Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 24 de março de 2024 às 13h44.
Última atualização em 24 de março de 2024 às 17h44.
A Polícia Federal (PF) prendeu neste domingo, 24, dois suspeitos de serem mandantes dos homicídios da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Entre os alvos da ação estão o deputado federal Chiquinho Brazão e o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Domingos Brazão, apontados como mandantes, e o delegado Rivaldo Barbosa, que chefiou a Polícia Civil do Rio, acusado de obstrução da Justiça.
Ao todo, a operação Murder Inc. cumpriu 12 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro, autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A prisão aconteceu após a homologação da delação de Ronnie Lessa, ex-policial militar apontado como responsável por executar os disparos. Outro ex-PM, Élcio de Queiroz, confessou no ano passado que dirigiu o carro utilizado no assassinato.
No último dia 14 de março, a morte da parlamentar e de seu motorista Anderson Gomes completou seis anos, sem uma resolução completa do caso. Os executores do crime já foram presos, mas a polícia investiga quem foi o suposto mandante.
Filha de Marinete da Silva e de Antônio Francisco da Silva Neto, Marielle nasceu em 27 de julho de 1979 e foi criada no Conjunto Esperança, no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio de Janeiro.
Na adolescência, Marielle trabalhou com o pai, frequentou grupo jovem da igreja Católica e foi educadora infantil na Creche Albano Rosa, na Maré. Trabalhou ainda nas organizações Brasil Foundation e no Centro de Ações Solidárias da Maré (Ceasm). Além disso, participou ativamente de coletivos e movimentos feministas, negros e de favelas.
Segundo Anielle Franco, a irmã da vereadora, Marielle iniciou na militância política quando fazia cursinho pré-vestibular e uma amiga foi vítima de bala perdida durante um tiroteio entre traficantes e policiais no complexo da Maré.
Em 2006, entrou na política de vez, quando integrou a equipe de campanha do então deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ). Após Freixo ser eleito, Marielle se tornou assessora do gabinete do deputado e acompanhou a CPI das Milícias de 2008, que investigou a atuação de milícias no estado do Rio e seu envolvimento com políticos e com o poder público.
Formada em sociologia pela PUC-Rio e mestre em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com a dissertação “UPP: a redução da favela a três letras”, Marielle foi eleita vereadora da cidade do Rio de Janeiro pelo PSOL e 2016, com a quinta maior votação da cidade. Suas principais bandeiras eram a defesa dos direitos humanos, diretos das mulheres, comunidade LGBT e negros.
Eleita com 46.502 votos, para o mandato 2017-2020, Marielle teve 13 meses de mandato na Câmara Municipal do Rio. Dos 19 projetos de lei apresentados pela vereadora, três foram aprovados e viraram lei quando a vereadora ainda estava vida:
Morta aos 38 anos, a vereadora teve uma filha aos 19 anos e era casada com Mônica Benicio, hoje vereadora no Rio.
Por volta das 21h30 do dia 14 de março de 2018, Marielle e Anderson foram alvejados em uma rua do Estácio, na zona norte da cidade, por sete tiros, disparados de dentro de um carro, quando voltavam de um evento promovido pelo partido da vereadora, o PSOL. Fernanda Chaves, então assessora da parlamentar, estava no veículo e sobreviveu ao ataque, atingida apenas por estilhaços de vidro.
A arma utilizada no crime foi uma submetralhadora desviada do Batalhão de Operações Especiais (Bope), tropa especial da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ), conforme as investigações. Segundo a delação premiada de Élcio, o armamento foi extraviado do acervo da corporação durante um incêndio.