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Diamond Films trará 10 filmes de Cannes ao Brasil — e quer crescer o cinema independente por aqui

Distribuidora lançará 10 filmes do maior festival de cinema do mundo no Brasil, estrelados por gigantes de Hollywood, como Keanu Reeves, Oscar Isaac e Kirsten Dunst

Indústria do cinema: o sucesso da Diamond Films (Guerra Civil/ A24/ Diamond Films/Divulgação)

Indústria do cinema: o sucesso da Diamond Films (Guerra Civil/ A24/ Diamond Films/Divulgação)

Luiza Vilela
Luiza Vilela

Repórter de POP e redatora da Homepage

Publicado em 6 de agosto de 2024 às 18h20.

Última atualização em 6 de agosto de 2024 às 18h54.

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Nos Estados Unidos, a A24, produtora de "Moonlight", "Vidas Passadas" e "A Baleia", têm colecionado estatuetas do Oscar nos últimos anos. O sucesso é tamanho que, por lá, as distribuidoras brigam entre si para ver quem adquire os longas do estúdio, que vem se tornando o "queridinho" independente de Hollywood. No Brasil, no entanto, o rolo de filme sai direto dos EUA para as salas de cinemas brasileiras já com potencial dono: a Diamond Films.

Em 2024, depois do sucesso de bilheteria de "Guerra Civil" — US$ 108,9 milhões mundiais e quase R$ 22 milhões no Brasil, maior filme independente estrangeiro do ano — estrelado por Wagner Moura, a distribuidora entrou de cabeça para brigar pelos títulos independentes mais disputados do Festival de Cannes de 2024. Na disputa do mercado, a empresa argentina saiu da França com dez novos títulos que lançará no Brasil nos próximos meses, adiantados à EXAME com exclusividade. Entre eles, The Smashing Machine ("A Máquina de Esmagamento", numa tradução livre), estrelado por The Rock e Emily Blunt, e Entertainment System is Down ("O Sistema de Entretenimento Está Ruindo", numa tradução livre), encabeçado por Keanu Reeves e Kirsten Dunst, dirigido por Ruben Ostlund ("Triângulo da Tristeza"). “Power Ballad”, uma comédia musical com Nick Jonas e Paul Rudd que não foi a Cannes, também entra para as novas estreias da distribuidora no Brasil (veja mais abaixo a lista completa de filmes).

"Com 'Guerra Civil' e 'Fale Comigo', ficou notável quanto a Diamond cresceu na indústria. Enquanto o mercado de cinema caiu quase 30% depois da pandemia, a empresa cresceu 138% de 2019 para cá. Só em comparação com o ano passado, o crescimento ano a ano foi de 340%", disse Vinicius Pagin, diretor-geral da Diamond Films, em entrevista à EXAME.

Na indústria do cinema, os estúdios produzem (e pagam) os novos filmes do mercado. Depois de prontos, eles ficam eletivos para a venda para distribuidoras — empresas que, como o próprio nome já sugere, distribuem novos títulos do cinema no resto do mundo. A Diamond é uma dessas companhias que, desde 2010, atua diretamente para levar os filmes de Hollywood, em especial os independentes, para os cinemas da América Latina.

Em seu catálogo, a distribuidora conta com uma porção de filmes premiados e tem se posicionado no mercado como a principal empresa que distribui os filmes de terror mais aclamados pela crítica especializada. Foi a Diamond que trouxe “Imaculada” (2024), com Sydney Sweeney para o Brasil, assim como “Hereditário” e “Fale Comigo”, ambos da A24. A companhia emplacou ainda no Brasil “Os Oito Odiados”, “Lion — Uma Jornada para Casa”, “Moonlight — Sob a Luz do Luar” — vencedor do Oscar de Melhor Filme em 2017 —, “Green Book — O Guia”, “Moonfall — Ameaça Lunar”, “No Ritmo do Coração”, “Spencer”, “A Pior Pessoa do Mundo”, “Órfã 2: A Origem”, “Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo” — vencedor do Oscar de Melhor Filme em 2023 — e “Ferrari”. Em agosto, estreia o aguardado "Longlegs", com Nicolas Cage.

"Trabalhamos com diversidade, não temos um único tipo de filme, nem com uma única audiência. Mas temos sido, sim, um pedaço importante na América Latina de distribuição de filmes independentes", complementa Pagin. "Entendemos nosso papel e fizemos uma aposta em três frentes: títulos de prestígio, que vencem ou são destaques em festivais; filmes de terror, um gênero pelo qual já somos reconhecidos; e o 'starpower', que é ir no mercado atrás dos grandes nomes da indústria, entre atores, diretores e roteiristas".

A 'cara' do cinema independente — e personalizado para o Brasil

Com sucessos de bilheteria e fenômenos de Hollywood dominando a mídia e a maior parte das salas de cinema, pode parecer que os filmes independentes sejam um pequeno pedaço da indústria cinematográfica. A verdade, no entanto, é que eles são maioria: em 2023, dos 533 que foram exibidos no cinema, 77% são desse mercado.

Ser o rosto do cinema independente é uma conquista que a Diamond Films está disposta a alcançar ano após ano. E ela quer provar que, mesmo sem os mesmos recursos dos gigantes de Hollywood, esse mercado pode ser lucrativo. Em 2024, com a estreia de  "Guerra Civil", a distribuidora pode ter conseguido: o filme atingiu R$ 22 milhões de bilheteria no Brasil e foi assistido por mais de 950 mil pessoas no país. Foi uma das maiores apostas da Diamond para o ano, que chegou a personalizar os cartazes com as fotos de Wagner Moura.

