado no estado, 12 não foram notificados, o que daria um total de 15.000 contaminados. Foram 4.500 testes rápidos realizados nas últimas semanas. A principal descoberta foi que quase todos os familiares dos doentes tinham anticorpos para o novo coronavírus. Foi com base nesses dados que o governo desenhou o plano de reabertura.

As regiões do estado foram classificadas de acordo com o risco de contágio — Lajeado, Vale do Taquari e Passo Fundo foram consideradas as de maior risco, e receberam bandeira vermelha, a segunda mais restrita, antes da preta. Porto Alegre e Caxias do Sul receberam bandeira laranja, a terceira pior. Com base nesta classificação, cada região terá um protocolo diferente, com regras próprias para 50 atividades produtivas. O novo modelo de distanciamento social deve ser começar a valer semana que vem.

 

A reabertura gaúcha se soma à de ao menos outros dez estados que já anunciaram medidas de flexibilização da quarentena. Nacionalmente, o Brasil vive um escalada no número de casos, o que impulsiona os riscos de reabrir a economia neste momento.

Em depoimento ontem ao Senado, o ministro da Saúde, Nelson Teich, afirmou que a posição do ministério sempre foi pelo isolamento, e que medidas de relaxamento são responsabilidade dos estados. Em outra reunião, ontem, governadores do Nordeste cobraram do ministro a falta de medidas concretas de apoio para a ampliação dos leitos de UTI.

Nas últimas 24 horas o Brasil anunciou mais 449 mortes e um recorde de 6.276 novos casos, levando o total no país 78.162. Um novo estudo feito pelo Imperial College de Londres, estima que o país tem a maior taxa de transmissão da doença no mundo — cada brasileiro contamina outros três. Não é dos cenários mais propícios a um relaxamento nacional. Mas o Rio Grande do Sul pode mostrar se estados conseguem ser bem sucedidos em reaberturas localizadas.

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