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Polos EAD: a nova aposta da Quero Educação para se aproximar de faculdades

Com as baixas no ensino superior causadas pela pandemia, a startup criou um novo produto focado no ensino remoto

CI

2 de julho de 2021 às 17:23

Com a pandemia impulsionando a popularização dos cursos online, a startup brasileira Quero Educação viu uma oportunidade para entrar em uma nova área de atuação: polos de ensino à distância (EAD). A empresa, famosa por seu marketplace de bolsas de estudo, investe desde o final do ano passado na construção de espaços físicos que possam ser compartilhados por estudantes de diferentes faculdades. Em oito meses, já lançou 29 unidades em 19 capitais do país.

A ideia da Quero Educação é ajudar as faculdades regionais a ampliar a atuação do seu EAD. Hoje, a legislação brasileira exige que cada instituição de ensino ofereça aos alunos das graduações remotas um local físico na cidade para fazer provas, usar laboratórios e entregar documentos. Como construir essa infraestrutura é difícil, muitas instituições restringem seus cursos a distância aos estudantes da mesma cidade. Com os polos da startup, essas faculdades poderiam captar alunos de diferentes regiões.

Hoje, seis faculdades já aderiram ao modelo, entre elas a Univates, do Rio Grande do Sul, e a UNIFCV, do Paraná. A Quero Educação não cobra pela entrada nos polos, mas exige uma comissão que varia entre 30% e 50% a cada mensalidade dos estudantes matriculados pela sua infraestrutura. “Não estávamos pensando nesse projeto até a pandemia abrir nossos olhos, vimos muitas faculdades com tradição no ensino presencial com dificuldade de captação no EAD”, diz ao EXAME IN Marcelo Lima, diretor de relações institucionais da Quero Educação.

Marcelo Lima, diretor de relações institucionais da Quero Educação (Quero Educação)

Para a empresa, o novo produto é uma forma de ampliar as receitas durante um período instável para o ensino privado. Com a pandemia, as matrículas do ensino superior diminuíram no Brasil. A queda foi de 38% no segundo semestre de 2020 e de 25% no primeiro semestre de 2021, segundo levantamento do Instituto Semesp. Sem conseguir trazer o mesmo número de alunos para as instituições, a startup perdeu parte das comissões que compunham sua receita. Os desafios operacionais resultaram na diminuição do time, que passou de cerca de 800 pessoas no começo de 2020 para 350 em 2021.

As demissões foram um baque para a companhia, que foi criada em 2012 pelos sócios Bernardo Pádua, Lucas Gomes e Renata Rebocho, e é um caso raro no mercado de startups: dá lucro desde 2013. O seu principal produto, o Quero Bolsa, já foi usado por mais de 850.000 alunos e tem mais de 10.000 instituições parceiras no ensino superior e ensino básico. Antes da pandemia, em janeiro de 2020, a Quero Educação estava investindo em expansão e havia comprado a operação brasileira da empresa de marketing americana QuinStreet, especializada em marketing de performance.

De lá para cá, muita coisa mudou no dia a dia da startup. Hoje, além dos polos EAD, a Quero diversifica sua atuação com outros produtos enquanto o mercado de ensino privado não volta aos patamares de 2019. Uma das iniciativas lançadas foi um vestibular único para as universidades privadas, batizado de Penem. O processo seletivo, que pode ser feito digitalmente e de graça, é uma alternativa para universidades que não querem investir no desenvolvimento de métodos de avaliação digitais próprios. Algumas instituições que já aderiram são FAM, Universidade Potiguar, Unisa, Católica de Santa Catarina. No primeiro trimestre de 2021, a prova foi feita por 160.000 alunos.

Com os novos produtos, a empresa encara 2021 como um ano de reconstrução do negócio. O avanço da vacinação no país deixa os sócios confiantes de que no próximo verão, com mais jovens imunizados, parte da demanda reprimida no ensino superior voltará, especialmente nos cursos que não podem ser feitos de maneira online, como medicina.

Mesmo diante desse cenário, os investimentos nos polos EAD continuam, já que a pandemia ajudou a quebrar preconceitos contra essa modalidade de ensino no país. Antes da crise sanitária, 65% dos alunos de cursos fortes no presencial, como enfermagem, direito e engenharia, consideravam a sala de aula insubstituível, segundo uma pesquisa da consultoria Atmã Educar, especializada no setor. No fim de 2020, essa fatia caiu para 43% dos estudantes.

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