"Temos uma parceria imensa com a A24, não só porque os lançamentos deles têm muita qualidade, mas também porque a negociação com eles flui muito bem. Em 'Guerra Civil' personalizamos os cartazes para o Brasil, o que fez bastante diferença. É um filme independente, mas com um apelo imenso para o país. E deu muito certo, a bilheteria foi bem mais alta que o esperado. Essas histórias não necessariamente são para milhões e milhões de pessoas, mas elas vendem bem para um público cativo", argumenta Pagin.

O 'renascer' do cinema

A indústria cinematográfica vive um momento delicado. Com retração de 30% desde 2019 e muito afetado pela pandemia, o cinema ainda vê dias ruins, mesmo diante de sucessos imensos como "Divertida Mente 2", que já passou do US$ 1,4 bilhão em bilheteria e "Deadpool & Wolverine", que já é a maior abertura do ano e segue em cartaz. A recuperação é lenta, mas depois de sucessos como "Barbie" e "Oppenheimer", que levaram milhares de brasileiros de volta às salas, o cenário parece mais promissor.

Pagin acredita que o "renascer" do cinema vai chegar no Brasil em breve, ainda que o país enfrente muitos desafios de distribuição dos filmes em cartaz. Enquanto os Estados Unidos contam com uma sala para cada 8 mil habitantes, o Brasil tem uma para cada 40 mil. 

"O mercado de cinema é muito perecível. Poucos filmes duram muito tempo em cartaz, inclusive os principais do ano, e ainda disputamos com outros lançamentos gigantes que ocupam muitas salas. O negócio é que não tem espaço para todo mundo, então o investimento tem de ser muito certeiro. É um jogo que não soma 100, não temos oferta para todas as pessoas que gostariam de ir ao cinema", explica Pagin. "Mas eu acredito que este ano a indústria vai renascer mais forte, dadas todas as estreias e a mudança de comportamento das pessoas. A Diamond sem dúvidas vai fazer parte disso".

De Cannes para o Brasil: 10 filmes que chegam nos próximos meses

Com exclusividade à EXAME, a Diamond adiantou dez lançamentos que chegam ao Brasil, negociados diretamente do 77º Festival de Cinema de Cannes. Veja abaixo os títulos:

The Smashing Machine

"A Máquina de Esmagamento", em tradução livre. Depois de "Guerra Civil", essa é uma das maiores produções da A24, estrelada pelo The Rock e Emily Blunt ("Oppenheimer") e dirirgido por Ben Safdie ("Joias Brutas"). O próprio ator comprou os direitos da história para produzir o filme e entrou em contato com a produtora para que eles fossem os responsáveis pela distribuição nos cinemas americanos.

O filme faz um retrato biográfico sobre o ex-lutador e artista marcial Mark Kerr.

Entertainment System is Down

"O sistema de entretenimento está ruindo", em tradução livre. Do premiado diretor de "Triangulo da Tristeza", Ruben Ostlund. Título será encabeçado por Keanu Reeves ("John Wick)"e Kirsten Dunst ("Homem-Aranha"). Segundo a Variety, o filme será "um estudo de como os seres humanos interagem neste pequeno laboratório que é um avião” e “irá observar como os seres humanos modernos são destruídos sob estas circunstâncias.”

I Play Rocky

"Eu interpreto Rocky", em tradução livre. Filme será um novo projeto sobre o longa vencedor do Oscar "Rocky", de Sylvester Stallone. Peter Farrelly ("Green Book") dirige a partir de um roteiro de Peter Gamble.

I Want Your Sex

"Eu quero seu sexo", em tradução livre. Gregg Araki ("Estrada para Lugar Nenhum") dirigirá Olivia Wilde ("O Preço do Amanhã") no thriller erótico ambientado no mundo da arte.

Flash of the Gods

"Carne dos deuses", em tradução livre. Estrelado por Kristen Stewart ("Homem-Aranha") e Oscar Isaac ("Star Wars"), com direção de Panos Cosmatos ("Mandy - Sede de Vingança"), filme aborda um casal que vive em Los Angeles nos anos 1980, Raoul e Alex, um casal glamoroso que vive uma existência monótona. Um encontro casual com vampiros sensuais, no entanto, oferece a eles uma chance de liberdade.

Keeper

"Para manter", em tradução livre. Interpretado por Tatiana Maslany ("Orphan Black") e dirigido por Osgood Perkins ("Longlegs"), filme conta a história de um casal foge para um fim de semana romântico de aniversário em uma cabana isolada, mas eles se encontram na presença de um mal indizível que revela os segredos horripilantes da cabana.

Sunny Dancer

"Dançarino do Verão", em tradução livre. Estrelado por Bella Ramsey ("The Last Of Us" - "Game of Thrones"), Ruby Stokes ("Una") e Louis Partridge ("Enola Holmes 2"), com direção de George Jaques ("The Serpent Queen"), conta a história de Ivy, uma adolescente sobrevivente de câncer que é forçada por seus pais a participar do "Children Run Free Camp", um retiro de verão para jovens pacientes com a doença.

Huntington

"Caçando", em tradução livre. Estrelado por Glen Powell ("Todos Menos Você"), Margaret Qualley ("Era uma Vez em Hollywood") e Ed Harris ("O Show de Truman"), com direção de John Patton Ford ("Emily the Criminal"). Conta a história de um homem que trama um plano de assassinato para herdar a riqueza de sua família.

Solo Mio

"Só meu", em tradução livre. Estrelado por Kevin James ("Professor Peso Pesado") e dirigido por Charles Kinnane e Daniel Kinnane. Conta a história de Matt, que é abandonado no altar na Itália por sua noiva e decide ir para a lua de mel sozinho.

*Os nomes ainda estão em inglês, sem tradução oficial para o português brasileiro. Ainda não há data de estreia oficial. As sinopses não são oficiais.

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