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Projeto quer criar uma bolsa de valores apenas para startups iniciantes

A nova (BVM)12 – a Bolsa de Valores do Maré – espera se tornar uma alternativa para que as startups levantem capital no Brasil

Eduardo Baumel, da (BVM)12: futura bolsa espera ajudar startups menores a levantar capital (BVM12/Divulgação)

Eduardo Baumel, da (BVM)12: futura bolsa espera ajudar startups menores a levantar capital (BVM12/Divulgação)

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Filipe Serrano

Publicado em 20 de novembro de 2020 às 07h30.

Última atualização em 20 de novembro de 2020 às 12h40.

Embora aberturas de capital de startups sejam comuns nos Estados Unidos, no Brasil ainda é raro ver empresas novatas de tecnologia chegando à bolsa de valores e fazendo ofertas públicas de ações para levantar recursos. Casos recentes como o da empresa de cashback Méliuz e o da loja online Enjoei são exemplos notáveis de duas startups que fugiram à regra e decidiram se arriscar no exigente – e muitas vezes implacável – mercado de ações.

Um grupo de empreendedores acredita que pode encurtar esse caminho e fazer com que uma startup não tenha de esperar cinco, dez ou quinze anos para fazer uma oferta de ações. Para fazer isso, a ideia é criar uma bolsa de valores dedicada apenas às startups de menor porte, em que elas podem oferecer suas ações a pequenos investidores pessoa física. Essa é a visão de Eduardo Baumel, presidente da (BVM)12, uma bolsa de valores para empresas de tecnologia que está dando os primeiros passos no Brasil. “A B3 comemorou recentemente a marca de 2 milhões de CPFs na bolsa. É um crescimento fantástico nos últimos dois anos. A gente quer aproveitar esse conhecimento maior das pessoas sobre ações e mostrar que é possível fazer a mesma coisa com as startups”, diz.

Segundo Baumel, a ideia surgiu em junho do ano passado, como um projeto dentro do Banco Maré, uma fintech criada no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, e voltada para atender a população desbancarizada que vive em comunidades de baixa renda. O nome (BVM)12 vem de Bolsa de Valores do Maré, e o número 12 indica o número de startups que os empreendedores gostariam de atingir.

O plano é permitir que as startups tenham uma alternativa para levantar capital, além dos mecanismos tradicionais. A expectativa é que as empresas façam ofertas públicas com uma captação de valores inferiores a 10 milhões de reais – considerado baixo para o mercado tradicional de ações. De acordo com Baumel, 10 startups já demonstraram interesse em participar do projeto.

Apesar de não ser regulamentada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a nova bolsa de valores tem buscado parceiras com empresas para lançar o serviço. Um dos acordos é com a startup Accountfy, que oferece uma solução de gestão financeira (do fechamento de resultados ao planejamento orçamentário) para emissão das demonstrações financeiras. A ideia é que as empresas negociadas na futura (BVM)12 utilizem o serviço da Accountfy, para que elas sigam as práticas contábeis padrões desse mercado.

Outra parceria é com o serviço de pagamentos digitais PicPay, que vai permitir que os clientes comprem as ações das empresas por meio da plataforma. A consultoria Falconi deve oferecer serviços para que as startups tenham uma governança corporativa adequada. E a startup Simpact deve ajudar a gerar relatórios sobre os impactos sociais e ambientais provocados pelas empresas que tiverem ações na (BVM)12.

“O que a gente quer trazer é uma segurança mínima para esse investidor. A ideia é trazer essas empresas como parceiros para mostrar que existe uma estrutura mínima dessas startups para que ele se sinta seguro”, diz Baumel, que afirma ter mantido conversas informais com a CVM.

Num primeiro momento, as startups só poderão usar a (BVM)12 para fazer a emissão primária das ações aos investidores. Segundo Baumel, a oferta deve seguir um modelo parecido com o de equity crowdfunding, quando pequenos investidores compram uma parte do capital da empresa e se tornam sócios dela.

Os papeis, no entanto, não poderão ser negociados no mercado secundário – como ocorre na B3, por exemplo. Para poder fazer isso, Baumel espera participar de um programa da CVM que pretende criar um “sandbox regulatório”, isto é, um ambiente experimental para que empresas possam testar novos modelos de negócio, com regras mais flexíveis.

No último dia 16 de novembro, a CVM abriu as inscrições para que as empresas interessadas possam participar do programa. O resultado deve ser anunciado em abril de 2021. E até sete participantes devem ser selecionados.

A (BVM)12 agora está na fase de testes com alguns usuários e pretende lançar as primeiras ofertas de ações em breve.

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