João Doria: renunciou ao governo de SP no fim de março (Governo de SP/Divulgação)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 23 de maio de 2022 às 13h52.
Última atualização em 23 de maio de 2022 às 16h26.
Qualquer campanha para disputar um cargo eletivo precisa de dinheiro. E para uma corrida presidencial é necessário mais ainda. A decisão do ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) de desistir de disputar o Palácio do Planalto tem muita ligação com a verba que seria destinada à sua campanha.
Somente para a pré-candidatura, o PSDB tinha reservado cerca de R$ 2,5 milhões do Fundo Eleitoral para Doria. Com a indicação da terceira via, formada por MDB, PSDB e Cidadania, em torno do nome da senadora Simone Tebet (MDB) — a decisão só sai nesta terça-feira, 23 — esse dinheiro seria redirecionado para ela. Doria precisaria colocar a mão no próprio bolso para continuar na disputa.
Quando concorreu ao governo de São Paulo, em 2018, ele gastou quase R$ 19 milhões na campanha, como declarado junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). De recursos próprios, ele usou R$ 3,4 milhões. A título de comparação, Geraldo Alckmin, que era candidato pelo PSDB à Presidência, gastou aproximadamente R$ 53 milhões, sem colocar dinheiro próprio na campanha.
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Outro argumento usado pelo PSDB para pressionar Doria a deixar a corrida foi a rejeição ao seu nome. A pesquisa eleitoral EXAME/IDEIA do dia 19 de maio perguntou a opinião dos eleitores sobre quais candidatos eles não votariam de jeito nenhum. Doria tem 28% de rejeição, enquanto a senadora por Mato Grosso do Sul aparece com 8%. O pré-candidato com maior rejeição é o presidente Jair Bolsonaro (PL), com 43%, seguido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com 40%.
A sondagem ouviu 1,5 mil pessoas entre os dias 14 e 19 de maio. As entrevistas foram feitas por telefone, com ligações tanto para fixos residenciais quanto para celulares. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral com o número BR-01734/2022. A EXAME/IDEIA é um projeto que une EXAME e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. Leia o relatório completo.
No conjunto de motivos também estava a resistência ao seu nome dentro do próprio ninho tucano. Desde que venceu as conturbadas prévias do PSDB, no fim do ano passado, vários caciques não aceitaram seu nome, preferindo o ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que ficou em segundo lugar na escolha interna.
No último dia para deixar o comando do governo de São Paulo por conta da Lei Eleitoral, no fim de março, Doria ameaçou desistir dos planos de concorrer à Presidência, ficar no cargo até o fim do mandato, e sair da vida pública em janeiro de 2023. Aos 45 do segundo tempo, ele renunciou ao mandato com a condição de que teria o apoio do PSDB. Agora, isolado, deixa a vida pública com um "até breve".
EXAME NAS ELEIÇÕES
EXAME lançou, no dia 19 de maio, uma área no site dedicado a acompanhar tudo sobre as eleições 2022. Atualizado diariamente, a seção ELEIÇÕES conta com as últimas notícias da corrida eleitoral, os perfis dos pré-candidatos à Presidência da República, todos os números das últimas pesquisas eleitorais EXAME/IDEIA, além de informações úteis sobre o funcionamento do pleito para ajudar o eleitor até o dia da votação.
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