PF faz esforço final para concluir investigação contra Temer
A investigação apura se Temer favoreceu empresas portuárias em troca de propina na edição do decreto dos Portos
Da Redação
Publicado em 10 de julho de 2018 às 06h24.
Última atualização em 10 de julho de 2018 às 08h03.
A cerco em torno do presidente Michel Temer está se fechando cada vez mais. Segundo coluna de Matheus Leitão, do Globo, a Polícia Federal (PF) reforçou em 25 policiais e três peritos a equipe responsável pelo inquérito dos Portos num último esforço para concluir as investigações até esta terça-feira.
No início de maio, o relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso atendeu ao pedido da PF e prorrogou o prazo para conclusão do inquérito por mais 60 dias. A investigação apura se Temer favoreceu empresas portuárias em troca de propina na edição do decreto dos Portos.
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Em um último esforço para concluir as investigações, a PF mobilizou ainda o serviço de perícia de informática do Instituto Nacional de Criminalística e alguns policiais ligados às áreas de desvio de recursos públicos e de inteligência para analisar os dados obtidos durante todo o período de investigação. A previsão era de que os policiais trabalhassem de maneira ininterrupta nos últimos dias, inclusive nos jogos do Brasil na Copa, para concluir o caso, aberto em setembro do ano passado.
No mês passado, Barroso atendeu a um pedido da Procuradoria Geral da República e incluiu a colaboração premiada do doleiro Lúcio Funaro no inquérito. Em sua delação, Funaro afirmou que Temer tem negócios com a empresa Rodrimar, que teria sido beneficiada pela nova legislação, e, por isso, influenciou diretamente a aprovação do decreto. O texto ampliou de 25 para 35 anos as concessões do setor portuário, prorrogáveis por até 70 anos.
A investigação se abriu em outras frentes. Em junho, reportagem do jornal O Globo mostrou que a PF também investiga novos indícios de pagamentos de propina ao coronel João Baptista Lima, amigo pessoal do presidente, referente a contratos do Porto de Santos. A polícia encontrou no cofre da Argeplan, empresa do coronel, uma planilha que indica o repasse para Lima de 17% de um contrato de 50 milhões de reais que vigorou por 15 anos, a partir de 1998.
Em um relatório enviado ao STF, o delegado Cleyber Malta Lopes, que conduz as investigações, afirmou que a estrutura financeira da Argeplan foi colada à disposição de “demandas da vida pública e privada” de Michel Temer.
Ainda segundo o relatório, os vínculos entre Temer e o coronel ganham “mais relevância” por causa da reforma na casa de Maristela Temer, filha do presidente (e alvo do mesmo inquérito), realizada pela empresa do coronel. A reforma foi paga em dinheiro vivo pela mulher do coronel.
Quando concluída, a investigação pode embasar uma nova denúncia da Procuradoria-Geral da República contra Temer. Enquanto o Centrão se mantiver aliado do presidente, ele conseguiria barrar o avanço de uma eventual denúncia. Mas Temer não será presidente por muito mais tempo, e vê um pós-mandato cada vez mais complicado.