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Agricultor encontra tesouro supervalioso no quintal

Objeto semelhante, de mais de 4.500 anos, foi leiloado por 57 milhões de dólares; estátua descoberta representa deusa do amor e da beleza dos antigos cananeus

Deusa Anat, dos antigos cananeus: estátua da mesma época foi vendida por US$ 57 milhões (divulgação/Divulgação)

Deusa Anat, dos antigos cananeus: estátua da mesma época foi vendida por US$ 57 milhões (divulgação/Divulgação)

CA

Carla Aranha

Publicado em 30 de abril de 2022 às 15h00.

Última atualização em 30 de abril de 2022 às 15h01.

Um agricultor da faixa de Gaza, na Palestina, encontrou um objeto inusitado (e de valor inestimável, segundo as autorides locais) enquanto arava a terra de seu sítio, onde mora. Nidal Abu Eid contou que de repente notou algo estranho. Ele viu a ponta de uma estátua de calcário e decidiu averiguar o que era. Depois de tirar o objeto do chão, o agricultor se deu conta que segurava a cabeça de uma estátua com uma serpente e inscrições em uma língua diferente. O objeto, de 4.500 anos, não tem preço. "No começo, pensei em vender para ganhar um bom dinheiro, mas um arqueólogo me disse que tinha grande valor histórico e deveria estar num museu", disse Eid.

Esculturas tão antigas costumam ser vendidas em leilões internacionais por dezenas de milhões de dólares -- extremamente raras e de imensa importância histórica, apenas muito de vez em quando aparecem no mercado mundial de arte. Em 2007, a casa de leilões Sotheby´s vendeu uma estatueta de 5 mil anos da antiga Mesopotâmia (atual Iraque) por 57 milhões de dólares. A escultura é considerada um dos raros artefatos desse período e local, considerado o berço da civilização, que estã em mãos particulares.

O agricultor palestino decidiu tomar outro caminho. Depois de mostrar o objeto para especialistas do Ministério de Antiguidade e Turismo de Gaza e ser informado sobre a importãncia da descoberta, resolveu doar o artefato aos arqueólogos. "A estátua documenta a história do povo palestino e sua origens cananita", disse durante uma coletiva de imprensa nesta quarta, dia 27. A escultura, da deusa Anat, está em exibição no pequeno museu Wasr al-Basha, de Gaza, mas deverá ser transferida para um local maior nos próximos dias. 

Anat era a figura mitológica da beleza, do amor e da guerra para os antigos cananeus, povo que habitava Cannã, situada hoje no território da Palestina e Israel, além de parte da Jordânia e Líbano. Atena, a deusa grega, possui características semelhantes e por isso, segundo os arqueológicos, acredita-se que tenha origem no mito de Anat. "Ambas eram retratadas com serpentes e compartilham outros pontos em comum" diz Jamal Abu Rida, diretor do Ministério de Turismo e Antiguidades de Gaza.

Os cananeus costumavam guardar representações de suas divindades dentro dos templos. Como muitos foram destruídos após sucessivas invasões na Antiguidade, encontrar restos de estátuas de deuses é considerado algo bastante raro, segundo os arqueológos. "Estamos orgulhosos que a escultura está aqui desde os tempos dos cananeus, nossos ancestrais", disse Eid.

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