Daniel Scandian, do MadeiraMadeira: "nós estamos muito focados em criar esse ecossistema de casa” (MadeiraMadeira/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 7 de fevereiro de 2024 às 09h30.
Última atualização em 7 de fevereiro de 2024 às 12h00.
A MadeiraMadeira está prestes a completar 15 anos, mas está de olho nos próximos 15 anos. Esse é o discurso que apoia a reestruturação pela qual a startup de móveis e produtos para casa está passando.
As mudanças incluem a demissão de 10% do time atual de 2.000 pessoas e a contratação de executivos com anos de atuação em grandes companhias de mercado. Nos últimos 18 meses, esse é o terceiro corte na startup, uma redução de quadro que supera o número de 250 profissionais.
A movimentação é parte de processo que os sócios-fundadores começaram a desenvolver há 1 ano e meio, olhando para a gestão do negócio e para o aumento da eficiência.
“Nós pensamos muito no longo prazo, em como construir uma empresa centenária e que vá muito além dos fundadores”, afirma Daniel Scandian, CEO de MadeiraMadeira. O executivo fundou o negócio em 2009, ao lado do irmão Marcelo Scandian e do amigo Robson Privado.
De acordo com ele, a operação não tem problema financeiro e cerca de 80% do valor captado na última rodada, no começo de 2021, ainda continua intocado.
Na ocasião, quando a MadeiraMadeira recebeu o valuation de US$ 1 bilhão, o aporte foi de US$ 190 milhões, em uma rodada série E liderada pelo SoftBank e pelo Dynamo.
O novo desenho busca fazer com que a empresa ganhe mais agilidade para escalar o negócio com maior velocidade - até por outros países. Segundo o sócio-fundador, a estrutura da startup estava engessada e com sobreposição de camadas entre as áreas.
“Nós fizemos com que a organização ficasse mais flat (plana). Com isso, ficamos mais rápidos, ágeis, a comunicação flui melhor e conseguimos, inclusive, dar mais autonomia e entender melhor as prioridades”, diz.
As mudanças, com redução do time e chegada de profissionais de mercado, miram não só a preparação para os grandes movimentos no longo prazo, mas ajustar a rota e fechar gargalos operacionais.
Em 2023, o MadeiraMadeira ganhou participação de mercado, segundo informação da própria empresa, a partir de dados da Ebit. A startup fundada em Curitiba, no Paraná, teria alcançado a sua maior representatividade em 15 anos, 26,37% das vendas online do setor de móveis.
Mas ficou com aquele gosto de quem ganhou e não levou. O crescimento ficou abaixo do duplo dígito, uma expectativa que a marca transportou para este ano. Além disso, as lojas físicas - um projeto com pouco mais de 2 anos e que chegou a superar a barreira de 100 unidades em janeiro de 2023 - minguaram para 60 atualmente.
“Além de termos errado em pontos, nós pegamos uma contração muito forte, principalmente no varejo físico, e aluguéis que não estavam no padrão”, diz Scandian.
Os números refletem também um mercado cambaleante e ressaqueado nos últimos 18 meses, após um período de expansão na pandemia.
No período, redes como a Etna anunciaram o encerramento das atividades e a TokStok reduziu as operações enquanto procura novas saídas para reestruturar o negócio.
Até por isso, 2024 é percebido como ano para trazer resultado com eficiência. “Nós precisamos crescer cada vez mais saudável, até porque precisamos ter disciplina com o nosso caixa”, diz o executivo. Ou seja, os profissionais que entram na empresa já tem muito com o que colaborar.
Na lista, estão:
De acordo com o CEO, a procura foi por profissionais que compartilhassem uma visão de longo prazo para o negócio e com disposição para acompanhar os novos rumos do negócio. Um deles, ainda sem data, é a internacionalização. “Eu diria que está no nosso horizonte de dois a três anos”.
Enquanto isso não sai do papel, os profissionais têm como objetivo contribuir para ambições mais prementes da startup, em busca de tornar um “superapp”.
Para este ano, a MadeiraMadeira quer ampliar o leque de itens na plataforma em 2 milhões, chegando a 5 milhões no total. A expansão deve contar com o incremento de produtos com maior valor agregado. Uma demanda do consumidor, segundo a empresa, mas com o potencial de contribuir para melhora das margens do negócio, impactadas pelo aumento recente de impostos.
Em outra frente, a startup procura consolidar a oferta de serviços, como montagens, limpezas diversas e instalação de piso, uma unidade na qual entrou em 2022 após adquirir a plataforma IguanaFix. A operação cresceu 600% no ano passado contra 2022 e a expectativa é de que avance no mesmo ritmo em 2024.
“Nós estamos muito focados em criar esse ecossistema de casa”, afirma Scandian. Para chegar lá, novas aquisições podem estar a caminho. "Estamos animados para continuar construindo esse quebra-cabeça".