Guilherme Salgueiro, sócio do BTG Pactual, mediou painel de Judah Taub, da Hetz Ventures, e Barak Rabinowitz, da F2 Ventures, sobre o ambiente de inovação em Israel (CEO Conference Brasil/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 6 de fevereiro de 2024 às 12h50.
Última atualização em 6 de fevereiro de 2024 às 13h41.
“Tecnologia é a nossa alavanca, é o nosso equalizador, é como nós mantemos um país seguro”. A afirmação é de Judah Taub, sócio-gerente do Hetz Ventures, um fundo de venture capital de Israel que investe em startups em estágios iniciais.
Segundo o executivo, a guerra com o Hamas, em curso desde 8 de outubro do ano passado, deve desencadear uma transformação no ecossistema de inovação do país, conhecido como a “Nação das Startups”.
O pequeno território de 10 milhões de habitantes é a casa de pouco mais de 6.000 startups. Mais de 90 tem o status de unicórnio, denominação para aquelas que atingem um valuation acima de US$ 1 bilhão de dólares.
“Grande parte da tecnologia israelense vem das Forças Armadas e Israel nunca investiu tanto como nos últimos três meses”, disse Taub. O gestor participou de um painel da CEO Conference Brasil 2024, evento promovido pelo BTG Pactual (do mesmo grupo que controla a EXAME).
“Eles acabaram de anunciar mais de US$ 200 bilhões que serão investidos ao longo de três anos e, naturalmente, isso naturalmente tornará o ecossistema muito melhor”. Taub fala com conhecimento de causa, ele é ex-oficial de uma unidade de inteligência secreta nas Forças de Defesa de Israel, onde ficou por cinco anos.
O investimento em tecnologia por Israel começou como um mecanismo de defesa e proteção contra eventuais ataques dos seus vizinhos. Com o passar dos anos, as soluções saíram do poder restrito do estado para o mundo dos negócios.
Assim, o universo de inovação do país já trafegou por mercados como semicondutores e equipamentos de Telecom, em uma primeira fase, avançou pelo setor de software, com cibersegurança, e agora investe cada vez mais em inteligência artificial. Atualmente, o setor de tecnologia representa cerca de 20% do PIB e quase 40% das exportações do país.
“Nós não vendemos pensamos apenas para o mercado local, mas sim para os Estados Unidos e o restante do mundo”, afirma Barak Rabinowitz, sócio-gerente da F2 Ventures. Desde 2016 no mercado, o fundo procura apoiar fundadores com projetos ainda embrionários e ajudar no desenvolvimento da tese e na descoberta dos setores para ganho de escala.
Um dos efeitos da guerra para uma investida no portfólio da F2 Ventures foi na mudança de velocidade. A startup desenvolve um recurso anti-drone há quatro anos, mas o negócio não conseguia andar devido a questões burocráticas do governo e das forças armadas.
Na sequência ao ataque do Hamas, os fundadores começaram a receber ligações das autoridades de Israel.
“‘Precisamos da sua solução e agora’, eles diziam. Assim, a empresa passou de US$ 0 em receita para US$ 10 bilhões”, afirma Rabinowitz.
Segundo ele, a startup já tem pedidos das forças militares dos Estados Unidos. A expectativa, porém, é de que as soluções, assim como outras no passado, transcendam o uso militar.
“Isso pode ser reaproveitado para detectar linhas de energia, linhas elétricas e cabos para a indústria da construção.Veremos não apenas a tecnologia de defesa, mas também a passagem para outros setores”, diz.
“No nosso portfólio, estamos falando de 20% a 25%, e isso caiu gradualmente até onde estamos agora, 7% a 8%. E meu palpite é que haverá uma cauda longa”, afirma Taub, da Hetz Ventures.
Segundo Rabinowitz, apesar do retorno gradual das pessoas aos escritórios, um impacto relevante nas contas das empresas ainda deve ser sentido neste primeiro trimestre.