Para Serasa, dia das crianças "forte" pode ter intensificado situação de inadimplência (Arquivo/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 15 de outubro de 2010 às 16h26.
São Paulo - As últimas datas comemorativas e feriados pesaram no bolso dos consumidores em setembro. O indicador de inadimplência da Serasa Experian mostra que no nono mês do ano houve alta de 1,6%, na comparação com o mês anterior. É o quinto aumento mensal consecutivo e a maior alta para o mês de setembro desde 2000.
Segundo os economistas da Serasa, a inadimplência continua ganhando força impulsionada pelo endividamento. Entretanto, a evolução da renda e do emprego formal tem ajudado a evitar um crescimento acelerado do índice. "Ainda não é uma situação preocupante, mas deve ser monitorada", diz Carlos Henrique de Almeida, assessor econômico da entidade.
A perspectiva é de que a inadimplência continue pressionada em outubro, por causa do Dia das Crianças. "Nós monitoramos a atividade do comércio. De acordo com nossos indicadores, em 2010, o dia 12 de outubro foi a melhor data para o varejo", afirma Almeida.
Este desempenho dá uma prévia de como serão as vendas durante as festas de fim de ano. O economista diz que a tendência é a inadimplência continuar subindo. "O que consumidor vai fazer com décimo terceiro salário é a grande dúvida para pensarmos no cenário do começo de 2011".
Almeida ressalta que há um recorde de emprego formal, o que implica em mais trabalhadores com 13º salário. Portanto, é maior a possibilidade dos consumidores continuarem assumindo dívidas na compra de produtos de maior valor. "Os últimos números do Banco Central, de julho, mostram que o consumidor compromete quase 40% de sua renda com dívidas. A tendência é que isto continue aumentando", diz Almeida.
Para o assessor econômico da Serasa, ainda não há risco de uma crise de inadimplência. "A situação caminha para um nível desconfortável, mas não vejo uma bolha. Mas há uma conjunção de agravantes: o crédito é muito caro no Brasil. O consumidor, por sua vez, não avalia o custo disso, não tem educação financeira. Isso precisa ser acompanhado de perto", conclui.