Ian Faria e André Simões, da Mecanizou: faturamento cresceu 10 vezes em 2022 (Mecanizou/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 21 de março de 2023 às 08h59.
Última atualização em 21 de março de 2023 às 13h26.
O brasileiro é apaixonado por carros, mas tem uma relação complexa e arrastada com oficinas mecânicas. De cara, já imagina problemas e altos custos. Ian Faria e André Simões visitaram mais de 70 oficinas e viram uma oportunidade: facilitar a vida dos mecânicos a partir da digitalização.
Juntos, fundaram a Mecanizou, startup que acaba de receber um aporte de US$ 14,5 milhões (cerca R$ 76 milhões).
A rodada série A foi liderada pela monashees e teve participação de Alexia Ventures, FJ Labs e Dalus Capital. Em janeiro em 2022, em rodada seed, o negócio já tinha obtido US$ 4 milhões, outra vez com a Monashees no comando.
A startup criou uma plataforma, via browser ou app, para digitalizar a relação entre oficinas e mercado de autopeças. O mecânico entra na ferramenta, procura pela peça que precisa e o sistema retorna com as opções. A compra é feita na própria ferramenta e, em menos de uma hora, na média, o pedido é entregue.
O serviço reúne mais de 200 fornecedores, responsáveis por um estoque de 700 mil peças. Do outro lado, estão mais de 1000 oficinas. Para elas, o serviço é gratuito, a startup ganha uma comissão em cima das vendas. A fórmula clássica do marketplace.
Um estudo da Mckinsey divulgado em 2021 estimava o mercado de reposição de autopeças em 100 bilhões de reais no país.
Os cofundadores trabalharam juntos nos primórdios da Clickbus. Faria continuou na área automotiva, passou pelas mexicanas iVoy e Kavak, e quando decidiu empreender, chamou o amigo, com experiências em desenvolvimento de produtos na Enjoei e Quero Educação.
Como objetivo, trabalhar com a chamada “economia real” e com propósito, uma decisão que Faria tomou após uma perda familiar.
O conhecimento do mercado automotivo os levou a olhar como atender as dores do elo mais importante e frágil da cadeia, o mecânico. Ele é a conexão entre fabricantes de peça, distribuidores e varejistas e os donos dos veículos.
Encontraram um ambiente caótico, sem automação. “Antigamente, ele ligava e compra a peça. Agora, a única mudança era que usava o WhatsApp”, afirma Faria. Um método que pode gerar problemas relacionados à localização das peças, à compra do item adequado para cada modelo, tempo de entrega e contato com vários distribuidores até a compra.
A startup começou em uma casa de cerca de 80 metros quadrados, a “casinha”, em meados de 2021, em Santana, bairro da zona norte de São Paulo. Quase dois anos depois, o negócio está em um espaço maior, 700 metros quadrados, divididos em dois andares e com mais de 110 funcionários, espalhados pelo país e em modelo híbrido. Em 2022, o negócio cresceu 10 vezes sobre o faturamento de 2021, que partiu de uma base menor de meses.
A próxima mudança na rotina da startup é a abrangência do serviço. Desde o início da operação, a Mecanizou concentrou a oferta de serviços na zona norte, e agora inicia a expansão por regiões como o ABC e Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo.
Os novos recursos irão para ajudar a integrar e conectar essas novas pontas. “Nós teremos muito investimento em tecnologia para que a gente consiga ter três milhões, quatro milhões ou cinco milhões de peças. Queremos manter experiência operacional da expansão, estando perto das oficinas”, diz Faria.
Está no radar também a inclusão de novos serviços. Com o modelo de ecossistema, a startup quer atuar também com gestor financeiro, plugando serviços que contribuam com o dia a dia dos profissionais e das oficinas.