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Robô advogado facilita processos de consumidores contra empresas

Bot faz o intermédio entre o consumidor e a Justiça em ações

 (iLexx/Thinkstock)

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Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 15 de abril de 2018 às 05h55.

Última atualização em 15 de abril de 2018 às 23h44.

São Paulo – Haroldo é um bot do Facebook Messenger. Se você tiver um problema em uma relação comercial com uma empresa, você pode não ter tempo ou disposição para acionar a Justiça e acabar deixando o processo para lá. Fundada em 2017, a Hurst é a dona do Haroldorobô que viabiliza todos os procedimentos burocráticos inerentes a uma ação judicial para que você receba seus direitos sem dor de cabeça. A melhor parte? Se você perder, não é preciso pagar nada.

A empresa foi criada pelo advogado Arthur Farache, CEO, e por Carlos Anibal de Carvalho, que atua como chefe de tecnologia. "Comecei um curso de inteligência artificial no ano passado e tentamos aplicá-la a alguns campos. Um dos resultados foi o Haroldo, que criamos antes mesmo da empresa. A meta é resolver o problema de acesso à Justiça. Não queremos substituir o advogado, mas facilitar o acesso a ele", afirmou Farache, em entrevista a EXAME.

No contrato dos serviços da Hurst oferecidos por meio do Haroldo, o consumidor transfere seus direitos de processar a marca envolvida no caso para a empresa. "Compramos o direito do usuário e passamos a ser autores da ação. O advogado é que vai defender os nossos direitos", segundo Farache, que terceiriza o trabalho a uma firma de advocacia. Conforme as novidades aparecerem, o cliente é avisado sobre o andamento do processo.

Caso o consumidor perca a ação, nada é cobrado. O lucro da empresa vem quando a pessoa ganha o processo: a taxa cobrada é de 30% do valor recebido. "Não cobramos se a pessoa perder o processo. Pré-selecionamos alguns tipos de processos e assumimos todos os custos", diz o cofundador.

Haroldo-Robo-do-consumidor

(Facebook/Haroldo/Lucas Agrela/Reprodução)

Farache trabalhou no mercado financeiro e já teve uma companhia de investimentos antes de empreender com a Hurst e o Haroldo. O projeto teve investimento próprio, de valor não revelado, para sair do chão e começou a faturar já no seu primeiro mês de atuação com o bot no Messenger, março deste ano.

A inteligência artificial é usada como base para que o Haroldo possa se comunicar com pessoas como se fosse em uma conversa com um amigo. Ou seja, a digitação não precisa ser em linguagem formal para que as mensagens sejam compreendidas. Fora isso, a Hurst também usa essa técnica de tecnologia da informação para analisar o que é publicado em edições do Diário Oficial, em busca de causas relacionadas aos direitos do consumidor que foram ganhas.

Além de facilitar o acesso do consumidor à Justiça, outra ambição da Hurst é viabilizar, por meio da tecnologia, a criação de ações coletivas contras empresas. Para Farache, isso pode ajudar a desafogar o judiciário com ações semelhantes. Essa modalidade de processo é relativamente comum nos Estados Unidos. A empresa deve entrar com a sua primeira ação coletiva ainda neste mês.

Até o momento, o Haroldo tem 1900 usuários ativos e já ajudou a Hurst a captar 1,2 milhões de reais em direitos a serem recebidos em ações judiciais.

Fabro Steilbel, diretor-executivo do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS-Rio) e professor de inovação de tecnologia na ESPM Rio, afirma a EXAME que esse segmento pode não ter grandes representantes por enquanto por alguns motivos. Pode ser por baixa rentabilidade, porque é algo difícil de se executar ou então é simplesmente um mercado inexplorado que pode crescer. Porém, ele reconhece que o uso de inteligência artificial para o atendimento dos consumidores é algo positivo.

"O bot consegue diminuir o custo de coleta de informações, atingir mais gente e atender pessoas ao mesmo tempo", disse Steilbel.

Outro robô da Hurst, chamado Leopoldo, deve ser lançado em breve. O foco dele é fazer o intermédio de processos de pequenas e médias empresas que pagaram mais imposto do que deveriam.

O uso de inteligência artificial também é usado em escritórios de advocacia para agilizar tarefas repetitivas, como acontece no Urbano Vitalino.

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