Protótipo da máscara de óxido de grafeno: material mais resistente e leve oferece mais conforto aos usuários (Ilustração/Divulgação)
Natália Flach
Publicado em 26 de maio de 2020 às 16h28.
Última atualização em 12 de junho de 2020 às 12h32.
Uma equipe de pesquisadores brasileiros está desenvolvendo uma máscara ultra fina feita de óxido de grafeno capaz de absorver - com 99,9% eficácia - microrganismos, tais como bactérias e vírus, incluindo o novo coronavírus. "Trata-se de um nanomaterial leve e resistente", afirma Gabriel Estevam Domingos, diretor de pesquisa, desenvolvimento e inovação do grupo de gestão ambiental Ambipar, que à frente do estudo. "A ideia é que traga mais conforto para os usuários e permita melhor comunicação entre as pessoas já que a máscara pode ser transparente e com design mais discreto."
A máscara em desenvolvimento pode ter uma durabilidade maior do que as demais que são vendidas atualmente no mercado. A sugestão da equipe é que ela tenha uma vida útil de 24 horas contínuas, enquanto as demais duram até 12 horas.
O desenvolvimento da máscara já venceu o primeiro obstáculo: os pesquisadores conseguiram ter acesso à matéria-prima, o grafeno, um material oriundo do grafite. O Brasil está entre os três maiores produtores do mundo, e o material possui alto grau de pureza. Agora, a equipe está conversando com indústrias para fazer a junção de tecido não tecido com polipropileno de tal modo a criar uma base para segurar a máscara de óxido de grafeno.
Mesmo assim, ainda deve demorar cerca de seis meses até que as máscaras sejam comercializadas. Segundo Domingos, a expectativa é que o custo seja maior, pois trata-se de uma inovação que não começa já de largada em grande escala. "Mas pode ser que consigamos linhas de fomento, o que permitiria subsidiar parte do preço", comenta.
O especialista lembra que a máscara está sendo desenvolvida por causa da pandemia do coronavírus, mas pode ter outros usos, como filtrar gás carbônico, por exemplo. Isso porque apresenta resistência mecânica, térmica e química, permitindo sua utilização na área da saúde, defesa civil, de saneamento, de descontaminação de ambientes. "É importante estarmos na vanguarda das máscaras, porque corre o risco de a China importar o grafeno brasileiro e exportar para cá as máscaras, como acontece com demais commodities", diz.
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