Sócios-fundadores da Appmax, que surgiu em 2018 (Appmax/Divulgação)
Gabriel Aguiar
Publicado em 8 de abril de 2021 às 14h13.
Última atualização em 8 de abril de 2021 às 20h05.
É difícil não pensar em automatização de processos quando se fala de fintechs. Só que a startup gaúcha Appmax aposta pelo contrário: humanizar o contato com clientes e vale até a técnica old school de ligar para reverter a desistência de quem chegou até o carrinho de compras do e-commerce. E deu certo, porque, já no primeiro ano, foram processados 150 milhões de reais (e 35% foram por televendas).
De acordo com Betina Wecker, diretora de operações e sócia-fundadora da empresa, esse atendimento garante aumento de até 55% das vendas. “Nós entendemos que é importante aumentar o faturamento dos nossos clientes. Não adianta colocar uma solução completamente automatizada, mas que dá falsos positivos de fraude. E o computador não sabe exatamente o que o consumidor quer”, diz.
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Por isso, a plataforma optou pelo sistema antifraude híbrido, que liga para os compradores com pedidos recusados pela operação automática e realiza manualmente o cruzamento de dados para verificar qual foi o motivo da suspeita (que inclui erros de digitação). Com o método, a taxa de negativas, que chega a ser de 35% no sistema mais comum de meios de pagamento do mercado, reduziu para apenas 10%.
De 2018 para cá, a empresa, que começou com dois irmãos, saltou para 328 funcionários e, deste total, 113 foram contratos desde o início de 2021. “De cara, já pegamos um escritório para 50 pessoas porque a gente sabia o negócio daria certo ou daria certo”, afirma a sócia. Ainda para este ano, a previsão é de praticamente dobrar o quadro de funcionários – a maioria com regime de contrato CLT.
“Normalmente as startups preferem contratar com regime PJ pelo risco do negócio. Mas, desde o início, a gente apostava muito no nosso modelo. E, apesar de a contratação por PJ reduzir os impactos e riscos de custos, a CLT garante mais segurança para os funcionários. Temos uma liderança muito próxima dos nossos colaboradores. E queremos continuar assim para as próximas contratações”, diz.
No último mês, a Appmax fechou o melhor período da história, com 145% de aumento em comparação a março do ano passado. Em relação aos meses de outubro a dezembro de 2020, o crescimento foi de 40% no primeiro trimestre de 2021. E, segundo Betina Wecker, a previsão é de que o faturamento dobre neste ano, com estimativa para movimentar 1 bilhão de reais em valores na plataforma.
Também está nos planos da fintech abrir uma rodada de investimentos de 100 milhões de reais para incrementar as áreas de tecnologia, marketing e comercial .Por enquanto, o valuation não está definido, só que já está sendo elaborado em conjunto com a Endeavor, uma rede de apoio a empreendedores.
Neste momento, a sociedade é formada pela diretora de operações junto ao irmão, Marcos Wecker – que é diretor executivo –, e o sócio Gustavo Krüger. “Estamos no começo das análises de investimento. Será por questão de escala e para aumentar nossa carteira de clientes. E, até agora, crescemos só com os investimentos internos e nossa empresa sempre gerou caixa”, afirma Betina Wecker.
Para os próximos passos, a executiva não descarta a possibilidade de atender marketplaces, ainda que o foco atual seja no e-commerce. “Esse é um mercado no qual temos know how, porque, antes de tudo, começamos com comércio virtual. E, por isso mesmo, temos visão das necessidades dos nossos clientes. Mas isso não significa que a gente não vislumbra atender marketplaces no futuro”, diz.