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Streaming: conteúdo à parte e anúncios são os principais motivos dos cancelamentos, revela estudo

Pesquisa da Orbit, disponibilizada em primeira mão à EXAME, analisou mais de 1.500 conversas de usuários sobre as principais plataformas de streaming do mercado

Streaming: veja estudo sobre hábitos dos consumidores (FreePik/Divulgação)

Streaming: veja estudo sobre hábitos dos consumidores (FreePik/Divulgação)

Luiza Vilela
Luiza Vilela

Repórter de Casual

Publicado em 27 de agosto de 2024 às 18h54.

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A onda dos streamings no Brasil tem sido duradoura: cada vez mais as plataformas amplificam conteúdos, recriam estratégias e anunciam aumento nas receitas. A disputa por mais assinantes, no entanto, segue mais ativa do que nunca, especialmente com o aumento do valor das assinaturas, que abrange a maior parte dos serviços disponíveis no mercado. E é acompanhada, bem de perto, pela permanência dos antigos usuários.

Pioneira no ramo, a Netflix anunciou um aumento de 8 milhões de usuários em seu último trimestre fiscal e atingiu a marca de 277,7 milhões de assinantes. A empresa subiu o valor de suas assinaturas em maio deste ano, com aumentos de até 12% a depender do plano escolhido. O Prime Video, segundo colocado no ranking dos maiores streamings, com mais de 200 milhões de usuários, seguiu o mesmo caminho: assinatura passou de 14,90 para R$ 19,90 ao mês em abril. A fusão entre o Disney+ e o Star+ resultou em um serviço que custa R$ 43,90 no plano mais básico.

O usuário, do outro lado da ponta, reflete sobre qual dos serviços vai continuar assinando. E a presença de conteúdo extra pago à parte, por exemplo, é um dos fatores que afastam os antigos assinantes, segundo estudo da Orbit Data Sience*, que faz pesquisas qualitativas em redes sociais, oferecido em primeira mão à EXAME. A presença de anúncios dentro da plataforma também desagrada a maior parte dos pagantes, especialmente daqueles que contratam planos padrões.

O estudo investigou, ainda, as conversas sobre o que leva uma pessoa a assinar uma plataforma de streaming. Os principais motivos encontrados foram a presença de séries e de canais ou transmissões de esportes — surpreendentemente mais interessantes aos brasileiros do que os filmes. Novos conteúdos, como produções exclusivas, também são relevantes para o público.

As plataformas de streaming mais mencionadas nas redes sociais (Orbit Data Science /Divulgação)

Conteúdo com valor 'extra' desagrada o público

O estudo da Orbit analisou 1.614 conversas, nas redes sociais, sobre as principais plataformas de streaming no Brasil. Nele, ficou evidente que as cobranças extras dentro da assinatura são o principal motivo de cancelamento do serviço — que inclui tanto canais quanto alugueis de séries e filmes. "Muitos usuários se sentem contrariados ao pagar valores superiores aos planejados no contrato inicial da assinatura", diz o estudo.

O preço pago pela assinatura, que teve aumentos nos últimos meses nas principais plataformas do mercado, também é decisivo para manter um usuário cativo: "promoções são vistas de forma positiva e incentivam novos contratos, mas o fator financeiro é decisivo para a permanência, ou não, dos usuários", revela o documento. A pesquisa mostra ainda que dificuldades no processo da assinatura e na conversa com o suporte técnico, bem como limitações de acesso aos conteúdos em sua totalidade e lentidão na plataforma, são outros motivos que levam ao cancelamento das assinaturas, expostos nas redes sociais.

No lado positivo, o estudo revela que quem assina um novo serviço de streaming o faz, em geral, por causa do lançamento de uma nova série ou exibição de um evento esportivo. A variedade de catálogo também é um ponto que chama a atenção dos usuários — e a presença de títulos famosos, que são muito revistos, também impulsiona a permanência da assinatura.

Principais menções sobre as plataformas de streaming no Brasil (Orbit Data Science /Divulgação)

Pirataria ainda é uma dificuldade

Ainda que as plataformas de streaming aumentem o número de assinantes todos os anos, um impasse que o mercado como um todo enfrenta é a pirataria dos conteúdos. A busca ocorre, sobretudo, se o conteúdo for lançado primeiro nos Estados Unidos ou na Europa e chegar com atraso aos serviços de streaming do Brasil.

A frase "prefiro piratear" foi uma das mais recorrentes nas buscas do estudo. A pirataria é disponibilizada por uma porção de plataformas online, que vão desde sites ainda no ar — mesmo com conteúdo ilegal disponível — a grupos mais "secretos" em redes como o Telegram, Facebook ou WhatsApp.

"Muitas vezes essa parcela do público busca outros meios de acessar o conteúdo. Desde serviços paralelos, até compartilhamento de senhas com amigos e parentes", revela a pesquisa. Algumas plataformas já criaram alternativas para superar o uso de uma assinatura por várias pessoas, como é o caso da Netflix, que restringe o acesso ao serviço somente para usuários logados no mesmo serviço de Wi-Fi. O Disney+ seguirá o mesmo caminho a partir de setembro deste ano.

Netflix e Prime Video dominam o cenário

Ainda que o mercado de streaming esteja se expandindo com o passar dos anos, a Netflix segue como o serviço mais mencionado pelos usuários, com 23% das menções — 48% delas em contexto positivo. Prime Video e Globoplay aparecem na sequência, ambos com 17%, impulsionados pela empresa de marketplace, e pela emissora de televisão, respectivamente. O serviço da Amazon, no entanto, foi o que apareceu com a maior sentimento negativo (54%).

"Star+, Disney+ e Netflix lideram o ranking de sentimento positivo, devido à variedade de conteúdo que apresentam, tanto de novidades quanto conteúdos clássicos que as pessoas gostam de rever", complementa o estudo.

Contexto positivo e negativo sobre os streamings mais mencionados nas redes sociais brasileiras (Orbit Data Science /Divulgação)

Prime Video e Globoplay representam as plataformas com a maior porcentagem de críticas e reclamações. A maior parte das reclamações do streaming da Amazon giram em torno dos conteúdos extras que são pagos à parte, em especial títulos de filmes e séries. Já no caso do serviço da Rede Globo, as contestações dizem respeito ao funcionamento da plataforma, à contratação do streaming e o conteúdo limitado do catálogo.

*O estudo foi feito com base na análise de conversas públicas no "X" (antigo Twitter) sobre campanhas de publicidade entre 22/07/2023 e 22/07/2024. Foi classificada uma amostra aleatória de 95% de nível de confiança e 3% de erro amostral destas conversas.

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